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Enquanto Somos Jovens
Enquanto Somos Jovens
Diretor do sucesso Frances Ha, Noah Baumbach volta a discutir o mundo adulto e os conceitos do que é ser bem sucedido em uma dramédia com choques de gerações e questionamentos sobre a cultura hipster. E acaba acertando em muitos pontos, errando em outros.
Ben Stiller e Naomi Watts formam um casal que chegou à faixa dos quarenta anos com diversos questionamentos. São conseguiram o sucesso profissional que pretendiam e com isso, a vida pessoal também foi ficando para depois, como a decisão de ter um filho. Josh é um documentarista que só lançou um filme até então, e atualmente trabalha no seu segundo por nove anos. Já Cornelia é produtora de seu pai, documentarista famoso e sente que só tem esse cargo pelo parentesco. Tudo muda quando eles conhecem o jovem casal Jamie e Darby que vão lhe dar novo ânimo e uma nova visão de vida.
Jamie e Darby são a representação estereotipada da cultura hipster. Jovens inconsequentes que formam muito mais pela aparência que pela própria essência. Descolados, mas amantes do natural, do retrô, da busca pela "verdade". A paixão de Jamie encanta Josh, principalmente por sentir seu ego inflado ao encontrar um fã do seu trabalho. Alguém que parece querer ouví-lo, ao contrário do sogro que, em sua visão, apenas o critica.
Já Cornelia começa a ser contagiada pela presença de outra mulher que não está na fase de filhos. O contraste da cena dela com a amiga na aula para mães, com a cena dela com Darby na aula de Hip Hop demonstra bem o que o diretor quer passar. Assim como é um bom exemplo do estereótipo citado. Afinal, os dois extremos não precisam necessariamente representar a realidade das duas idades.
De qualquer maneira, o filme é sensível ao tocar no tema, evocando essa sensação de urgência pela aceitação da sociedade que a geração hoje na casa dos 30 e 40 anos sofre. As gerações anteriores já tinham filhos e formavam família com vinte e poucos anos. Passar dos trinta e não ser casado ou não ter filhos se torna um exemplo de fracasso social aos olhos das gerações mais antigas, embora seja o mais comum de se ver atualmente. A juventude tardia, por assim dizer, reflete-se em diversos aspectos e o encontro dessas duas gerações acaba sendo um bom oxigênio para ambos.
Ainda que não aprofunde o tema, o filme nos traz momentos interessantes desse contraste, principalmente quando Cornélia e Josh, após começar a sair com Jamie e Darby, voltam a se encontrar com os amigos da mesma idade. É visível a mudança de ambos e a fala de sintonia entre os dois casais. São momentos diferentes que tornam a convivência quase impossível. Ao mesmo tempo, a relação com Jamie e Darby também não parece ter futuro, principalmente quando percebem como eles realmente pensam. Como se Cornélia e Josh se colocassem em um limbo de gerações, não pertencendo a nenhuma delas.
Não há, no entanto, julgamentos no filme. Noah Baumbach não aponta o certo ou o errado. Não busca desmistificar nenhum dos mundos, trabalhando no superficial de todos eles para simplesmente contar uma história. É curioso que ele utilize da discussão do documentário, do que é real ou não, do pacto com o espectador e a ética para resumir tudo isso. Pois, no final das contas é o que o seu filme acaba nos passando: Não nos preocupemos com os rótulos, é apenas um filme com um intuito de nos entreter contando uma boa história. E isso, ele consegue.
Enquanto Somos Jovens (While We're Young, 2014 / EUA)
Direção: Noah Baumbach
Roteiro: Noah Baumbach
Com: Ben Stiller, Naomi Watts, Adam Driver, Amanda Seyfried
Duração: 97 min.
Ben Stiller e Naomi Watts formam um casal que chegou à faixa dos quarenta anos com diversos questionamentos. São conseguiram o sucesso profissional que pretendiam e com isso, a vida pessoal também foi ficando para depois, como a decisão de ter um filho. Josh é um documentarista que só lançou um filme até então, e atualmente trabalha no seu segundo por nove anos. Já Cornelia é produtora de seu pai, documentarista famoso e sente que só tem esse cargo pelo parentesco. Tudo muda quando eles conhecem o jovem casal Jamie e Darby que vão lhe dar novo ânimo e uma nova visão de vida.
Jamie e Darby são a representação estereotipada da cultura hipster. Jovens inconsequentes que formam muito mais pela aparência que pela própria essência. Descolados, mas amantes do natural, do retrô, da busca pela "verdade". A paixão de Jamie encanta Josh, principalmente por sentir seu ego inflado ao encontrar um fã do seu trabalho. Alguém que parece querer ouví-lo, ao contrário do sogro que, em sua visão, apenas o critica.
Já Cornelia começa a ser contagiada pela presença de outra mulher que não está na fase de filhos. O contraste da cena dela com a amiga na aula para mães, com a cena dela com Darby na aula de Hip Hop demonstra bem o que o diretor quer passar. Assim como é um bom exemplo do estereótipo citado. Afinal, os dois extremos não precisam necessariamente representar a realidade das duas idades.
De qualquer maneira, o filme é sensível ao tocar no tema, evocando essa sensação de urgência pela aceitação da sociedade que a geração hoje na casa dos 30 e 40 anos sofre. As gerações anteriores já tinham filhos e formavam família com vinte e poucos anos. Passar dos trinta e não ser casado ou não ter filhos se torna um exemplo de fracasso social aos olhos das gerações mais antigas, embora seja o mais comum de se ver atualmente. A juventude tardia, por assim dizer, reflete-se em diversos aspectos e o encontro dessas duas gerações acaba sendo um bom oxigênio para ambos.
Ainda que não aprofunde o tema, o filme nos traz momentos interessantes desse contraste, principalmente quando Cornélia e Josh, após começar a sair com Jamie e Darby, voltam a se encontrar com os amigos da mesma idade. É visível a mudança de ambos e a fala de sintonia entre os dois casais. São momentos diferentes que tornam a convivência quase impossível. Ao mesmo tempo, a relação com Jamie e Darby também não parece ter futuro, principalmente quando percebem como eles realmente pensam. Como se Cornélia e Josh se colocassem em um limbo de gerações, não pertencendo a nenhuma delas.
Não há, no entanto, julgamentos no filme. Noah Baumbach não aponta o certo ou o errado. Não busca desmistificar nenhum dos mundos, trabalhando no superficial de todos eles para simplesmente contar uma história. É curioso que ele utilize da discussão do documentário, do que é real ou não, do pacto com o espectador e a ética para resumir tudo isso. Pois, no final das contas é o que o seu filme acaba nos passando: Não nos preocupemos com os rótulos, é apenas um filme com um intuito de nos entreter contando uma boa história. E isso, ele consegue.
Enquanto Somos Jovens (While We're Young, 2014 / EUA)
Direção: Noah Baumbach
Roteiro: Noah Baumbach
Com: Ben Stiller, Naomi Watts, Adam Driver, Amanda Seyfried
Duração: 97 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Enquanto Somos Jovens
2015-08-24T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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