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Sete Psicopatas e um Shih Tzu

Sete Psicopatas e um Shih Tzu Tarantino, irmãos Coen, Charlie Kaufman, David Lynch. É possível enxergar um pouco de cada um deles em Sete Psicopatas e um Shih Tzu. Mas, já é possível também enxergar Martin McDonagh, que em seu primeiro filme, Na Mira do Chefe, e aqui demonstra a sua vontade de satirizar o cinema de estúdio e seus exageros de violência.

Colin Farrell é Marty um roteirista que precisa entregar o seu novo trabalho que já tem nome: Sete Psicopatas. O problema é que ele está sem inspiração, só tendo escrito o perfil de um dos sete personagens. Na verdade, Marty está cansado de tanta violência e queria mesmo era subverter o gênero, trazendo alguma mensagem de paz e esperança para a obra. Seu amigo Billy, interpretado por Sam Rockwell, quer ajudá-lo e começa a lhe mostrar histórias de psicopatas reais. Ator de Hollywood, Billy tem uma segunda atividade bastante estranha, junto com Hans, personagem de Christopher Walken, sequestra cães pela rua para conseguir a recompensa de "encontrá-los". Até que um dia ele sequestra um Shih Tzu de um bandido perigoso que traz outras consequências inclusive para o filme de Marty.

Sete Psicopatas e um Shih Tzu Como já deu para perceber, o filme é todo construído baseado na metalinguagem. Ou seja, o filme dentro do filme, misturando a ficção que estamos assistindo com a ficção criada por Marty. Martin McDonagh utiliza inclusive recursos de mudança da textura da imagem, deixando mais granulada a parte da "encenação" do roteiro. Porém, no final, tudo se torna uma coisa só, mesclando personagens com os companheiros ao redor do roteirista. E tudo tem um tom satírico intrínseco. Desde a crítica à violência, até a participação da mulher.

A atriz com participação mais efetiva e digna, digamos assim é Linda Bright Clay, que faz a esposa de Hans. É a única personagem feminina que merece uma atenção maior, com um desenvolvimento de personalidade e cenas de destaque como na cena do hospital que tem uma carga dramática muito bem desenvolvida. Até a "preciosa" Gabourey Sidibe faz uma participação relâmpago que não traz nenhuma profundidade. E este desprezo pelas mulheres é explicitado na fala dos personagens ao analisar o roteiro de Marty, o que não deixa de ser também uma crítica à função das mulheres em filmes de ação.

Sete Psicopatas e um Shih Tzu Como o próprio Marty explica, o filme é dividido em duas partes. Uma primeira de preparação onde conhecemos os personagens e suas histórias. E uma segunda de preparação da vingança. Vingança essa que para cada um dos três protagonistas tem uma interpretação. Eles irem para o deserto que circunda Los Angeles traz a metáfora explícita de que Hollywood é cercado por um imenso deserto que vai além do literal, demonstrando o vazio de suas obras extremamente comerciais.

Sete Psicopatas e um Shih Tzu ironiza tudo isso. E, ao mesmo tempo em sua salada mista, Martin McDonagh demonstra que sabe fazer tudo isso seguindo suas fórmulas. Tanto que cada pequena trama dentro do filme traz um elemento de gêneros bem construídos. Como a história do psicopata quacre que traz elementos claros do suspense, nos dando sequências fortes como quando o assassino começa a ser seguido pelo quacre. As cenas do seu apartamento são muito bem desenvolvidas.

Sete Psicopatas e um Shih Tzu A história de Maggie e Zath também traz elementos de ironia e nonsense bem construídos, principalmente pela utilizada trilha deslocada da ação, nos trazendo um estranhamento e outras interpretações. Isso sem falar na cena durante os créditos que, além da recompensa, nos dá ainda mais interpretações sobre o sistema da indústria e suas promessas vazias.

Por fim, temos camadas em diversos pontos do roteiro. A revelação da identidade do Valete de Ouro mesmo, é muito bem construída. Já temos pistas desde a primeira cena, a medida que o filme vai se desenrolando, elas vão aumentando e o espectador pode descobrir ou pelo menos desconfiar em todas elas. Até a revelação explícita com direito a legenda e tudo. A revelação do quacre é menos trabalhada, mas também nos dá a oportunidade em momentos distintos, antes da explicitação.

No final das contas, Sete Psicopatas e um Shih Tzu é uma sátira a Hollywood se utilizando da própria Hollywood. Um filme divertido e inteligente, com diversas camadas que nos envolvem. Agora, Martin McDonagh tem que parar de bater na mesma tecla, para não se tornar repetitivo nos próximos filmes.


Sete Psicopatas e um Shih Tzu (Seven Psychopaths, 2012 / EUA)
Direção: Martin McDonagh
Roteiro: Martin McDonagh
Com: Colin Farrell, Woody Harrelson, Sam Rockwell, Christopher Walken, Linda Bright Clay
Duração: 110 min.

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