Qual o sentido da vida? Complexa e sem resposta concreta, essa pergunta permeia a trajetória do jovem Christopher McCandless, que poderia se definir como um aventureiro nato, desprendido e que queria apenas experimentar uma sensação incrível de liberdade. Apesar disso, demonstra ser também, um rebelde ferido, que não consegue superar o trauma da relação de seus pais e abandona tudo o que a vida lhe deu para expurgar essa sensação de mediocridade humana que o sufoca. Ele quer o silêncio da vida ao natural. Sem dinheiro, sem vínculos, sem passado. Seu novo nome, Alexander Supertramp, já é uma brincadeira irônica, já que tramp é vagabundo em inglês.
![Cartaz de Na Natureza Selvagem Cartaz de Na Natureza Selvagem](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgin8l3EWfPq1CbIb4GpZnx2Px2g9aYMANyeKsYRZOO3x6lD40GZUwG3UQfEu0sXdc4GJEYsfiI0yMd0NBNu8xJHhnQedMpLYM_7rmL764jqX6WUiqz8y7zAXw6r1c1A_1Tg8F89zxrghw/s320/poster1.jpg)
Em Na Natureza Selvagem, Sean Penn, que além de dirigir, assina o roteiro do filme, conta essa história de uma maneira bem instigante e funcional. Misturando as épocas, tendo como base o ônibus abandonado onde Chris passou os últimos dias de sua vida, tenta reconstruir essa aventura que aos olhos de muitos pode parecer uma grande maluquice. Afinal, quem largaria o conforto de uma vida urbana, bem resolvida da classe média, com uma vaga em uma universidade, um carro novo e um futuro promissor para se embrenhar no meio do mato? As lições de vida e os questionamentos que esse menino faz nos levam a pensar em nossas vidas, na futilidade de muitas coisas que nos parecem essenciais e no verdadeiro sentido de estarmos nesse planeta.
A vida de Christopher McCandless e o filme de Sean Pean são pura filosofia. E das boas, pois toca em assuntos como liberdade, felicidade, sentido da vida, relações humanas, traumas familiares e natureza selvagem. A interpretação de Emile Hirsch e do elenco de apoio ajuda nessa construção, tornando tudo bastante real e profundo. Destaque para participação de Kristen Stewart, a Bella Swan de
Crepúsculo, como uma cantora de beira de estrada.
![Hal Holbrook e Emile Hirsch Hal Holbrook e Emile Hirsch](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFeA7au9VWnvyVwndSP_M_rBtoWTrq1P6xpxUTemMSqRuftUTp5N_Cx-WJbIxESqPLDdb7tsQOn2r4u0HSa4ki11dqPSiI8Z_ak1ZydFW1_wQeBv_PnmiyoyPVI1DSqOlL0FM27jndsxk/s320/into_l.jpg)
Chris fala para um de seus novos amigos ao se despedir: "Mas, se engana se acha que a alegria de viver vem principalmente das relações humanas. Deus colocou-a a nosso redor. Está em tudo que possamos experimentar. As pessoas apenas precisam mudar a maneira como olham para essas coisas." E o amigo lhe diz que é para ele pensar em tudo que lhe aconteceu, em seus pais e para perdoar, pois "quem perdoa, ama. E quando se ama, a luz de Deus nos ilumina". É impressionante como o ser humano consegue machucar uns aos outros. E como é difícil perdoar algumas coisas que consideramos mais profundas. Mas, tudo isso se torna tão pequeno diante de momentos cruciais da nossa existência. Esse
road movie é mais do que história e entretenimento, é
material para se pensar. E muito.