O Despertar
Fantasmas existem? É possível se comunicar com os mortos? Muitas religiões e pesquisas científicas tem respostas diversas para essas questões que sempre intrigaram o ser humano. Sem desrespeitar nenhuma delas, o novato Nick Murphy consegue construir um suspense tenso e envolvente. Mesmo que caia no melodrama em sua resolução já leva vantagens por não colocar o demônio no meio, como 90% das obras mais recentes.
Em O Despertar a personagem de Rebecca Hall é uma espécie de padre Quevedo sempre desvendando, comprovando que misticismo tem sempre um limite aceitável e que nada passa de truque ou ilusão de ótica. Mas, como todo bom suspense, suas convicções estarão abaladas a partir de uma nova missão que lhe é confiada: descobrir o fantasma que atormenta uma escola afastada da cidade. O que parecia uma simples brincadeira de mal gosto de criança, ou punição de um professor transtornado, logo se mostra uma trama bem mais complexa e misteriosa.
O filme já começa com uma boa sequência de uma pseudo sessão mediúnica. O clima é tenso, tudo é muito rápido, envolvente e a forma como Florence Cathcart, a caçadora de fantasmas, é apresentada é incrivelmente eficaz. Não apenas por sua ação durante a sessão, mas principalmente pelas consequências dela. Uma boa forma de entrar na trama, sem explicações cansativas ou pouco funcionais. É quando ela recebe o inusitado convite do forasteiro vivido por Dominic West. Ele é Robert Mallory que trabalha em uma escola onde acaba de morrer uma criança, vítima entre outras coisas de um fantasma de uma criança que morreu anos antes naquele mesmo lugar.
Os clichês se avolumam em tela, é verdade, a começar pelo clima na escola. Todos os personagens que ali residem, inclusive Robert Mallory agem de uma maneira estranha e suspeita. Uma que chama logo a atenção é a governanta Maud Hill, vivida por Imelda Staunton. Além de ser a professora Dolores Umbridge de Harry Potter (brincadeira), a personagem é a responsável por chamar Florence Cathcart ali. Fã do livro da caça-fantasma ao ponto de colocar ao lado da Bíblia em sua prateleira, Maud está sempre observando os passos de todos, surgindo quase sem fazer barulhos, criando algumas suspeitas. Tem também o professor perturbado que dá chicotada nos meninos e o jardineiro que fugiu da guerra e parece mesmo ter fugido de algum filme de terror B.
Além dos clichês narrativos, Nick Murphy se cerca de todas as técnicas de suspense desde a fotografia escura, com tons esverdeados, passando pelas cenas com a câmera atrás do personagem, planos dando a sensação de câmera subjetiva do fantasma, silêncios e ruídos estranhos, até músicas tensas e dissonantes. Tudo isso, de fato, funciona. O Despertar possui um clima tenso, em que ficamos o tempo todo em suspensão esperando o susto. E ele vem, com bastante eficácia algumas vezes. Principalmente quando Florence passeia sozinha a noite pelos corredores da escola e as cenas envolvendo uma estranha casa de bonecos.
O roteiro vai em uma adrenalina crescente nos envolvendo e fazendo com que fiquemos curiosos com o que de fato está acontecendo ali. A resposta não chega a decepcionar, tem um forte apelo emocional, é verdade, mas tem uma certa coerência e funciona. Talvez, os roteiristas Stephen Volk e Nick Murphy pudessem ter apenas uma coragem a mais para terminar a história um pouco antes.
Ainda assim é um filme que cumpre bem seu propósito. O Despertar não é um novo O Sexto Sentido, não traz grandes inovações, não tem uma reviravolta tão bem arquitetada, está repleto de clichês e repetições do gênero. Funciona como uma boa sessão de tensão e sustos. Não nos dando a sensação de perda de tempo.
O Despertar (The Awakening)
Lançamento: 2012 (Reino Unido)
Direção: Nick Murphy
Roteiro: Stephen Volk e Nick Murphy
Com: Rebecca Hall, Dominic West, Imelda Staunton, Lucy Cohu.
Duração: 107 min
Em O Despertar a personagem de Rebecca Hall é uma espécie de padre Quevedo sempre desvendando, comprovando que misticismo tem sempre um limite aceitável e que nada passa de truque ou ilusão de ótica. Mas, como todo bom suspense, suas convicções estarão abaladas a partir de uma nova missão que lhe é confiada: descobrir o fantasma que atormenta uma escola afastada da cidade. O que parecia uma simples brincadeira de mal gosto de criança, ou punição de um professor transtornado, logo se mostra uma trama bem mais complexa e misteriosa.
O filme já começa com uma boa sequência de uma pseudo sessão mediúnica. O clima é tenso, tudo é muito rápido, envolvente e a forma como Florence Cathcart, a caçadora de fantasmas, é apresentada é incrivelmente eficaz. Não apenas por sua ação durante a sessão, mas principalmente pelas consequências dela. Uma boa forma de entrar na trama, sem explicações cansativas ou pouco funcionais. É quando ela recebe o inusitado convite do forasteiro vivido por Dominic West. Ele é Robert Mallory que trabalha em uma escola onde acaba de morrer uma criança, vítima entre outras coisas de um fantasma de uma criança que morreu anos antes naquele mesmo lugar.
Os clichês se avolumam em tela, é verdade, a começar pelo clima na escola. Todos os personagens que ali residem, inclusive Robert Mallory agem de uma maneira estranha e suspeita. Uma que chama logo a atenção é a governanta Maud Hill, vivida por Imelda Staunton. Além de ser a professora Dolores Umbridge de Harry Potter (brincadeira), a personagem é a responsável por chamar Florence Cathcart ali. Fã do livro da caça-fantasma ao ponto de colocar ao lado da Bíblia em sua prateleira, Maud está sempre observando os passos de todos, surgindo quase sem fazer barulhos, criando algumas suspeitas. Tem também o professor perturbado que dá chicotada nos meninos e o jardineiro que fugiu da guerra e parece mesmo ter fugido de algum filme de terror B.
Além dos clichês narrativos, Nick Murphy se cerca de todas as técnicas de suspense desde a fotografia escura, com tons esverdeados, passando pelas cenas com a câmera atrás do personagem, planos dando a sensação de câmera subjetiva do fantasma, silêncios e ruídos estranhos, até músicas tensas e dissonantes. Tudo isso, de fato, funciona. O Despertar possui um clima tenso, em que ficamos o tempo todo em suspensão esperando o susto. E ele vem, com bastante eficácia algumas vezes. Principalmente quando Florence passeia sozinha a noite pelos corredores da escola e as cenas envolvendo uma estranha casa de bonecos.
O roteiro vai em uma adrenalina crescente nos envolvendo e fazendo com que fiquemos curiosos com o que de fato está acontecendo ali. A resposta não chega a decepcionar, tem um forte apelo emocional, é verdade, mas tem uma certa coerência e funciona. Talvez, os roteiristas Stephen Volk e Nick Murphy pudessem ter apenas uma coragem a mais para terminar a história um pouco antes.
Ainda assim é um filme que cumpre bem seu propósito. O Despertar não é um novo O Sexto Sentido, não traz grandes inovações, não tem uma reviravolta tão bem arquitetada, está repleto de clichês e repetições do gênero. Funciona como uma boa sessão de tensão e sustos. Não nos dando a sensação de perda de tempo.
O Despertar (The Awakening)
Lançamento: 2012 (Reino Unido)
Direção: Nick Murphy
Roteiro: Stephen Volk e Nick Murphy
Com: Rebecca Hall, Dominic West, Imelda Staunton, Lucy Cohu.
Duração: 107 min
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
O Despertar
2012-02-15T08:25:00-02:00
Amanda Aouad
critica|Rebecca Hall|suspense|terror|
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