
Médico, alquimista e cientista, Fausto busca incansavelmente descobrir onde se esconde a alma humana e o que seria exatamente isso. Com seu ajudante Wagner, ele disseca cadáveres e investiga a anatomia humana, sem conseguir saciar suas dúvidas mais profundas. Até que ele conhece um ser diabólico que promete mostrar todos os mistérios da humanidade. Ele começa a segui-lo sem muita certeza do que verá, até que descobre a bela Margarida que o levará a se envolver cada vez mais com o estranho ser que o cerca.

É uma interpretação bastante particular do russo que já nos brindou com filmes como Arca Russa e que se auto-denomina um artista fortemente influenciado pelo impressionismo. Fausto é isso, um filme impressionista, em que as sensações interiores são mais fortes que a própria construção externa. Onde o arquétipo da alma humana ganha ainda mais força em sua eterna fantasia de ceder ou não a uma proposta das trevas em troca do que acha ser a sua felicidade. É também uma condenação. Já que, diante do desejo, o homem se torna frágil e acaba vivendo da ilusão de poder.


Agradável e digno de aplausos, é a atuação de Anton Adasinskyi como o serzinho asqueroso que conduz nosso protagonista em sua jornada. Assim como Johannes Zeiler também está bem como o curioso médico. A dupla consegue momentos incríveis de interpretações intensas, em um duelo digno do texto proposto. Mergulham em seus personagens de uma maneira louvável, ainda que cause estranhamento algumas cenas como a do jato d´água.
Fausto não é então, um filme para grandes plateias. É uma experiência estética e emocional. Uma desconstrução filosófica em tela. Literalmente. Poderia ser menos longo e com diálogos mais eloquentes, talvez, ainda assim, uma obra digna. Só não sei se valeu o Leão de Ouro em Veneza que levou no ano passado.
Fausto (Faust, 2011 / Alemanha)
Direção: Aleksandr Sokurov
Roteiro: Aleksandr Sokurov
Com: Johannes Zeiler, Anton Adasinsky e Isolda Dychauk
Duração: 135 min.