Home
acao
aventura
Brett Ratner
critica
Dwayne Johnson
Ian McShane
Irina Shayk
John Hurt
Joseph Fiennes
Rufus Sewell
Hércules
Hércules
Vocês pensam que conhecem a história de Hércules. É o que nos diz o narrador do filme de Brett Ratner. E o que vemos nos próximos 98 minutos é bem diferente da mitologia grega, ainda que tenha ecos dela no mito do líder do grupo de mercenários que vaga pela Grécia.
A trama se passa em um tempo após os famosos doze trabalhos. Baseado na Radical Comics de Steve Moore e Cris Bolsin, o filme nos traz um Hércules humano, líder de um grupo de mercenários contratado para serviços por ouro. É quando o rei de Trácia o contrata para vencer uma ameaça que vem rondando o reino.
Transformar o personagem em um humano hábil e forte, demonstrando como a lenda surge a partir de feitos heróicos exagerados através dos trovadores, é interessante. Alguns livros já fizeram isso com a Lenda do Rei Artur e Merlin, por exemplo. Trazer a mitologia grega à tona nos traz outras possibilidades igualmente instigantes.
É curioso ver Dwayne Johnson encarnando o semi-deus, agora mortal. O ator finalmente demonstra ser capaz de se despir do personagem de si mesmo, ainda que continue sendo um homem forte. Vemos Hércules em cena e não "The Rock". E há uma boa química com seu grupo de mercenários, que funcionam em seus diversos papéis.
A proposta nos dá um filme de ação que mistura estilos de uma maneira interessante. Há muito da técnica romana na forma como Hércules treina o exército de Trácia. Da mesma forma que os valores expostos e as brigas de cidades nos lembram a Idade Média. Não que a Grécia Antiga fosse muito diferente, mas é interessante como a linguagem atualiza as referências para além do que seria a época retratada.
Os deuses aqui são meras alegorias citadas, sem importância efetiva. E não deixa de ser interessante mudar um pouco o ângulo de visão sobre o tema. A trama fica ágil, criando uma identificação maior com novas plateias. Mas, também fica um filme sem alma, querendo agradar a todos. E, no final, deixando a sensação apenas de uma aventura facilmente esquecível.
Nada contra a proposta. Existem filmes também para isso. Mas, ao se tratar de Hércules, um personagem tão impactante na mitologia grega, perde-se algumas oportunidades. Ao mesmo tempo que abre novas perspectivas, principalmente pelo argumento original que pode gerar discussões diversas sobre criação do mito, fé e limites da capacidade humana.
O que talvez decepcione mais em Hércules seja a parte técnica. As lutas são genéricas, muito do CGI dos monstros é frágil e o 3D é inexistente. É possível, inclusive perceber o tempo todo o trabalho da fotografia com variação na profundidade de campo, que com o efeito 3D perde muito do seu sentido de perspectiva.
No final das contas, Hércules não chega a ter a importância que Dwayne Johnson atribui. Talvez em sua carreira seja um marco, realmente conseguimos ver algo a mais ali. Mas, enquanto filme, fica apenas um entretenimento momentâneo com um argumento bem interessante.
Hércules (Hercules, 2014 / EUA)
Direção: Brett Ratner
Roteiro: Ryan Condal, Evan Spiliotopoulos
Com: Dwayne Johnson, John Hurt, Ian McShane, Joseph Fiennes, Rufus Sewell, Irina Shayk
Duração: 98 min.
A trama se passa em um tempo após os famosos doze trabalhos. Baseado na Radical Comics de Steve Moore e Cris Bolsin, o filme nos traz um Hércules humano, líder de um grupo de mercenários contratado para serviços por ouro. É quando o rei de Trácia o contrata para vencer uma ameaça que vem rondando o reino.
Transformar o personagem em um humano hábil e forte, demonstrando como a lenda surge a partir de feitos heróicos exagerados através dos trovadores, é interessante. Alguns livros já fizeram isso com a Lenda do Rei Artur e Merlin, por exemplo. Trazer a mitologia grega à tona nos traz outras possibilidades igualmente instigantes.
É curioso ver Dwayne Johnson encarnando o semi-deus, agora mortal. O ator finalmente demonstra ser capaz de se despir do personagem de si mesmo, ainda que continue sendo um homem forte. Vemos Hércules em cena e não "The Rock". E há uma boa química com seu grupo de mercenários, que funcionam em seus diversos papéis.
A proposta nos dá um filme de ação que mistura estilos de uma maneira interessante. Há muito da técnica romana na forma como Hércules treina o exército de Trácia. Da mesma forma que os valores expostos e as brigas de cidades nos lembram a Idade Média. Não que a Grécia Antiga fosse muito diferente, mas é interessante como a linguagem atualiza as referências para além do que seria a época retratada.
Os deuses aqui são meras alegorias citadas, sem importância efetiva. E não deixa de ser interessante mudar um pouco o ângulo de visão sobre o tema. A trama fica ágil, criando uma identificação maior com novas plateias. Mas, também fica um filme sem alma, querendo agradar a todos. E, no final, deixando a sensação apenas de uma aventura facilmente esquecível.
Nada contra a proposta. Existem filmes também para isso. Mas, ao se tratar de Hércules, um personagem tão impactante na mitologia grega, perde-se algumas oportunidades. Ao mesmo tempo que abre novas perspectivas, principalmente pelo argumento original que pode gerar discussões diversas sobre criação do mito, fé e limites da capacidade humana.
O que talvez decepcione mais em Hércules seja a parte técnica. As lutas são genéricas, muito do CGI dos monstros é frágil e o 3D é inexistente. É possível, inclusive perceber o tempo todo o trabalho da fotografia com variação na profundidade de campo, que com o efeito 3D perde muito do seu sentido de perspectiva.
No final das contas, Hércules não chega a ter a importância que Dwayne Johnson atribui. Talvez em sua carreira seja um marco, realmente conseguimos ver algo a mais ali. Mas, enquanto filme, fica apenas um entretenimento momentâneo com um argumento bem interessante.
Hércules (Hercules, 2014 / EUA)
Direção: Brett Ratner
Roteiro: Ryan Condal, Evan Spiliotopoulos
Com: Dwayne Johnson, John Hurt, Ian McShane, Joseph Fiennes, Rufus Sewell, Irina Shayk
Duração: 98 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Hércules
2014-09-05T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
acao|aventura|Brett Ratner|critica|Dwayne Johnson|Ian McShane|Irina Shayk|John Hurt|Joseph Fiennes|Rufus Sewell|
Assinar:
Postar comentários (Atom)
cadastre-se
Inscreva seu email aqui e acompanhe
os filmes do cinema com a gente:
os filmes do cinema com a gente:
No Cinema podcast
anteriores deste site
mais populares do site
-
E na nossa cobertura do FICI - Festival Internacional de Cinema Infantil , mais uma vez pudemos conferir uma sessão de dublagem ao vivo . Ou...
-
Terra Estrangeira , filme de 1995 dirigido por Walter Salles e Daniela Thomas , é um dos filmes mais emblemáticos da retomada do cinema b...
-
Raquel Pacheco seria apenas mais uma mulher brasileira a exercer a profissão mais antiga do mundo se não tivesse tido uma ideia, na época i...
-
“Testemunha ocular da História”, esse slogan de um famoso radiojornal brasileiro traduz bem o papel da imprensa no mundo. Um fotojornalista...
-
Para prestigiar o Oscar de Natalie Portman vamos falar de outro papel que lhe rendeu um Globo de Ouro e uma indicação ao Oscar em 2004. Clos...
-
Entre os dias 24 e 28 de julho, Salvador respira cinema com a sétima edição da Mostra Lugar de Mulher é no Cinema. E nessa edição, a propost...
-
Quando Twister chegou às telas em 1996, trouxe consigo um turbilhão de expectativas e adrenalina. Sob a direção de Jan de Bont , conhecido ...
-
Lucky Luke (2009) é uma adaptação cinematográfica de um ícone dos quadrinhos franco-belgas que há décadas encanta os leitores com suas ave...
-
Os Fantasmas Se Divertem (1988), dirigido por Tim Burton , é um marco do cinema que mescla comédia e horror de maneira original. Este fi...