Kung fu (ops) Karatê Kid
Bom, a piada no título é óbvia, afinal nada mais esquisito do que assistir a um filme que tem o nome de Karatê Kid se passando na China com um garoto aprendendo Kung Fu. Claro que os produtores quiseram relacionar à franquia dos anos 80, até porque o roteiro é uma adaptação da história original. Além disso, existe uma série de televisão chamada Kung Fu Kids, que nada tem a ver com o filme de Harald Zwart. Mas, mesmo entendendo tudo isso, não deixa de soar muito estranho. De qualquer forma é um filme que diverte e funciona como sessão de domingo com a família.
Já vi verdadeiras campanhas na internet contra esse filme, a mais emblemática é cinco motivos para não assistir Karatê Kid, mas o roteiro de Michael Soccio não chega a destruir o mito. É uma adaptação e, como todas, tem mudanças significativas, a começar, claro, pelo local. A China e seus costumes são diferentes do Japão (ou de um japonês nos Estados Unidos), e em 2010, a cultura pop também é diferente dos anos 80. Trazer a história para uma criança de 12 anos pode soar estranho, mas no meu ver funcionou. Apesar do exagero de crueldade dos garotos e seu treinador, da paixonite aguda da garotinha Mei Ying e do Xiao Dre (pequeno Dre em chinês substituindo o Daniel San), além do comportamento do zelador Han.
As cenas do torneio são esquemáticas, mas também, eles não poderiam se ater a cada luta com cuidado excessivo, ficaria maçante. Uma coisa importante para não achar a desenvoltura do americano mentirosa demais é lembrar que, no início do filme Dre diz treinar ginástica olímpica, então, ele tem habilidades diferentes de um garoto normal. Agora, o esqueleto dramático é o mesmo. Garoto chega em cidade estranha, vira alvo de grupo de lutadores de arte marcial, passa a ser treinado por um mestre digamos "excêntrico", participa de um torneio e, bom, já falei demais. O fato é que apesar de China e Kung Fu, é uma refilmagem.
Agora, Jackie Chan jamais será um Noriyuki "Pat" Morita. O nosso Sr. Miyagi era o estereótipo do mestre oriental, inclusive na sua aparência física. O zelador Han é apenas um chinês que aprendeu a lendária luta da forma tradicional, de pai para filho, e é assim que ele ensinará seu discípulo. Além disso, Chan tem o estereótipo de seus filmes de ação e não conseguimos acreditar nele como mestre de uma sabedoria milenar. Isso prejudica um pouco a leitura, mas o garoto Jaden Smith não nega o sangue, se saindo muito bem em cenas de drama ou humor. A química acaba sendo interessante, principalmente na cena do carro.
Quanto às polêmicas cenas da mosca e da luta com os meninos, não levemos tão a sério. Afinal, é Jack Chan, tinha que ter um pouco de humor. A cena da mosca é uma referência óbvia ao original, mas como disse, a adaptação tem suas nuanças e seria totalmente irreal Han pegar a mosca com o hashi. Já ele bater em meninos de 12 anos. Bom, em primeiro lugar não são meninos comuns, são garotos treinados, exageradamente cruéis e fortes. Verdadeiros soldados. Depois, ele não bate, apenas se defende e redireciona os golpes para que um garoto bata no outro. Então, não chega a ser covardia ou algo do gênero.
As paisagens da China ajudam a dar mais beleza ao filme como a Cidade Proibida e as Muralhas. E no início temos um recurso interessante para contar a história de Dre e sua mãe através das marcações na parede que o garoto faz a cada altura nova que atinge. O fato é que a nova versão de Karatê Kid é mais uma produção oportunista que pega carona no passado, mas, se valendo da mesma fórmula, consegue divertir a platéia. Seria melhor eles criarem uma história original? Claro. Mas tem tanta coisa pior por aí...
Já vi verdadeiras campanhas na internet contra esse filme, a mais emblemática é cinco motivos para não assistir Karatê Kid, mas o roteiro de Michael Soccio não chega a destruir o mito. É uma adaptação e, como todas, tem mudanças significativas, a começar, claro, pelo local. A China e seus costumes são diferentes do Japão (ou de um japonês nos Estados Unidos), e em 2010, a cultura pop também é diferente dos anos 80. Trazer a história para uma criança de 12 anos pode soar estranho, mas no meu ver funcionou. Apesar do exagero de crueldade dos garotos e seu treinador, da paixonite aguda da garotinha Mei Ying e do Xiao Dre (pequeno Dre em chinês substituindo o Daniel San), além do comportamento do zelador Han.
As cenas do torneio são esquemáticas, mas também, eles não poderiam se ater a cada luta com cuidado excessivo, ficaria maçante. Uma coisa importante para não achar a desenvoltura do americano mentirosa demais é lembrar que, no início do filme Dre diz treinar ginástica olímpica, então, ele tem habilidades diferentes de um garoto normal. Agora, o esqueleto dramático é o mesmo. Garoto chega em cidade estranha, vira alvo de grupo de lutadores de arte marcial, passa a ser treinado por um mestre digamos "excêntrico", participa de um torneio e, bom, já falei demais. O fato é que apesar de China e Kung Fu, é uma refilmagem.
Agora, Jackie Chan jamais será um Noriyuki "Pat" Morita. O nosso Sr. Miyagi era o estereótipo do mestre oriental, inclusive na sua aparência física. O zelador Han é apenas um chinês que aprendeu a lendária luta da forma tradicional, de pai para filho, e é assim que ele ensinará seu discípulo. Além disso, Chan tem o estereótipo de seus filmes de ação e não conseguimos acreditar nele como mestre de uma sabedoria milenar. Isso prejudica um pouco a leitura, mas o garoto Jaden Smith não nega o sangue, se saindo muito bem em cenas de drama ou humor. A química acaba sendo interessante, principalmente na cena do carro.
Quanto às polêmicas cenas da mosca e da luta com os meninos, não levemos tão a sério. Afinal, é Jack Chan, tinha que ter um pouco de humor. A cena da mosca é uma referência óbvia ao original, mas como disse, a adaptação tem suas nuanças e seria totalmente irreal Han pegar a mosca com o hashi. Já ele bater em meninos de 12 anos. Bom, em primeiro lugar não são meninos comuns, são garotos treinados, exageradamente cruéis e fortes. Verdadeiros soldados. Depois, ele não bate, apenas se defende e redireciona os golpes para que um garoto bata no outro. Então, não chega a ser covardia ou algo do gênero.
As paisagens da China ajudam a dar mais beleza ao filme como a Cidade Proibida e as Muralhas. E no início temos um recurso interessante para contar a história de Dre e sua mãe através das marcações na parede que o garoto faz a cada altura nova que atinge. O fato é que a nova versão de Karatê Kid é mais uma produção oportunista que pega carona no passado, mas, se valendo da mesma fórmula, consegue divertir a platéia. Seria melhor eles criarem uma história original? Claro. Mas tem tanta coisa pior por aí...
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Kung fu (ops) Karatê Kid
2010-08-26T08:45:00-03:00
Amanda Aouad
aventura|comedia|critica|drama|Jackie Chan|Jaden Smith|
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