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Intocáveis

IntocáveisSucesso de bilheteria na França e nos Estados Unidos, já tendo até direitos vendidos para um remake em Hollywood, Intocáveis finalmente chega ao Brasil. Primeiro no Festival Varilux que teve sua abertura na terça-feira com exibição desse belo filme francês. Depois para todo o país em 31 de agosto. E o mais encantador, parece mesmo essa amizade que surge do mais improvável.

Philippe, vivido por François Cluzet, é um milionário tetraplégico que precisa de um enfermeiro sempre ao seu lado. Driss, vivido por Omar Sy é um imigrante negro, pobre e com antecedentes criminais, que só quer viver de seguro-desemprego. Mas, algo parece os ligar de uma forma mágica. Philippe contrata Driss para uma experiência, não por um milagre de roteiro, até porque a história é baseada em um caso verdadeiro, mas porque Driss não o olha de maneira diferente. Tudo o que aquele homem preso a uma cadeira-de-rodas quer é ser visto de uma maneira normal, sem pena, sem medos, sem cuidados excessivos.

IntocáveisA construção da relação entre os dois é, então, bastante fluída. Driss não vira o melhor enfermeiro do mundo da noite para o dia. Eles vão se adaptando um ao outro. Diminuindo as distâncias existentes. É interessante a metáfora da música que eles encontram. Philippe com sua música clássica de um tempo que não viveu, Driss com os sons de sua época, blues moderno, pop, ritmos dançantes. Há ali uma representação do velho e do novo que se encontram em um equilíbrio. Não por acaso, Driss consegue entender melhor a relação de Philippe com a arte em geral.

IntocáveisMas, o mais interessante em Intocáveis é que ele não traz consigo rótulos fáceis. A dor e redenção do "pobre" milionário não é piegas. As dificuldades da família de Driss não são exageradas. Não há um peso no melodrama, nem mesmo na compaixão, sendo em muitas vezes politicamente incorreto até. Mas, também sem cair no besteirol, apelos escatológicos ou algo parecido. Tudo seria possível em uma história assim, mas Olivier Nakache e Eric Toledano prezam pelo equilíbrio.

É bonito de ver a relação entre Philippe e Driss. É envolvente. E os dois atores dão muita veracidade a tudo aquilo. A química é ótima, a cumplicidade é convincente. A interpretação de Omar Sy é contagiante. Mesmo com todo o histórico do personagem, é impossível não simpatizar com Driss. Ele vai conquistando a todos aos poucos. Assim como François Cluzet merece palmas por conseguir passar tanta expressão mexendo apenas a cabeça. Todo seu trabalho de composição passa pelo olhar.

IntocáveisAliás, o olhar é um ponto bastante explorado na direção de Olivier Nakache e Eric Toledano. Há sempre um tempo para as expressões de retorno. Na sequência das entrevistas para o cargo, por exemplo, Philippe está um pouco atrás da entrevistadora, mas de frente para a câmera. Assim, podemos nos concentrar em suas expressões de desconforto a cada candidato desagradável. Quando Driss vai fazer um tour pela casa, a câmera também se preocupa de detalhar bem as expressões dele.

É, então, uma construção humana, envolvente, longe de fugir dos clichês, é verdade, mas nem por isso menos criativa. Intocáveis é daqueles filmes que encantam e nos levam juntos em sua viagem. Desde a primeira e eletrizante cena de um passeio de carro.



Intocáveis (Intouchables, 2011 / França)
Direção: Olivier Nakache, Eric Toledano
Roteiro: Olivier Nakache, Eric Toledano
Com: François Cluzet, Omar Sy e Anne Le Ny
Duração: 112 min.

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