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Quem é essa mulher?
Quem é essa mulher?
No Dia das Mães pensei em resgatar as grandes mães do cinema ou filmes que pudessem representar esse imenso amor incondicional. Lembro agora da frase de Chico Xavier ao personagem de Tony Ramos que diz para ele transmitir a sua esposa que o amor de mãe é tão grande que mesmo tendo morrido quando ele tinha cinco anos, sua mãe continuava o acompanhando. Tantos exemplos poderiam ser dos mais tristes aos mais alegres como o musical Mamma Mia!. Mas, resolvi homenagear aqui uma mulher real, que ficou conhecida nesse país por sua luta e desespero para encontrar seu filho sumido.
Zuzu Angel era uma estilista conhecida no Brasil que começava a fazer sucesso nos Estados Unidos quando sua vida mudou drasticamente. Seu filho Stuart Angel Jones foi preso, torturado e morto pela ditadura militar, mas a verdade só foi aparecendo aos poucos, após muita luta e desespero dessa mãe incansável. Zuzu Angel jamais se conformaria com desculpas escusas nem com ameaças. Ela precisava mostrar ao mundo sua dor. Com muitas cartas a jornais e à classe artística, conseguiu apoios importantes como a anistia internacional e o compositor Chico Buarque de Holanda. Sua história merece sempre ser relembrada para que nunca esqueçamos o que aconteceu nesse país.
Por isso, o filme de Sérgio Resende de 2006 é válido, como homenagem e denúncia. Infelizmente, o diretor de Salve Geral e Canudos não acertou suficientemente a mão e seu longametragem não conquistou a atenção que sua protagonista merecia. Zuzu Angel poderia ser o nosso A Troca. Os mesmos elementos estão ali, uma mãe desesperada em busca de seu filho, um sistema opressor omitindo a realidade e querendo fazê-la de louca, um homem tentando ajudá-la. Se Clint Eastwood dirigisse Zuzu poderíamos ter um filme explêndido.
Os problemas começam na construção do roteiro, de autoria do próprio diretor, bastante picotado com uma narrativa não linear e a voz over de Patrícia Pillar costurando a história. O filme perde a força da busca. Vemos recortes quase como esquetes de uma vida fragmentada pela dor, mas não conseguimos nos envolver nessa dor ao ponto de nos prendermos ao drama porque no mesmo momento que vemos Daniel Oliveira pendurado em um pau de arara, o vemos sorrindo deitado em seu sofá, ou o personagem pequeno brigando com os coleguinhas que chamaram sua mãe desquitada de vagabunda.
A dor daquela mulher perde e retoma o foco na construção confusa e nos dispersa em vários momentos, apesar de algumas sequências memoráveis como a de Elke Maravilha cantando em uma boate com Luana Piovani, que interpreta a atriz no filme, traduzindo a música-denúncia para Zuzu Angel. Ou ainda as fortes cenas de tortura e o desfile em Nova York após a descoberta do que aconteceu ao filho da estilista. Algumas cenas soam estranhas e desnecessárias, sendo no geral o filme muito aquém do que poderia diante do argumento.
Palmas para Patrícia Pillar que soube interpretar muito bem a dor daquela mulher que como dizia a música de Chico "só queria embalar seu filho que mora na escuridão do mar".
Para finalizar, um vídeo com a música Angélica, composição de Chico Buarque para a estilista. Uma homenagem a todas as mães que dariam a sua vida pelo seu filho.
Zuzu Angel era uma estilista conhecida no Brasil que começava a fazer sucesso nos Estados Unidos quando sua vida mudou drasticamente. Seu filho Stuart Angel Jones foi preso, torturado e morto pela ditadura militar, mas a verdade só foi aparecendo aos poucos, após muita luta e desespero dessa mãe incansável. Zuzu Angel jamais se conformaria com desculpas escusas nem com ameaças. Ela precisava mostrar ao mundo sua dor. Com muitas cartas a jornais e à classe artística, conseguiu apoios importantes como a anistia internacional e o compositor Chico Buarque de Holanda. Sua história merece sempre ser relembrada para que nunca esqueçamos o que aconteceu nesse país.
Por isso, o filme de Sérgio Resende de 2006 é válido, como homenagem e denúncia. Infelizmente, o diretor de Salve Geral e Canudos não acertou suficientemente a mão e seu longametragem não conquistou a atenção que sua protagonista merecia. Zuzu Angel poderia ser o nosso A Troca. Os mesmos elementos estão ali, uma mãe desesperada em busca de seu filho, um sistema opressor omitindo a realidade e querendo fazê-la de louca, um homem tentando ajudá-la. Se Clint Eastwood dirigisse Zuzu poderíamos ter um filme explêndido.
Os problemas começam na construção do roteiro, de autoria do próprio diretor, bastante picotado com uma narrativa não linear e a voz over de Patrícia Pillar costurando a história. O filme perde a força da busca. Vemos recortes quase como esquetes de uma vida fragmentada pela dor, mas não conseguimos nos envolver nessa dor ao ponto de nos prendermos ao drama porque no mesmo momento que vemos Daniel Oliveira pendurado em um pau de arara, o vemos sorrindo deitado em seu sofá, ou o personagem pequeno brigando com os coleguinhas que chamaram sua mãe desquitada de vagabunda.
A dor daquela mulher perde e retoma o foco na construção confusa e nos dispersa em vários momentos, apesar de algumas sequências memoráveis como a de Elke Maravilha cantando em uma boate com Luana Piovani, que interpreta a atriz no filme, traduzindo a música-denúncia para Zuzu Angel. Ou ainda as fortes cenas de tortura e o desfile em Nova York após a descoberta do que aconteceu ao filho da estilista. Algumas cenas soam estranhas e desnecessárias, sendo no geral o filme muito aquém do que poderia diante do argumento.
Palmas para Patrícia Pillar que soube interpretar muito bem a dor daquela mulher que como dizia a música de Chico "só queria embalar seu filho que mora na escuridão do mar".
Para finalizar, um vídeo com a música Angélica, composição de Chico Buarque para a estilista. Uma homenagem a todas as mães que dariam a sua vida pelo seu filho.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Quem é essa mulher?
2010-05-09T09:44:00-03:00
Amanda Aouad
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