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Magic Mike XXL
Magic Mike XXL
Em 2012, Steven Soderbergh levou aos cinemas Magic Mike, um filme controverso com muito potencial e poucos acertos. Três anos depois, é a vez de seu antigo assistente de direção dar continuidade à saga do personagem de Channing Tatum. E, se tirou os problemas do primeiro filme, tirou também muito do seu potencial, tornando-se apenas um divertimento frívolo quanto um show de strip tease, mas que tem o seu valor.
Mike não é mais o Magic de outros tempos. Largou a vida de stripper e realizou o seu sonho do negócio próprio. Porém, Dallas se mudou para China levando Adam e fechou o antigo clube deixando os demais profissionais na mão. Assim, Mike resolve embarcar com eles para uma jornada de despedida para uma última apresentação na convenção de strip tease em Myrtle Beach.
Magic Mike era um filme com diversas nuanças. Tinha a exploração do mundo do strip tease masculino, as mulheres enlouquecidas, os shows quase explícitos, os homens bonitos e musculosos. Mas, também tinha pinceladas críticas como a questão das drogas, a naturalização da profissão e o viés do preconceito, as questões psicológicas de cada um deles. Nada muito aprofundado, mas estava lá. Como estava lá também o melodrama, com uma trama que corria em paralelo protagonizada por Channing Tatum e Cody Horn que quebrava o ritmo do filme.
Magic Mike XXL resolve assumir o strip tease, o espetáculo, retirando qualquer sinal de melodrama, o que não deixa de ser um mérito. Porém, as nuanças críticas que poderiam elevar a trama a algo maior também estão fora do novo roteiro de Reid Carolin. É um filme que nos mostra homens assumindo que são strippers e pronto. O elemento novo aqui é o viés da libertação feminina, exploradas na personagem de Jada Pinkett Smith. E no grupo de mulheres capitaneadas pela personagem de Andie MacDowell.
Antes, as mulheres eram vistas apenas pelo ponto de vista masculino, mulheres carentes, histéricas ou pudicas que se relacionavam de uma maneira ou outra com aquele mundo. Aqui temos Rome, uma mulher forte, dona de um clube das mulheres e bem resolvida, que quer mostrar que as mulheres podem se sentir como rainhas. Ou seja, seu discurso é em prol da busca pelo prazer feminino, sem preconceitos. Já Nancy é uma mulher recém divorciada, que só conheceu um homem na vida e que prega a descoberta pelo prazer, inclusive à sua filha e às amigas dela.
Ou seja, em Magic Mike XXL o prazer feminino não é tabu, nem pecado. E a própria conotação do homem objeto também se torna mais amena, sendo de fato um objeto de prazer, mas também um veículo para que a mulher se liberte e encontre sua própria auto-estima. Não que os homens deixem de pincelar algumas frustrações ou desejos, o próprio Mike fala de sua vida, a perda do relacionamento. O Big também tem seus tabus em busca da sua "Cinderela". Mas, tudo isso se torna secundário em um filme onde o espetáculo de homens musculosos dançando para satisfazer as mulheres é o foco.
É interessante que Gregory Jacobs constrói o seu road movie de uma maneira muito leve e divertida, mesclando paisagens e dosando a narrativa para que tudo flua de uma maneira muito natural. Sempre intercalando viagens e diálogos com cenas de dança. Seja um ensaio, uma apresentação ou um teste em uma loja de conveniência. O filme vai passando sem que a gente perceba, não perdendo o ritmo nem o objetivo principal que é entreter. As cenas dos shows são um caso à parte, ainda mais explícitas e com movimentos e performances de tirar o fôlego.
Por ser mais autêntico em sua proposta, o aprendiz acabou superando o mestre. O filme de Gregory Jacobs acaba tendo mais unidade que o de Soderbergh, ainda que perca em potencial discursivo. É um filme de entretenimento fácil. Simples assim. Sem maiores pretensões ou camadas. Um filme para vermos homens bonitos e mulheres bonitas também. Ainda que eles busquem agradar a todas no palco ou fora dele.
Magic Mike XXL (Magic Mike XXL, 2015 / EUA)
Direção: Gregory Jacobs
Roteiro: Reid Carolin
Com: Channing Tatum, Joe Manganiello, Matt Bomer, Andie MacDowell, Elizabeth Banks, Jada Pinkett Smith, Adam Rodriguez, Kevin Nash
Duração: 115 min.
Mike não é mais o Magic de outros tempos. Largou a vida de stripper e realizou o seu sonho do negócio próprio. Porém, Dallas se mudou para China levando Adam e fechou o antigo clube deixando os demais profissionais na mão. Assim, Mike resolve embarcar com eles para uma jornada de despedida para uma última apresentação na convenção de strip tease em Myrtle Beach.
Magic Mike era um filme com diversas nuanças. Tinha a exploração do mundo do strip tease masculino, as mulheres enlouquecidas, os shows quase explícitos, os homens bonitos e musculosos. Mas, também tinha pinceladas críticas como a questão das drogas, a naturalização da profissão e o viés do preconceito, as questões psicológicas de cada um deles. Nada muito aprofundado, mas estava lá. Como estava lá também o melodrama, com uma trama que corria em paralelo protagonizada por Channing Tatum e Cody Horn que quebrava o ritmo do filme.
Magic Mike XXL resolve assumir o strip tease, o espetáculo, retirando qualquer sinal de melodrama, o que não deixa de ser um mérito. Porém, as nuanças críticas que poderiam elevar a trama a algo maior também estão fora do novo roteiro de Reid Carolin. É um filme que nos mostra homens assumindo que são strippers e pronto. O elemento novo aqui é o viés da libertação feminina, exploradas na personagem de Jada Pinkett Smith. E no grupo de mulheres capitaneadas pela personagem de Andie MacDowell.
Antes, as mulheres eram vistas apenas pelo ponto de vista masculino, mulheres carentes, histéricas ou pudicas que se relacionavam de uma maneira ou outra com aquele mundo. Aqui temos Rome, uma mulher forte, dona de um clube das mulheres e bem resolvida, que quer mostrar que as mulheres podem se sentir como rainhas. Ou seja, seu discurso é em prol da busca pelo prazer feminino, sem preconceitos. Já Nancy é uma mulher recém divorciada, que só conheceu um homem na vida e que prega a descoberta pelo prazer, inclusive à sua filha e às amigas dela.
Ou seja, em Magic Mike XXL o prazer feminino não é tabu, nem pecado. E a própria conotação do homem objeto também se torna mais amena, sendo de fato um objeto de prazer, mas também um veículo para que a mulher se liberte e encontre sua própria auto-estima. Não que os homens deixem de pincelar algumas frustrações ou desejos, o próprio Mike fala de sua vida, a perda do relacionamento. O Big também tem seus tabus em busca da sua "Cinderela". Mas, tudo isso se torna secundário em um filme onde o espetáculo de homens musculosos dançando para satisfazer as mulheres é o foco.
É interessante que Gregory Jacobs constrói o seu road movie de uma maneira muito leve e divertida, mesclando paisagens e dosando a narrativa para que tudo flua de uma maneira muito natural. Sempre intercalando viagens e diálogos com cenas de dança. Seja um ensaio, uma apresentação ou um teste em uma loja de conveniência. O filme vai passando sem que a gente perceba, não perdendo o ritmo nem o objetivo principal que é entreter. As cenas dos shows são um caso à parte, ainda mais explícitas e com movimentos e performances de tirar o fôlego.
Por ser mais autêntico em sua proposta, o aprendiz acabou superando o mestre. O filme de Gregory Jacobs acaba tendo mais unidade que o de Soderbergh, ainda que perca em potencial discursivo. É um filme de entretenimento fácil. Simples assim. Sem maiores pretensões ou camadas. Um filme para vermos homens bonitos e mulheres bonitas também. Ainda que eles busquem agradar a todas no palco ou fora dele.
Magic Mike XXL (Magic Mike XXL, 2015 / EUA)
Direção: Gregory Jacobs
Roteiro: Reid Carolin
Com: Channing Tatum, Joe Manganiello, Matt Bomer, Andie MacDowell, Elizabeth Banks, Jada Pinkett Smith, Adam Rodriguez, Kevin Nash
Duração: 115 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Magic Mike XXL
2015-07-28T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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