E lá vamos nós de novo, tentar uma indicação ao Oscar. A maior festa da indústria norte-americana enche os olhos do país e o fato das quatro indicações da história na categoria de Melhor Filme Estrangeiro nunca ter se transformado em uma estatueta é frustração para muitos. Mesmo que nosso cinema já tenha levado prêmios mais significativos como Palma de Ouro em Cannes ou Urso de Ouro em Berlim. Não que eu seja contra o Oscar, pelo contrário, acompanho a festa com empolgação. Mas, no fundo, nós sabemos de toda a política por trás da premiação. E que muitas vezes não é o melhor quem vence. Ainda assim, dá status, visibilidade e ajuda na bilheteria. E nosso cinema está mesmo precisando das três coisas.
Mas, desde 1999, com Central do Brasil, não conseguimos ficar entre os cinco indicados na categoria de melhor filme estrangeiro.Nesse longo período, tivemos surpresas como as quatro indicações de Cidade de Deus em 2004 (após ter sido preterido na categoria de filme estrangeiro em 2003), o curta-metragem Uma história de futebol de Paulo Machline e até representante em melhor música tema, para Carlinhos Brown por Rio. Mas, os candidatos que enviamos nos últimos anos, não pareciam mesmo ser os preferidos da academia, e muitas vezes nem do país, como foi a indicação de Lula, o Filho do Brasil em 2011. Em 2012, nossa aposta foi Tropa de Elite 2, não fez o gênero do júri, mas era mesmo nosso representante mais significativo. E esse ano, 16 candidatos concorrem a assumir a responsabilidade de tentar uma vaga na 85ª festa do cinema em 2013.
O representante será anunciado na quinta-feira dia 20 de setembro, após reunião do júri. Olhando a lista, temos um ano de bons candidatos. E algumas aberrações como Billi Pig. Se fossemos pensar na questão de inovação, Dois Coelhos de Afonso Poyart seria um bom candidato. Mas, gato escaldado tem medo de água fria. Em 2003, ao enviarmos Cidade de Deus, não levamos em conta o perfil do júri de filme estrangeiro, que não gostou da trama de Meirelles, enquanto que os demais gostaram tanto que, no ano seguinte, ele foi indicado em quatro categorias. Caso não saibam, cada categoria tem um grupo de votantes diferentes. Além do mais, o filme de Poyart já está com remake acertado, não sei se a academia vai querer chamar atenção para o original.
Escolher aquele que tem mais chances é, no entanto, sempre uma aposta complicada, quase uma loteria. Foi essa atitude confusa que levou o filme de Lula a ser candidato, pensando em superação, apelo da figura do presidente, mas esquecendo da qualidade do filme. O melhor mesmo é escolher o que temos de melhor, como a Argentina que enviou O Segredo dos Seus Olhos e, contradizendo as apostas, venceu A Fita Branca. E nesse ponto, fico com dois candidatos. Apesar de ter gostado muito de Xingu, de Cao Hamburger e ter achado Heleno um filme instigante. Acho que Meu País e O Palhaço são os candidatos mais fortes na lista. Ambos possuem uma construção bem realizada de roteiro, direção, atuações e montagem. Ambos emocionam e ficam marcados. Daqueles candidatos que não passam despercebidos. Há ainda Corações Sujos de Vicente Amorim que tem sido muito elogiado, mas não chegou por aqui, não posso opinar.
Abaixo, a lista de todos os 16 indicados. Os que tem crítica aqui no site, estão com links para elas. E aí? Qual a sua aposta?
Indicados do Brasil para Oscar 2013
Billi Pig ( José Eduardo Belmonte )
Capitães da Areia ( Cecília Amado )
Colegas ( Marcelo Galvão )
Corações Sujos ( Vicente Amorim )
Dois Coelhos ( Afonso Poyart )
Heleno ( José Henrique Fonseca )
Elvis & Madona ( Marcelo Laffite )
Histórias Que Só Existem Quando Lembradas ( Julia Murat )
Luz Nas Trevas ( Helena Ignez e Icaro Martins
Menos Que Nada ( Carlos Gerbase )
Meu País ( André Ristum )
O Carteiro ( Reginaldo Faria )
O Palhaço ( Selton Mello )
Paraísos Artificiais ( Marcos Prado )
Xingu ( Cao Hamburger )
