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O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei
O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei
Toda jornada tem o seu fim, e o final de O Senhor dos Anéis foi apoteótico. Não por acaso, O Retorno do Rei foi vencedor de onze Oscars, incluindo melhor filme. Um filme de mais de três horas de duração, com múltiplos plots e emoções diversas, fechando com chave de ouro uma jornada épica.
O caos está instalado, poucas esperanças restam, assim como poucos combatentes. Gondor está sitiada, Frodo está quase sucumbindo ao poder do anel e as artimanhas de Gollum e Aragorn não sabe ainda qual o seu papel naquela luta. Até Pippin ajuda na busca de Sauron ao olhar dentro da Palantir. Apesar de com isso também conseguir vislumbrar alguns dos planos do inimigo. Só a batalha resta.
O Retorno do Rei é um filme resolução. Tudo ali caminha para o desfecho nas montanhas de Mordor. O alívio cômico criado em As Duas Torres é esquecido. Temos um início de festejo apenas e logo depois retornamos às sombras. Até mesmo o romance de Aragorn e Arwen é denso aqui. Ela está morrendo, sofrendo os efeitos do mal que percorrem aquelas terras e apenas a vitória com a destruição do anel pode salvá-la.
Até por isso, o grande destaque do filme é a grandiosidade dos efeitos criados no campo de batalha. Impressiona os exércitos de cavaleiros, as formações complexas, os golpes, os olifantes, os fantasmas dos homens amaldiçoados, os exércitos de Mordor. E como, em meio a tudo isso, os detalhes não são esquecidos. Temos destaques para cada um dos personagens, mesmo os improváveis lutadores Merry e Pippin, cada um a seu turno, tem seu momento de glória. Ou a destemida Éowyn que tem seu papel fundamental reservado.
Temos também as cenas pomposas como Legolas derrotando sozinho um olifante carregado. As manobras do elfo subindo e descendo no animal são de encher os olhos. E ao mesmo tempo em que feitos assim são destacados, temos construções poéticas como na cena em que Pippin canta para o regente Denethor, enquanto Faramir cavalga para a possível morte e vemos os detalhes das frutas que o regente come, sujando a sua boca com líquidos vermelhos em uma alusão clara ao sangue do próprio filho.
Enquanto a batalha corporal é travada nos reinos dos homens, nas sombras das intermediações de Mordor, uma batalha mental é desenvolvida. Ou melhor, diversas batalhas mentais envolvendo o trio Sam, Frodo e Gollum. O ser destruído pelo poder do anel arquiteta formas de reaver o objeto mágico tentando colocar Frodo contra Sam, afinal o hobbit já percebeu que há algo de estranho naquele guia. Já o portador do anel, além de lutar contra sua própria mente que está cada vez mais vulnerável, tem que lutar contra os medos de não voltar a ser o que era.
Frodo se vê em Gollum, percebe o que está acontecendo consigo e teme se tornar um espelho daquele ser asqueroso. Por isso, ele é tão condescendente com a criatura, o defende dos ataques de Sam, o protege mesmo quando este é uma ameaça aos dois. Ele sabe que está definhando, se tornando um escravo daquele objeto em seu pescoço, mas ao mesmo tempo é obstinado e continua sua jornada na tentativa de cumprir a missão que lhe foi confiada. Afinal, o destino da Terra Média depende de seu sucesso.
O clímax é bem construído, repleto de emoção e com uma dinâmica bem desenvolvida entre o que acontece no percurso da montanha e na frente do portão negro. Aliás, emoção é o que não falta nesse filme, principalmente na parte final, nas resoluções, nas reverências e no destino de cada um. Assim começa a quarta era na Terra Média, anuncia o livro. Há esperanças para os homens, afinal.
O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei (The Lord of the Rings: The Return of the King, 2003 / EUA)
Direção: Peter Jackson
Roteiro: Fran Walsh e Philippa Boyens
Com: Elijah Wood, Ian McKellen, Orlando Bloom, John Rhys-Davies, Sean Astin, Sean Bean, Cate Blanchett, Ian Holm, Andy Serkis, Viggo Mortensen, Liv Tyler, Christopher Lee e Hugo Weaving
Duração: 201 min.
O caos está instalado, poucas esperanças restam, assim como poucos combatentes. Gondor está sitiada, Frodo está quase sucumbindo ao poder do anel e as artimanhas de Gollum e Aragorn não sabe ainda qual o seu papel naquela luta. Até Pippin ajuda na busca de Sauron ao olhar dentro da Palantir. Apesar de com isso também conseguir vislumbrar alguns dos planos do inimigo. Só a batalha resta.
O Retorno do Rei é um filme resolução. Tudo ali caminha para o desfecho nas montanhas de Mordor. O alívio cômico criado em As Duas Torres é esquecido. Temos um início de festejo apenas e logo depois retornamos às sombras. Até mesmo o romance de Aragorn e Arwen é denso aqui. Ela está morrendo, sofrendo os efeitos do mal que percorrem aquelas terras e apenas a vitória com a destruição do anel pode salvá-la.
Até por isso, o grande destaque do filme é a grandiosidade dos efeitos criados no campo de batalha. Impressiona os exércitos de cavaleiros, as formações complexas, os golpes, os olifantes, os fantasmas dos homens amaldiçoados, os exércitos de Mordor. E como, em meio a tudo isso, os detalhes não são esquecidos. Temos destaques para cada um dos personagens, mesmo os improváveis lutadores Merry e Pippin, cada um a seu turno, tem seu momento de glória. Ou a destemida Éowyn que tem seu papel fundamental reservado.
Temos também as cenas pomposas como Legolas derrotando sozinho um olifante carregado. As manobras do elfo subindo e descendo no animal são de encher os olhos. E ao mesmo tempo em que feitos assim são destacados, temos construções poéticas como na cena em que Pippin canta para o regente Denethor, enquanto Faramir cavalga para a possível morte e vemos os detalhes das frutas que o regente come, sujando a sua boca com líquidos vermelhos em uma alusão clara ao sangue do próprio filho.
Enquanto a batalha corporal é travada nos reinos dos homens, nas sombras das intermediações de Mordor, uma batalha mental é desenvolvida. Ou melhor, diversas batalhas mentais envolvendo o trio Sam, Frodo e Gollum. O ser destruído pelo poder do anel arquiteta formas de reaver o objeto mágico tentando colocar Frodo contra Sam, afinal o hobbit já percebeu que há algo de estranho naquele guia. Já o portador do anel, além de lutar contra sua própria mente que está cada vez mais vulnerável, tem que lutar contra os medos de não voltar a ser o que era.
Frodo se vê em Gollum, percebe o que está acontecendo consigo e teme se tornar um espelho daquele ser asqueroso. Por isso, ele é tão condescendente com a criatura, o defende dos ataques de Sam, o protege mesmo quando este é uma ameaça aos dois. Ele sabe que está definhando, se tornando um escravo daquele objeto em seu pescoço, mas ao mesmo tempo é obstinado e continua sua jornada na tentativa de cumprir a missão que lhe foi confiada. Afinal, o destino da Terra Média depende de seu sucesso.
O clímax é bem construído, repleto de emoção e com uma dinâmica bem desenvolvida entre o que acontece no percurso da montanha e na frente do portão negro. Aliás, emoção é o que não falta nesse filme, principalmente na parte final, nas resoluções, nas reverências e no destino de cada um. Assim começa a quarta era na Terra Média, anuncia o livro. Há esperanças para os homens, afinal.
O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei (The Lord of the Rings: The Return of the King, 2003 / EUA)
Direção: Peter Jackson
Roteiro: Fran Walsh e Philippa Boyens
Com: Elijah Wood, Ian McKellen, Orlando Bloom, John Rhys-Davies, Sean Astin, Sean Bean, Cate Blanchett, Ian Holm, Andy Serkis, Viggo Mortensen, Liv Tyler, Christopher Lee e Hugo Weaving
Duração: 201 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei
2012-12-09T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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