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Percy Jackson e o Mar de Monstros
Percy Jackson e o Mar de Monstros
Três anos após o lamentável primeiro filme, Percy Jackson volta aos cinemas com uma aventura melhor embasada. Talvez o tempo de intervalo entre o primeiro (O Ladrão de Raios) e segundo filme (O Mar de Monstros) tenha feito os produtores relerem o livro e compreender melhor como adaptar a aventura. Quem sabe? Ainda que continue uma saga infanto-juvenil inofensiva, é visível a melhora no conjunto da obra.
Harry Potter continua sendo uma comparação inevitável. Afinal, Percy é um garoto comum que descobre pertencer a um grupo especial (Harry mago, Percy semi-deus). Mais do que isso, Percy é "o escolhido" que traz junto a ele uma profecia, tal qual o bruxinho. Talvez por isso, o primeiro filme tenha sido posto nas mãos de Chris Columbus, o mesmo diretor que levou aos cinemas os dois primeiros filmes da saga Harry Potter. Como não deu certo, Thor Freudenthal assumiu a direção, assim como o roteiro ficou a cargo de Marc Guggenheim, enquanto o primeiro era adaptado por Craig Titley. A nova dupla parece que entendeu que para fazer um filme infanto-juvenil não precisa apelar para uma trama completamente boba, cheia de clichês e ceninhas apelativas querendo forçar o riso.
Percy Jackson e o Mar de Monstros é uma aventura consistente, que se apoia em clichês, mas que consegue desenvolver bem o emaranhado da trama. A começar pelo próprio protagonista que parece melhor embasado e ambientado. Percy vive agora no acampamento para semi-deuses e sofre com uma pressão: provar que é o melhor. Após a aventura do Ladrão de Raios, ele nunca mais conseguiu uma façanha de destaque. Está sempre perdendo as competições para a bela Clarisse e começa a questionar até mesmo se ele é especial. É quando um acidente torna a vida no acampamento ameaçada e eles precisam partir em uma missão para encontrar o velocino de ouro, um artefato mágico poderoso. A missão é dada a Clarisse, mas claro que Percy e seus amigos inseparáveis Annabeth e Grover não vão ficar sentados esperando.
Antes de partir, no entanto, a profecia é revelada a Percy. Essa profecia é um plot importante, pois irá conduzir toda a primeira série de livros. Um semi-deus filho dos antigos Deuses (Zeus, Poseidon ou Hades) levará todo o Olimpo à ruína, ou o salvará de uma vez. Aparentemente, Percy é o único semi-deus descendente de um dos três. Será ele o escolhido? Será o seu destino salvar ou destruir o Olimpo? Existe mesmo um destino ou somos nós que o traçamos com nossas escolhas? Estes são os questionamentos que conduzem toda a aventura do filme. Não é aprofundada, mas está lá, permeando cada conversa e cada momento decisivo.
Fazer o herói se questionar sobre seu verdadeiro valor não é algo novo. Está na própria jornada do herói traçada por Joseph Campbell. O conflito faz parte dele e de sua missão. A negação da predestinação, a necessidade de ter escolhas. Mas, ao mesmo tempo, tudo sempre o parece levá-lo ao destino inevitável. Isso faz a carga dramática da trama aumentar e, com isso, a emoção do espectador também. Cria uma empatia com aquele ser que é especial, maior que nós, mas que assim como nós tem medos, dúvidas e problemas a serem resolvidos. Isso nos aproxima e faz comprarmos a aventura. Viajamos com Percy em busca do tal velocino, tornando tudo mais simples.
Ainda assim, O Mar de Monstros traz seus momentos de comédia pastelão como as tri-gêmeas do táxi e sua corrida maluca. Ou mesmo a fábrica de Hermes. Isso sem falar no personagem surpresa, o meio-irmão de Percy, vivido por Douglas Smith, um ciclope filho de Zeus, que faz a função de alívio cômico em diversos momentos da trama. Mas, é interessante como, ao mesmo tempo em que faz rir, traz também alguns temas em voga em nosso tempo, como o preconceito e pré-julgamento.
O vilão do filme, continua o mesmo do primeiro, Luke, filho de Hermes, que agora quer acordar Chronos para se vingar do pai. Só que ele acaba diluído em diversas outras peripécias da aventura. Não incomodando como no primeiro filme. Tudo funciona melhor aqui, ainda que tenha um tratamento bastante leve e infanto-juvenil.
O visual também é destaque, com boas cenas de batalhas e uma animação bastante eficiente no início para explicar a história de Chronos. O flashback inicial para apresentar a trama de Thalia também é eficiente. Assim como os efeitos que a transformam em raiz da árvore.
Percy Jackson e o Mar de Monstros é, então, uma boa aventura infanto-juvenil. É leve, não aprofunda seus temas, mas também não desrespeita a inteligência de seus espectadores. A mitologia grega continua sendo adaptada para um mundo moderno, mas os elementos continuam ali de uma maneira mais harmônica. Funciona ao que se propõe e deve agradar mais aos fãs da saga, que também ficaram irritados com a primeira adaptação. Parece que agora, Percy Jackson tem mais chances de completar, pelo menos, a primeira série de livros com sucesso nos cinemas.
Percy Jackson e o Mar de Monstros (Percy Jackson & the Olympians: The Sea of Monsters, 2013 / EUA)
Direção: Thor Freudenthal
Roteiro: Marc Guggenheim
Com: Logan Lerman, Alexandra Daddario, Brandon T. Jackson, Sean Bean, Stanley Tucci, Nathan Fillion, Jake Abel
Duração: 106 min.
Harry Potter continua sendo uma comparação inevitável. Afinal, Percy é um garoto comum que descobre pertencer a um grupo especial (Harry mago, Percy semi-deus). Mais do que isso, Percy é "o escolhido" que traz junto a ele uma profecia, tal qual o bruxinho. Talvez por isso, o primeiro filme tenha sido posto nas mãos de Chris Columbus, o mesmo diretor que levou aos cinemas os dois primeiros filmes da saga Harry Potter. Como não deu certo, Thor Freudenthal assumiu a direção, assim como o roteiro ficou a cargo de Marc Guggenheim, enquanto o primeiro era adaptado por Craig Titley. A nova dupla parece que entendeu que para fazer um filme infanto-juvenil não precisa apelar para uma trama completamente boba, cheia de clichês e ceninhas apelativas querendo forçar o riso.
Percy Jackson e o Mar de Monstros é uma aventura consistente, que se apoia em clichês, mas que consegue desenvolver bem o emaranhado da trama. A começar pelo próprio protagonista que parece melhor embasado e ambientado. Percy vive agora no acampamento para semi-deuses e sofre com uma pressão: provar que é o melhor. Após a aventura do Ladrão de Raios, ele nunca mais conseguiu uma façanha de destaque. Está sempre perdendo as competições para a bela Clarisse e começa a questionar até mesmo se ele é especial. É quando um acidente torna a vida no acampamento ameaçada e eles precisam partir em uma missão para encontrar o velocino de ouro, um artefato mágico poderoso. A missão é dada a Clarisse, mas claro que Percy e seus amigos inseparáveis Annabeth e Grover não vão ficar sentados esperando.
Antes de partir, no entanto, a profecia é revelada a Percy. Essa profecia é um plot importante, pois irá conduzir toda a primeira série de livros. Um semi-deus filho dos antigos Deuses (Zeus, Poseidon ou Hades) levará todo o Olimpo à ruína, ou o salvará de uma vez. Aparentemente, Percy é o único semi-deus descendente de um dos três. Será ele o escolhido? Será o seu destino salvar ou destruir o Olimpo? Existe mesmo um destino ou somos nós que o traçamos com nossas escolhas? Estes são os questionamentos que conduzem toda a aventura do filme. Não é aprofundada, mas está lá, permeando cada conversa e cada momento decisivo.
Fazer o herói se questionar sobre seu verdadeiro valor não é algo novo. Está na própria jornada do herói traçada por Joseph Campbell. O conflito faz parte dele e de sua missão. A negação da predestinação, a necessidade de ter escolhas. Mas, ao mesmo tempo, tudo sempre o parece levá-lo ao destino inevitável. Isso faz a carga dramática da trama aumentar e, com isso, a emoção do espectador também. Cria uma empatia com aquele ser que é especial, maior que nós, mas que assim como nós tem medos, dúvidas e problemas a serem resolvidos. Isso nos aproxima e faz comprarmos a aventura. Viajamos com Percy em busca do tal velocino, tornando tudo mais simples.
Ainda assim, O Mar de Monstros traz seus momentos de comédia pastelão como as tri-gêmeas do táxi e sua corrida maluca. Ou mesmo a fábrica de Hermes. Isso sem falar no personagem surpresa, o meio-irmão de Percy, vivido por Douglas Smith, um ciclope filho de Zeus, que faz a função de alívio cômico em diversos momentos da trama. Mas, é interessante como, ao mesmo tempo em que faz rir, traz também alguns temas em voga em nosso tempo, como o preconceito e pré-julgamento.
O vilão do filme, continua o mesmo do primeiro, Luke, filho de Hermes, que agora quer acordar Chronos para se vingar do pai. Só que ele acaba diluído em diversas outras peripécias da aventura. Não incomodando como no primeiro filme. Tudo funciona melhor aqui, ainda que tenha um tratamento bastante leve e infanto-juvenil.
O visual também é destaque, com boas cenas de batalhas e uma animação bastante eficiente no início para explicar a história de Chronos. O flashback inicial para apresentar a trama de Thalia também é eficiente. Assim como os efeitos que a transformam em raiz da árvore.
Percy Jackson e o Mar de Monstros é, então, uma boa aventura infanto-juvenil. É leve, não aprofunda seus temas, mas também não desrespeita a inteligência de seus espectadores. A mitologia grega continua sendo adaptada para um mundo moderno, mas os elementos continuam ali de uma maneira mais harmônica. Funciona ao que se propõe e deve agradar mais aos fãs da saga, que também ficaram irritados com a primeira adaptação. Parece que agora, Percy Jackson tem mais chances de completar, pelo menos, a primeira série de livros com sucesso nos cinemas.
Percy Jackson e o Mar de Monstros (Percy Jackson & the Olympians: The Sea of Monsters, 2013 / EUA)
Direção: Thor Freudenthal
Roteiro: Marc Guggenheim
Com: Logan Lerman, Alexandra Daddario, Brandon T. Jackson, Sean Bean, Stanley Tucci, Nathan Fillion, Jake Abel
Duração: 106 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Percy Jackson e o Mar de Monstros
2013-08-14T08:00:00-03:00
Amanda Aouad
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