Home
comedia
critica
drama
Jean Dujardin
Jonah Hill
Leonardo DiCaprio
Margot Robbie
Martin Scorsese
Oscar 2014
O Lobo de Wall Street
O Lobo de Wall Street
A participação de Matthew McConaughey é breve, porém essencial, afinal, é ele quem dá o tom da trama, literalmente. Quando todos os funcionários começam a bater no peito e cantarolar o mantra ao retorno do chefe, entendemos estar diante de um filme que procura desmistificar e quase ridicularizar o sonho americano.
Leonardo DiCaprio é Jordan Belfort um vigarista que sobe na vida através da negociação de ações. Primeiro é um aspirante ingênuo a Wall Street, passa pelos bastidores das ações fora do jogo, até retornar com o seu próprio método. E assim, ele arrebanha multidões de fieis seguidores que praticamente o idolatram em meio a tanto dinheiro, festas, bebidas, drogas e orgias. E como tanta ostentação não pode passar despercebido ele logo chama a atenção da mídia e do FBI.
Baseado no livro do próprio Jordan Belfort, o roteiro de Terence Winter busca ser bastante fiel à versão do autobiógrafo. Tanto que ele é o narrador do filme. Mas, aqui, não temos exatamente um narrador com voz over tradicional. Leonardo DiCaprio e Martin Scorsese por diversas vezes quebram a quarta parede, fazendo o personagem conversar diretamente conosco, desde a primeira cena, quando apresenta o dinheiro.
O jogo se torna ágil, quando em meio a uma ação, ele pára e se dirige a nós, comentando algo. Mas, este não é o único recurso com o qual Martin Scorsese brinca para nos passar informações. O duelo de pensamentos entre DiCaprio e o personagem de Jean Dujardin é outro ótimo exemplo dessa brincadeira entre o que está inter e extra-diegético (dentro e fora da narrativa).
Muitos estranharam quando foi anunciado que O Lobo de Wall Street era uma comédia. Talvez porque no senso comum, o gênero esteja restrito a risos soltos e piadas físicas ou pastelão. Na verdade, o filme faz parte de um sub-gênero pouco comum no cinema atualmente, a farsa. Com um tom irônico, muita sátira e uma crítica forte ao sistema vigente, o lobo vai nos mostrando suas garras em todos os detalhes. E muita gente não entendeu sua construção acusando-o de glamourizar o crime.
Reforçando o tom farsesco, a trilha sonora tem um papel fundamental no ritmo da narrativa. Quase onipresente, com acordes irônicos e deixando tudo mais agitado. E tudo fica ainda mais extravagante nos momentos em que se ostenta dinheiro, bebidas e sexo de uma maneira tão exagerada que nos perguntamos se aquilo é mesmo possível de ter acontecido. Sem esquecer, é claro, que não temos um narrador confiável e que tudo pode mesmo ter um tom acima.
Neste ponto, não podemos deixar de elogiar Leonardo DiCaprio que consegue nos passar este homem fascinante e desprezível ao mesmo tempo. Com uma lábia incrível que envolve o mais convicto, ao mesmo tempo que demonstra não ter limites para o próprio ego e destruição. A cena em que ele faz sua primeira ligação para um cliente é muito bem orquestrada. Sua interpretação, o texto ágil e envolvente, as demais pessoas paradas observando-o trabalhar, a câmera que nos conta a história por uma visão precisa a ponto de não perdermos nenhum detalhe.
Martin Scorsese consegue nos dar o tom exato do filme, nos envolvendo em suas três horas de duração de uma maneira tão competente que não vemos o tempo passar. Daqueles filmes que sabemos que quer ir além de contar uma história baseada na realidade. Quer discuti-la, mostrar pontos de vista, ainda que influenciada por um narrador-personagem e dar indícios da verdadeira crítica que é feita.
O sonho americano é atacado de frente em O Lobo de Wall Street, basta observar a cena final para ter a certeza disso. Esse lema de que na América tudo é possível e que qualquer um pode enriquecer facilmente. Esta ingenuidade de que o dinheiro é o objetivo de tudo, abre as portas para Jordan Belfort e sua cartilha de como fazer a engrenagem do jogo continuar em funcionamento.
O Lobo de Wall Street (The Wolf of Wall Street, 2013 / EUA)
Direção: Martin Scorsese
Roteiro: Terence Winter
Com: Leonardo DiCaprio, Jonah Hill, Margot Robbie, Jean Dujardin
Duração: 180 min.
Leonardo DiCaprio é Jordan Belfort um vigarista que sobe na vida através da negociação de ações. Primeiro é um aspirante ingênuo a Wall Street, passa pelos bastidores das ações fora do jogo, até retornar com o seu próprio método. E assim, ele arrebanha multidões de fieis seguidores que praticamente o idolatram em meio a tanto dinheiro, festas, bebidas, drogas e orgias. E como tanta ostentação não pode passar despercebido ele logo chama a atenção da mídia e do FBI.
Baseado no livro do próprio Jordan Belfort, o roteiro de Terence Winter busca ser bastante fiel à versão do autobiógrafo. Tanto que ele é o narrador do filme. Mas, aqui, não temos exatamente um narrador com voz over tradicional. Leonardo DiCaprio e Martin Scorsese por diversas vezes quebram a quarta parede, fazendo o personagem conversar diretamente conosco, desde a primeira cena, quando apresenta o dinheiro.
O jogo se torna ágil, quando em meio a uma ação, ele pára e se dirige a nós, comentando algo. Mas, este não é o único recurso com o qual Martin Scorsese brinca para nos passar informações. O duelo de pensamentos entre DiCaprio e o personagem de Jean Dujardin é outro ótimo exemplo dessa brincadeira entre o que está inter e extra-diegético (dentro e fora da narrativa).
Muitos estranharam quando foi anunciado que O Lobo de Wall Street era uma comédia. Talvez porque no senso comum, o gênero esteja restrito a risos soltos e piadas físicas ou pastelão. Na verdade, o filme faz parte de um sub-gênero pouco comum no cinema atualmente, a farsa. Com um tom irônico, muita sátira e uma crítica forte ao sistema vigente, o lobo vai nos mostrando suas garras em todos os detalhes. E muita gente não entendeu sua construção acusando-o de glamourizar o crime.
Reforçando o tom farsesco, a trilha sonora tem um papel fundamental no ritmo da narrativa. Quase onipresente, com acordes irônicos e deixando tudo mais agitado. E tudo fica ainda mais extravagante nos momentos em que se ostenta dinheiro, bebidas e sexo de uma maneira tão exagerada que nos perguntamos se aquilo é mesmo possível de ter acontecido. Sem esquecer, é claro, que não temos um narrador confiável e que tudo pode mesmo ter um tom acima.
Neste ponto, não podemos deixar de elogiar Leonardo DiCaprio que consegue nos passar este homem fascinante e desprezível ao mesmo tempo. Com uma lábia incrível que envolve o mais convicto, ao mesmo tempo que demonstra não ter limites para o próprio ego e destruição. A cena em que ele faz sua primeira ligação para um cliente é muito bem orquestrada. Sua interpretação, o texto ágil e envolvente, as demais pessoas paradas observando-o trabalhar, a câmera que nos conta a história por uma visão precisa a ponto de não perdermos nenhum detalhe.
Martin Scorsese consegue nos dar o tom exato do filme, nos envolvendo em suas três horas de duração de uma maneira tão competente que não vemos o tempo passar. Daqueles filmes que sabemos que quer ir além de contar uma história baseada na realidade. Quer discuti-la, mostrar pontos de vista, ainda que influenciada por um narrador-personagem e dar indícios da verdadeira crítica que é feita.
O sonho americano é atacado de frente em O Lobo de Wall Street, basta observar a cena final para ter a certeza disso. Esse lema de que na América tudo é possível e que qualquer um pode enriquecer facilmente. Esta ingenuidade de que o dinheiro é o objetivo de tudo, abre as portas para Jordan Belfort e sua cartilha de como fazer a engrenagem do jogo continuar em funcionamento.
O Lobo de Wall Street (The Wolf of Wall Street, 2013 / EUA)
Direção: Martin Scorsese
Roteiro: Terence Winter
Com: Leonardo DiCaprio, Jonah Hill, Margot Robbie, Jean Dujardin
Duração: 180 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
O Lobo de Wall Street
2014-01-23T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
comedia|critica|drama|Jean Dujardin|Jonah Hill|Leonardo DiCaprio|Margot Robbie|Martin Scorsese|Oscar 2014|
Assinar:
Postar comentários (Atom)
cadastre-se
Inscreva seu email aqui e acompanhe
os filmes do cinema com a gente:
os filmes do cinema com a gente:
No Cinema podcast
anteriores deste site
mais populares do site
-
E na nossa cobertura do FICI - Festival Internacional de Cinema Infantil , mais uma vez pudemos conferir uma sessão de dublagem ao vivo . Ou...
-
Terra Estrangeira , filme de 1995 dirigido por Walter Salles e Daniela Thomas , é um dos filmes mais emblemáticos da retomada do cinema b...
-
Raquel Pacheco seria apenas mais uma mulher brasileira a exercer a profissão mais antiga do mundo se não tivesse tido uma ideia, na época i...
-
“Testemunha ocular da História”, esse slogan de um famoso radiojornal brasileiro traduz bem o papel da imprensa no mundo. Um fotojornalista...
-
Para prestigiar o Oscar de Natalie Portman vamos falar de outro papel que lhe rendeu um Globo de Ouro e uma indicação ao Oscar em 2004. Clos...
-
Entre os dias 24 e 28 de julho, Salvador respira cinema com a sétima edição da Mostra Lugar de Mulher é no Cinema. E nessa edição, a propost...
-
Quando Twister chegou às telas em 1996, trouxe consigo um turbilhão de expectativas e adrenalina. Sob a direção de Jan de Bont , conhecido ...
-
Lucky Luke (2009) é uma adaptação cinematográfica de um ícone dos quadrinhos franco-belgas que há décadas encanta os leitores com suas ave...
-
Os Fantasmas Se Divertem (1988), dirigido por Tim Burton , é um marco do cinema que mescla comédia e horror de maneira original. Este fi...