Bilheterias do semestre
Grandes bilheterias nunca foram sinônimo de bom filme. Isso não quer dizer que o público não sabe escolher, apenas que diversos fatores levam a lotar salas de cinema. É um conjunto de propaganda, expectativa, rostos conhecidos e, claro, quantidade de cópias. Por isso, quanto mais dinheiro investido, mais retorno de bilheteria.
Então, não me assusta que as dez maiores bilheterias do primeiro semestre nos cinemas brasileiros segundo o Filme B sejam de blockbusters norte-americanos. O primeiro colocado é Noé de Darren Aronofsky, que ganhou muita expectativa pela famosa história bíblica nas mãos de um diretor tão complexo. Tendo no elenco Russell Crowe e muito efeito especial, era mesmo uma fórmula de sucesso. Pena que o resultado do filme não seja tão interessante quanto prometia, ainda que não seja um filme ruim.
Já o segundo colocado, confesso, me surpreende. Rio 2, do brasileiro Carlos Saldanha, mostra a força das animações no país. Tudo bem que tem o lado ufanista de filme feito por brasileiro, com o nosso país de cenário, mas mesmo assim ser a segunda maior bilheteria do semestre, impressiona. Ainda mais quando desbanca títulos como Capitão América 2 - Soldado Invernal em terceiro, X-Men - Dias de um Futuro Esquecido em quarto e O Espetacular Homem-Aranha 2 em sexto. Três filmes que tinham públicos garantidos pela força dos personagens de quadrinhos.
A quinta colocação ficou para Malévola, outra mistura de sucesso fácil. Uma nova versão para a vilã de A Bela Adormecida, um conto de fadas conhecido. A força da Disney enquanto propaganda e distribuição. O nome de Angelina Jolie como protagonista. E claro, muita tecnologia e efeitos especiais. Tudo criou uma expectativa em relação a obra que também tem seus problemas, mas agradou a muitos.
Em sétimo lugar veio A Culpa é das Estrelas, baseado em um best seller, trazia os fãs do livro e os curiosos pelo sucesso. A força da divulgação não foi tão grande quanto as dos demais da lista, nem dos seis que ficaram em sua frente, nem dos três que ficaram atrás, por isso, não deixa de ser um feito.
Já o oitavo, Frozen - Uma Aventura Congelante, tem a força de ser mais uma animação da Disney. E com certeza, o boca a boca, inclusive com declarações de que seria o retorno dos grandes clássicos do estúdio. Os prêmios no Globo de Ouro e Oscar também devem ter ajudado na divulgação e força do filme, que é um dos meus preferidos dessa lista.
Os dois últimos, têm muitas coisas em comum. São filmes há muito tempo falados e esperados. E foram grandes decepções para a maioria do púbico. Ainda assim, conseguiram uma colocação nesse ranking. 300 - A Ascenção do Império que ficou em nono lugar, mas decepcionou enquanto filme, com uma trama sem consistência e uma estética que não acrescenta nada à criada no primeiro filme.
E o décimo colocado, o Robocop de José Padilha também foi bastante criticado pela deturpação do original, o que não concordo completamente. É um filme corajoso e com outro viés. Mas, claro, que por ser dirigido por um brasileiro, o filme ganhou mais interesse aqui.
De qualquer maneira, a lista demonstra que para uma pessoa ir ao cinema atualmente, ela não arrisca muito. Temos sempre obras já conhecidas, com atores e diretores que o público confia, ou tem curiosidade em ver. E, acima de tudo, muita propaganda. Todos esses filmes tiveram informações lançadas na mídia ainda na fase de produção, construindo uma expectativa crescente até a estreia. Muitos trailers, notícias de bastidores, entrevistas, informações extras. E tudo isso, precisa de dinheiro.
Da mesma forma que, ao estrear, todos os estúdios tinham força para colocá-los em mais de uma sala por cinema, aumentando o burburinho e diminuindo as opções. Isso demonstra a estrutura da indústria cinematográfica que pensa um filme não apenas pela obra em si, mas por todo o entorno dele, desde sua concepção até o, digamos, pós-venda, com DVDs e Blu-Rays.
Assim fica mesmo difícil para filmes independentes, principalmente os brasileiros onde a verba normalmente já é curta para finalização, quanto mais para distribuição e divulgação. Quem sabe um dia...
01º lugar – Noé (Renda: R$ 68,450 milhões/ Público: 4.885 milhões)
02º lugar – Rio 2 (Renda: R$ 63,986 milhões/ Público: 5.201 milhões)
03º lugar – Capitão América 2 - Soldado Invernal (Renda: R$ 63,225/ Público: 4.653 milhões)
04º lugar – X-Men Dias de um Futuro Esquecido (Renda: R$ 60,590 milhões/ Público: 4.515 milhões)
05º lugar – Malévola (Renda: R$ 60,579 milhões/ Público: 4.565 milhões)
06º lugar – O Espetacular Homem-Aranha 2 - A Ameaça de Electro (Renda: R$ 55,218 milhões/ Público: R$ 4.103 milhões)
07º lugar – A Culpa é das Estrelas (Renda: R$ 48,199 milhões/ Público: 4.185 milhões)
08º lugar – Frozen - Uma Aventura Congelante (Renda: R$ 47,489 milhões/ Público: 3.942 milhões)
09º lugar – 300 - A Ascenção do Império (Renda: R$ 40,545 milhões/ Público: 2.828 milhões)
10º lugar – Robocop (Renda: R$ 33,556 milhões/ Público: 2.821 milhões)
Então, não me assusta que as dez maiores bilheterias do primeiro semestre nos cinemas brasileiros segundo o Filme B sejam de blockbusters norte-americanos. O primeiro colocado é Noé de Darren Aronofsky, que ganhou muita expectativa pela famosa história bíblica nas mãos de um diretor tão complexo. Tendo no elenco Russell Crowe e muito efeito especial, era mesmo uma fórmula de sucesso. Pena que o resultado do filme não seja tão interessante quanto prometia, ainda que não seja um filme ruim.
Já o segundo colocado, confesso, me surpreende. Rio 2, do brasileiro Carlos Saldanha, mostra a força das animações no país. Tudo bem que tem o lado ufanista de filme feito por brasileiro, com o nosso país de cenário, mas mesmo assim ser a segunda maior bilheteria do semestre, impressiona. Ainda mais quando desbanca títulos como Capitão América 2 - Soldado Invernal em terceiro, X-Men - Dias de um Futuro Esquecido em quarto e O Espetacular Homem-Aranha 2 em sexto. Três filmes que tinham públicos garantidos pela força dos personagens de quadrinhos.
A quinta colocação ficou para Malévola, outra mistura de sucesso fácil. Uma nova versão para a vilã de A Bela Adormecida, um conto de fadas conhecido. A força da Disney enquanto propaganda e distribuição. O nome de Angelina Jolie como protagonista. E claro, muita tecnologia e efeitos especiais. Tudo criou uma expectativa em relação a obra que também tem seus problemas, mas agradou a muitos.
Em sétimo lugar veio A Culpa é das Estrelas, baseado em um best seller, trazia os fãs do livro e os curiosos pelo sucesso. A força da divulgação não foi tão grande quanto as dos demais da lista, nem dos seis que ficaram em sua frente, nem dos três que ficaram atrás, por isso, não deixa de ser um feito.
Já o oitavo, Frozen - Uma Aventura Congelante, tem a força de ser mais uma animação da Disney. E com certeza, o boca a boca, inclusive com declarações de que seria o retorno dos grandes clássicos do estúdio. Os prêmios no Globo de Ouro e Oscar também devem ter ajudado na divulgação e força do filme, que é um dos meus preferidos dessa lista.
Os dois últimos, têm muitas coisas em comum. São filmes há muito tempo falados e esperados. E foram grandes decepções para a maioria do púbico. Ainda assim, conseguiram uma colocação nesse ranking. 300 - A Ascenção do Império que ficou em nono lugar, mas decepcionou enquanto filme, com uma trama sem consistência e uma estética que não acrescenta nada à criada no primeiro filme.
E o décimo colocado, o Robocop de José Padilha também foi bastante criticado pela deturpação do original, o que não concordo completamente. É um filme corajoso e com outro viés. Mas, claro, que por ser dirigido por um brasileiro, o filme ganhou mais interesse aqui.
De qualquer maneira, a lista demonstra que para uma pessoa ir ao cinema atualmente, ela não arrisca muito. Temos sempre obras já conhecidas, com atores e diretores que o público confia, ou tem curiosidade em ver. E, acima de tudo, muita propaganda. Todos esses filmes tiveram informações lançadas na mídia ainda na fase de produção, construindo uma expectativa crescente até a estreia. Muitos trailers, notícias de bastidores, entrevistas, informações extras. E tudo isso, precisa de dinheiro.
Da mesma forma que, ao estrear, todos os estúdios tinham força para colocá-los em mais de uma sala por cinema, aumentando o burburinho e diminuindo as opções. Isso demonstra a estrutura da indústria cinematográfica que pensa um filme não apenas pela obra em si, mas por todo o entorno dele, desde sua concepção até o, digamos, pós-venda, com DVDs e Blu-Rays.
Assim fica mesmo difícil para filmes independentes, principalmente os brasileiros onde a verba normalmente já é curta para finalização, quanto mais para distribuição e divulgação. Quem sabe um dia...
01º lugar – Noé (Renda: R$ 68,450 milhões/ Público: 4.885 milhões)
02º lugar – Rio 2 (Renda: R$ 63,986 milhões/ Público: 5.201 milhões)
03º lugar – Capitão América 2 - Soldado Invernal (Renda: R$ 63,225/ Público: 4.653 milhões)
04º lugar – X-Men Dias de um Futuro Esquecido (Renda: R$ 60,590 milhões/ Público: 4.515 milhões)
05º lugar – Malévola (Renda: R$ 60,579 milhões/ Público: 4.565 milhões)
06º lugar – O Espetacular Homem-Aranha 2 - A Ameaça de Electro (Renda: R$ 55,218 milhões/ Público: R$ 4.103 milhões)
07º lugar – A Culpa é das Estrelas (Renda: R$ 48,199 milhões/ Público: 4.185 milhões)
08º lugar – Frozen - Uma Aventura Congelante (Renda: R$ 47,489 milhões/ Público: 3.942 milhões)
09º lugar – 300 - A Ascenção do Império (Renda: R$ 40,545 milhões/ Público: 2.828 milhões)
10º lugar – Robocop (Renda: R$ 33,556 milhões/ Público: 2.821 milhões)
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Bilheterias do semestre
2014-07-13T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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