![Ewan McGregor Ewan McGregor](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIJibgOHJtC_Ik3Uo0VzuRR15i9btcHsKHIamKK9QDGXqhvPs_cfOieNN_KAWNCzDL-bevYHZUT88amERq527kGylZJ1zoTlPWMIFrjP3ySuUU3070EvMLZQlqiaGfPgoiVAgSrWXXW3Y/s320/o-escritor-fantasma-01.jpg)
Finalmente assisti O Escritor Fantasma, estava devendo isso a mim mesma, afinal, apesar de todas as polêmicas envolvendo
Roman Polanski, poucos sabem compor um suspense psicológico tão bem quanto o diretor. Com elementos que lembram seus filmes anteriores, a exemplo de
O Bebê de Rosemary,
Chinatown, ou mesmo
O Pianista, Polanski nos traz um filme sobre os bastidores da política de uma forma instigante. Baseado no romance de Robert Harris, que assina o roteiro junto ao diretor, o filme é uma referência óbvia ao ex-ministro Tony Blair e seu envolvimento na guerra do Iraque. Apesar de tudo, falta algo para fechar este filme com maestria, que começa a desandar quando o protagonista entra no carro do seu antecessor e segue seus passos. Ainda assim, é um filme a ser visto e admirado.
Ewan McGregor interpreta, muito bem por sinal, um escritor sem nome que é contratado como "ghost writer" da autobiografia do ex-ministro britânico Adam Lang. Vivido por Pierce Brosnan em uma boa interpretação também, o político encontra-se em uma espécie de exílio nos Estados Unidos (como não lembrar da situação do próprio Polanski?) e enfrenta a fúria da opinião pública que o considera um assassino, pelas atitudes tomadas na guerra contra o terror. Envolvido sem querer nesse mundo de politicagem, McGregor começa a ler os manuscritos e entrevistar o ex-ministro para concluir seu trabalho que tem que ser feito em um mês.
![Pierce Brosnan e Ewan McGregor Pierce Brosnan e Ewan McGregor](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMk-fTnvRiCAysKbRmj11zyNaR3gcBr7OaCDpsmIqJZozrxDcBIb6PbrkLpqxGBDRCjYjsNGyjmlR6xsq8CB5GyyyiWeelP5RsBeqrbmFT7wB6Xe0f8spWa_RGdVllZaViSebIzLn7QPY/s320/o-escritor-fantasma-02.jpg)
Aos poucos, o "fantasma" percebe que ali não está em jogo apenas uma biografia, mas um segredo de estado que ele não tem idéia do que possa ser. Seu antecessor morrera de forma misteriosa e provavelmente descobrira algo comprometedor. A esposa de seu cliente parece uma mulher com problemas mentais, mas logo se mostra peça importante na vida do político, tendo sempre o aconselhado e influenciado em sua vida pública. Em contrapartida temos a secretária vivida por Kim Cattrall, que parece ter um caso com o ex-ministro e tem sempre um tom artificial, frio. Para completar, dois funcionários orientais trabalham dentro da casa com aparições sempre emblemáticas.
O cenário de mansão mal-assombrada, com essas peças transitando como em um tabuleiro de xadrez e o clima sombrio acentuado pelas fortes chuvas no exterior nos envolvem em um clima de suspense, onde parece que a vida do protagonista está sempre em perigo. Por mais que não entendamos o que aquelas linhas falando da vida de um homem possam ser tão reveladoras, compramos a idéia de que tudo tem que ter o maior sigilo e por isso ficamos nervosos quando ele passeia pela ilha, dorme sozinho no hotel ou troca palavras com um homem misterioso. Algumas passagens são geniais e brincam com nossa expectativa, como quando ele pega o pendrive onde encontra-se o manuscrito gravado e coloca em seu notebook. A sincronia no ato e do que acontece em seguida nos parece ter uma ligação e nos deixa apreensivos.
![O Escritor Fantasma O Escritor Fantasma](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnGMYQZaEqUJubdwkMqts59ncPJsUXX2CPE2z-p38rH3l3R45ASb2fc5OOYEce_LUrsnHm6X5xg8hZYTWaMhyoW1-dkDO8PccGOhPbtH4C9tz-y9m9QGdKzR9cKygu4Sn3MgWCUK9ULMA/s320/Escritor-Fantasma.jpg)
A direção ajuda nessa construção, assim como a fotografia sombria. Temos belas cenas de expectativas como um bilhete passando de mão em mão quase no final do filme. Ou na floresta quando o protagonista percebe um carro que o segue. O único problema dessa bela construção é o seu desfecho, não que o filme seja ruim ou se destrua, mas a partir do momento em que McGregor tem a certeza de algo errado, tudo começa a funcionar de uma forma muito esquemática, quase
deus ex-machina, para que ele descubra a verdade. O carro e seu trajeto é um golpe, no mínimo, esquisito. E a revelação torna-se quase banal, apesar da bela construção de imagens.
A cena final, então, chega a ser ingênua. Após tudo aquilo, a atitude do nosso "fantasma" é absurdamente infantil, quase deixando que o óbvio aconteça. Até o brinde ele está perfeito, coerente. Depois disso, no entanto, é dar muita colher de chá para o destino. De qualquer forma, a narrativa nos envolve em um bom suspense psicológico e político, mostrando que
Polanski continua a ser obrigatório para qualquer cinéfilo.