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Oswaldo Montenegro
Pedro Nercessian
Vanessa Giacomo
Solidões
Solidões
Após construir uma experiência de cinema / teatro quase pautada no improviso em Léo e Bia, Oswaldo Montenegro volta a dirigir um filme e é mais ousado em sua proposta experimentando linguagens e construindo uma experiência instigante sobre a solidão em suas diversas faces.
É difícil definir Solidões pelos rótulos da indústria. Há comédia, há drama, há tragédia e há, em toda a narrativa, uma estética que flerta com o mockumentary, nos dando momentos de depoimentos, de observação de testes de elenco, de reportagens e até uma construção bem documental de uma comunidade no Nordeste.
Ao mesmo tempo, traz uma estética experimental com imagens simbólicas como Vanessa Giacomo em uma praia cercada de manequins. E uma fotografia com cores específicas predominantes a cada cena, trazendo um visual belo e poético. As cores, aliás, são um ponto importante na trama, vide o cenário colorido do episódio "o homem e ele mesmo".
Há no roteiro uma estratégia de metalinguagem para costurar as diversas tramas. O tema solidão está lá, mas tudo pareceria caótico ao extremo se não tivesse esse subterfúgio do teste de elenco para o filme que aparece pontualmente entre um episódio e outro. Isso sem falar na narração de Vanessa Giacomo que interpreta uma mulher sem memória que só quer observar o mundo.
Em um conjunto de obras, há poesia e reflexão sobre a humanidade e a solidão. Afinal, não é bom que o homem esteja só, já dizia a Bíblia. E por mais que busquemos estar bem conosco mesmo, sempre sentimos falta de compartilhar momentos. Precisamos da troca com o outro para nos sentir vivos.
No entanto, Montenegro se perde ao insistir em inserir temas demais, músicas demais, querendo abarcar mais do que o tema poderia focar. Duas seqüências em particular soam fora de contexto como a música "Meninos do Brasil" e toda a parte que nos mostra a "evolução" da humanidade através das guerras.
De qualquer maneira, a experiência é válida. Há uma lógica de raciocínio e um exercício da linguagem que não deixa de ser admirado. Não chega a superar a boa construção de Léo e Bia, mas demonstra que Oswaldo Montenegro ainda pode nos surpreender, agora no cinema.
Solidões (Solidões, 2013 / Brasil)
Direção: Oswaldo Montenegro
Roteiro: Oswaldo Montenegro
Com: Oswaldo Montenegro, Vanessa Giacomo, Pedro Nercessian, Eduardo Canto
Duração: 100 min.
É difícil definir Solidões pelos rótulos da indústria. Há comédia, há drama, há tragédia e há, em toda a narrativa, uma estética que flerta com o mockumentary, nos dando momentos de depoimentos, de observação de testes de elenco, de reportagens e até uma construção bem documental de uma comunidade no Nordeste.
Ao mesmo tempo, traz uma estética experimental com imagens simbólicas como Vanessa Giacomo em uma praia cercada de manequins. E uma fotografia com cores específicas predominantes a cada cena, trazendo um visual belo e poético. As cores, aliás, são um ponto importante na trama, vide o cenário colorido do episódio "o homem e ele mesmo".
Há no roteiro uma estratégia de metalinguagem para costurar as diversas tramas. O tema solidão está lá, mas tudo pareceria caótico ao extremo se não tivesse esse subterfúgio do teste de elenco para o filme que aparece pontualmente entre um episódio e outro. Isso sem falar na narração de Vanessa Giacomo que interpreta uma mulher sem memória que só quer observar o mundo.
Em um conjunto de obras, há poesia e reflexão sobre a humanidade e a solidão. Afinal, não é bom que o homem esteja só, já dizia a Bíblia. E por mais que busquemos estar bem conosco mesmo, sempre sentimos falta de compartilhar momentos. Precisamos da troca com o outro para nos sentir vivos.
No entanto, Montenegro se perde ao insistir em inserir temas demais, músicas demais, querendo abarcar mais do que o tema poderia focar. Duas seqüências em particular soam fora de contexto como a música "Meninos do Brasil" e toda a parte que nos mostra a "evolução" da humanidade através das guerras.
De qualquer maneira, a experiência é válida. Há uma lógica de raciocínio e um exercício da linguagem que não deixa de ser admirado. Não chega a superar a boa construção de Léo e Bia, mas demonstra que Oswaldo Montenegro ainda pode nos surpreender, agora no cinema.
Solidões (Solidões, 2013 / Brasil)
Direção: Oswaldo Montenegro
Roteiro: Oswaldo Montenegro
Com: Oswaldo Montenegro, Vanessa Giacomo, Pedro Nercessian, Eduardo Canto
Duração: 100 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Solidões
2014-04-06T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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