Mata Mata
Ano de Copa, filmes de futebol sempre surgem. Mas, chama a atenção esse documentário dirigido por Jes Hoffmann, da Alemanha, sobre meninos brasileiros e o sonho do estrelato.
O filme acaba não sendo sobre futebol, mas sobre os bastidores. A questão familiar, a origem pobre, a oportunidade através das chuteiras, o sonho e a função dos agentes. O filme não toma um partido, nem tem uma visão determinista do fato, isso o torna interessante.
Temos a realidade de cinco garotos com momentos e destinos distintos. Um deles, não tão garoto mais, é Dante, zagueiro do Bayern de Munique e da seleção brasileira. Dos cinco retratados é o que já está com uma carreira sólida e vai representar o Brasil na Copa do Mundo. Os outros possuem situações diversas, inclusive um deles que está sem clube pode acabar não tendo um final tão feliz.
Se tem uma tese que o filme defende é essa, que o futebol é uma oportunidade para esses garotos de uma vida melhor. Uma opção contra o crime, contra a pobreza, um rumo em um país de poucas oportunidades para a população mais carente. Isso está no discurso das famílias, na exposição da origem dos jogadores com casas simples, um deles dormia em um colchão no chão, por exemplo. Nos bairros de periferia, nas dificuldades passadas.
Mas, há também os jogos e negociatas do mundo empresarial por trás de tudo isso. Uma das mães reclama, por exemplo, que o filho foi vendido por 4 milhões, mas menos de um milhão ficou para eles. Há também o interesse dos clubes europeus de comprar o garoto ainda novo, quando não é nem mesmo uma grande promessa, para diminuir o custo. São apostas complexas que vão além de esporte. Só que tudo de forma bem racional, sem um apelo de vítimas e vilões.
A montagem nos dá uma visão dinâmica de todas essas realidades. Das divisões de base, das seleções juvenis, dos times e sonhos, conduzindo o roteiro dos cinco em paralelo sem precisar ser muito didático ou esquemático. A ideia maior é mesmo passar esse cenário de oportunidades, mas também de dificuldades. Como quando mostra um dos jogadores que vai para Europa, mas não joga no time principal, e acaba sendo utilizado em um time do interior, retornando ao Brasil sem conseguir realizar o sonho de ser uma estrela.
É interessante mostrar que qualquer um pode ser um Dante, realizando o sonho de representar o seu país em uma Copa do Mundo, mas também pode ser como um Thiago, que passa por diversas dificuldades e está hoje sem perspectivas. São dois extremos de uma realidade com diversas nuanças, que Mata Mata consegue passar de maneira interessante, ainda que não aprofunde nenhum dos casos.
Mata Mata (Mata Mata, 2014 / Alemanha)
Direção: Jens Hoffmann
Roteiro: Jens Hoffmann e Cleo Comino
Duração: 90 min.
O filme acaba não sendo sobre futebol, mas sobre os bastidores. A questão familiar, a origem pobre, a oportunidade através das chuteiras, o sonho e a função dos agentes. O filme não toma um partido, nem tem uma visão determinista do fato, isso o torna interessante.
Temos a realidade de cinco garotos com momentos e destinos distintos. Um deles, não tão garoto mais, é Dante, zagueiro do Bayern de Munique e da seleção brasileira. Dos cinco retratados é o que já está com uma carreira sólida e vai representar o Brasil na Copa do Mundo. Os outros possuem situações diversas, inclusive um deles que está sem clube pode acabar não tendo um final tão feliz.
Se tem uma tese que o filme defende é essa, que o futebol é uma oportunidade para esses garotos de uma vida melhor. Uma opção contra o crime, contra a pobreza, um rumo em um país de poucas oportunidades para a população mais carente. Isso está no discurso das famílias, na exposição da origem dos jogadores com casas simples, um deles dormia em um colchão no chão, por exemplo. Nos bairros de periferia, nas dificuldades passadas.
Mas, há também os jogos e negociatas do mundo empresarial por trás de tudo isso. Uma das mães reclama, por exemplo, que o filho foi vendido por 4 milhões, mas menos de um milhão ficou para eles. Há também o interesse dos clubes europeus de comprar o garoto ainda novo, quando não é nem mesmo uma grande promessa, para diminuir o custo. São apostas complexas que vão além de esporte. Só que tudo de forma bem racional, sem um apelo de vítimas e vilões.
A montagem nos dá uma visão dinâmica de todas essas realidades. Das divisões de base, das seleções juvenis, dos times e sonhos, conduzindo o roteiro dos cinco em paralelo sem precisar ser muito didático ou esquemático. A ideia maior é mesmo passar esse cenário de oportunidades, mas também de dificuldades. Como quando mostra um dos jogadores que vai para Europa, mas não joga no time principal, e acaba sendo utilizado em um time do interior, retornando ao Brasil sem conseguir realizar o sonho de ser uma estrela.
É interessante mostrar que qualquer um pode ser um Dante, realizando o sonho de representar o seu país em uma Copa do Mundo, mas também pode ser como um Thiago, que passa por diversas dificuldades e está hoje sem perspectivas. São dois extremos de uma realidade com diversas nuanças, que Mata Mata consegue passar de maneira interessante, ainda que não aprofunde nenhum dos casos.
Mata Mata (Mata Mata, 2014 / Alemanha)
Direção: Jens Hoffmann
Roteiro: Jens Hoffmann e Cleo Comino
Duração: 90 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Mata Mata
2014-05-24T08:55:00-03:00
Amanda Aouad
critica|documentario|Jens Hoffmann|
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