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Apenas uma Noite
Apenas uma Noite
Apenas uma Noite, filme de estreia da iraniana Massy Tadjedin na direção, chega só agora ao Brasil. Curioso notar que chegue no mês de Junho, época em que comemoramos o Dia dos Namorados, tal qual aconteceu com Namorados para Sempre ano passado. Ambos falam de complicações amorosas, ainda que o novo filme não seja tão pessimista. Mas, também, é de qualidade inferior ao outro.
Apenas uma Noite, ou simplesmente a noite passada, como indica o título original, é sobre exatamente isso, uma noite atípica na vida de um casal. Uma noite-chave onde eles irão por a prova o amor deles, os conceitos deles e suas capacidades de serem fiéis. Joanna e Michael se conheceram na faculdade, namoraram por um bom tempo, se separaram, voltaram, estão casados há três anos. Em uma festa, ela tem uma crise de ciúmes por causa de uma colega de trabalho de Michael, a bela Laura. No dia seguinte, ele e Laura irão para Filadélfia fechar um contrato, Joanna fica insegura. Porém, ela não esperava que seu antigo namorado, Alex, aparecesse na cidade naquele mesmo dia.
O primeiro ato é todo construído na apresentação dos personagens. Temos a noção exata da insegurança de Joanna, vivida por Keira Knightley, e da tranquilidade de Michael, interpretado por Sam Worthington. Percebemos também o quanto ela domina a relação. Ela briga por mínimos detalhes, vai dormir no sofá, vê situações onde não existe. Ele sempre querendo agradar pede desculpas até pelo que não fez, tenta agradá-la, faz um jantar especial, a cerca de carinhos. Uma relação antiga que não parece madura. Não há uma sensação de casal.
Assim que Michael viaja, o roteiro segue os dois personagens em paralelo. Ou melhor, os dois novos possíveis casais em paralelo. Michael e Laura (Eva Mendes) na Filadélfia, Joanna e Alex (Guillaume Canet) em Nova York. E Massy Tadjedin se utiliza muito de cortes sobrepostos, com áudio de um local e imagem de outro. Como Michael e Laura em um bar ao som da conversa de Alex e Joanna no restaurante. Esse recurso traz alguns momentos interessantes de ironia, onde a situação de um casal desdiz a fala do outro.
Há também um jogo de imagens, com corte de plano sobre plano, picotando as ações em uma estética própria. A primeira vez que isso acontece, dá um choque na platéia que pensa ser um erro, mas logo é possível se acostumar à montagem não clássica. O que incomoda um pouco é a trilha sonora constante de um piano blasé, que se torna uma espécie de anti-clímax em muitos momentos, subindo em excesso sem causar emoção.
Os atores estão bem, apesar de nada em especial. Eva Mendes constrói uma personagem extremamente sensual, coisa que a atriz já é, e provoca Michael a todo momento, mas não diz muito qual a personalidade daquela mulher fatal. Keira Knightley também tem altos e baixos, mas demonstra bem a personagem insegura que é Joanna, com crises de ciúmes que se justificam de alguma forma no relacionamento encoberto com Alex. Já Sam Worthington nos dá um Michael bastante centrado, aparentemente seguro de si, mas que não promete muito. Só o francês Guillaume Canet parece ter um brilho a mais com seu Alex, um homem charmoso e apaixonado, apesar de mulherengo, que tem sempre respostas desconcertantes na ponta da língua.
Os diálogos, por sua vez, são o ponto alto do filme. O texto nos envolve em conversas provocantes, desconcertantes e reveladoras ao bom estilo natural da vida. Tudo parece fluir naquela noite complexa de testes gerais. O roteiro, no entanto, apesar de hábil e com um final instigante, se torna cansativo. Tudo se sustenta apenas na expectativa de que Michael irá trair Joanna e Joanna vai trair Michael. E esse conceito de traição acaba sendo relativizado na atitude de ambos, nos sentimentos que os envolvem e até no depoimento de Laura na piscina.
Apenas uma Noite, então, se torna apenas isso. Um relato sem muita consistência de situações limites, reflexos hormonais e sentimentos reprimidos. Um homem e uma mulher que não nos convencem muito de ser um casal, a não ser pelo status matrimonial e pelas juras de amor trocadas no âmbito das palavras. Assim como o relacionamento dos dois, suas histórias acabam se tornam supérfluas.
Apenas uma Noite (Last Night, 2010 / EUA)
Direção: Massy Tadjedin
Roteiro: Massy Tadjedin
Com: Keira Knightley, Sam Worthington, Eva Mendes, Guillaume Canet, Griffin Dunne, Daniel Eric Gold
Duração: 93 min.
Apenas uma Noite, ou simplesmente a noite passada, como indica o título original, é sobre exatamente isso, uma noite atípica na vida de um casal. Uma noite-chave onde eles irão por a prova o amor deles, os conceitos deles e suas capacidades de serem fiéis. Joanna e Michael se conheceram na faculdade, namoraram por um bom tempo, se separaram, voltaram, estão casados há três anos. Em uma festa, ela tem uma crise de ciúmes por causa de uma colega de trabalho de Michael, a bela Laura. No dia seguinte, ele e Laura irão para Filadélfia fechar um contrato, Joanna fica insegura. Porém, ela não esperava que seu antigo namorado, Alex, aparecesse na cidade naquele mesmo dia.
O primeiro ato é todo construído na apresentação dos personagens. Temos a noção exata da insegurança de Joanna, vivida por Keira Knightley, e da tranquilidade de Michael, interpretado por Sam Worthington. Percebemos também o quanto ela domina a relação. Ela briga por mínimos detalhes, vai dormir no sofá, vê situações onde não existe. Ele sempre querendo agradar pede desculpas até pelo que não fez, tenta agradá-la, faz um jantar especial, a cerca de carinhos. Uma relação antiga que não parece madura. Não há uma sensação de casal.
Assim que Michael viaja, o roteiro segue os dois personagens em paralelo. Ou melhor, os dois novos possíveis casais em paralelo. Michael e Laura (Eva Mendes) na Filadélfia, Joanna e Alex (Guillaume Canet) em Nova York. E Massy Tadjedin se utiliza muito de cortes sobrepostos, com áudio de um local e imagem de outro. Como Michael e Laura em um bar ao som da conversa de Alex e Joanna no restaurante. Esse recurso traz alguns momentos interessantes de ironia, onde a situação de um casal desdiz a fala do outro.
Há também um jogo de imagens, com corte de plano sobre plano, picotando as ações em uma estética própria. A primeira vez que isso acontece, dá um choque na platéia que pensa ser um erro, mas logo é possível se acostumar à montagem não clássica. O que incomoda um pouco é a trilha sonora constante de um piano blasé, que se torna uma espécie de anti-clímax em muitos momentos, subindo em excesso sem causar emoção.
Os atores estão bem, apesar de nada em especial. Eva Mendes constrói uma personagem extremamente sensual, coisa que a atriz já é, e provoca Michael a todo momento, mas não diz muito qual a personalidade daquela mulher fatal. Keira Knightley também tem altos e baixos, mas demonstra bem a personagem insegura que é Joanna, com crises de ciúmes que se justificam de alguma forma no relacionamento encoberto com Alex. Já Sam Worthington nos dá um Michael bastante centrado, aparentemente seguro de si, mas que não promete muito. Só o francês Guillaume Canet parece ter um brilho a mais com seu Alex, um homem charmoso e apaixonado, apesar de mulherengo, que tem sempre respostas desconcertantes na ponta da língua.
Os diálogos, por sua vez, são o ponto alto do filme. O texto nos envolve em conversas provocantes, desconcertantes e reveladoras ao bom estilo natural da vida. Tudo parece fluir naquela noite complexa de testes gerais. O roteiro, no entanto, apesar de hábil e com um final instigante, se torna cansativo. Tudo se sustenta apenas na expectativa de que Michael irá trair Joanna e Joanna vai trair Michael. E esse conceito de traição acaba sendo relativizado na atitude de ambos, nos sentimentos que os envolvem e até no depoimento de Laura na piscina.
Apenas uma Noite, então, se torna apenas isso. Um relato sem muita consistência de situações limites, reflexos hormonais e sentimentos reprimidos. Um homem e uma mulher que não nos convencem muito de ser um casal, a não ser pelo status matrimonial e pelas juras de amor trocadas no âmbito das palavras. Assim como o relacionamento dos dois, suas histórias acabam se tornam supérfluas.
Apenas uma Noite (Last Night, 2010 / EUA)
Direção: Massy Tadjedin
Roteiro: Massy Tadjedin
Com: Keira Knightley, Sam Worthington, Eva Mendes, Guillaume Canet, Griffin Dunne, Daniel Eric Gold
Duração: 93 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Apenas uma Noite
2012-05-31T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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