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Blade Runner, o Caçador de Andróides
Blade Runner, o Caçador de Andróides
Tem filmes que envelhecem mal e outros que mesmo com o passar do tempo ainda nos parecem extremamente coerentes, dialogando com nossa época. Blade Runner pertence ao segundo grupo, sendo ainda hoje um dos melhores filmes de ficção científica a discutir a inteligência artificial.
O ano é de 2019, quase ali em nossa realidade atual, mas um futuro distante para época. Mudando a data, o clima pode ser transportado para um futuro possível em nossa imaginação. Ali, os replicantes, andróides criados para explorar novos mundos no universo, tentaram se rebelar e, com isso, foram proibidos no planeta Terra, sendo caçados e removidos por policias intitulados Blade Runners. É quando Rick Deckard, um desses caçadores de andróides, recebe a missão de "remover" quatro espécies que estão clandestinas na Terra.
A estrutura do roteiro é bastante simples. A missão é passada e vamos acompanhando em paralelo Rick caçando os replicantes enquanto vemo-los em sua própria missão, encontrar com o criador para entender quanto tempo lhes resta. Mas, o que envolve na estrutura de Blade Runner é a atmosfera criada e o cuidado com cada sequência.
É curioso perceber que apesar de ser o herói da trama, e do carisma de Harrison Ford, no auge de sua beleza e charme, é com os replicantes que vamos encontrar o maior vínculo afetivo. Por mais estranhos e ameaçadores que Pris e Roy pareçam, eles se amam e apenas reagem a forma hostil com que foram construídos e tratados por todo esse tempo. Leon e, principalmente, Zhora nos são quase desconhecidos, mas o casal de replicantes acabam nos envolvendo em seu objetivo principal e a interpretação de Daryl Hannah e Rutger Hauer ajuda muito nisso.
Porque, na verdade, a grande questão de Blade Runner é discutir o que é humano ou não. O teste para identificar replicantes utiliza de técnicas emocionais. Ou seja, muito antes da discussão da inteligência emocional, a obra que é baseada no livro de Philip K. Dick demonstra que não é o "penso", mas o sinto que nos identifica como seres humanos. E ao discutir isso, gera também as questões éticas da criação de inteligências artificiais que tenham sentimentos. Se assistirmos a versão do diretor, então, comprovando no final aquilo que na versão do produtor era apenas uma suposição, tudo fica ainda mais complexo.
Até por isso, a direção de Ridley Scott traz sempre um tom melancólico às fotografia e trilha sonora. Vemos boa parte da projeção sob forte chuva, com cenários sombrios e muito contraste de sombra e luz. E os acordes de Vangelis estão sempre em tom menor e em um compasso lento nos dando aquela sensação de se arrastar naquela tristeza sem fim do vazio.
Depois de tanto tempo, ter visto essa obra pela primeira vez no cinema teve um efeito ainda mais intenso. Nunca tinha visto a versão do diretor, apenas a lançada pelos estúdios e isso foi ainda mais especial. Reforçando a força e a importância desse filme para a história recente do cinema. Pena que Ridley Scott não nos surpreende mais com pequenas pérolas como essa.
Blade Runner, o Caçador de Andróides (Blade Runner, 1982 / EUA)
Direção: Ridley Scott
Roteiro: Hampton Fancher , David Webb Peoples
Com: Harrison Ford, Rutger Hauer, Sean Young, Edward James Olmos, Daryl Hannah, Brion James
Duração: 117 min.
O ano é de 2019, quase ali em nossa realidade atual, mas um futuro distante para época. Mudando a data, o clima pode ser transportado para um futuro possível em nossa imaginação. Ali, os replicantes, andróides criados para explorar novos mundos no universo, tentaram se rebelar e, com isso, foram proibidos no planeta Terra, sendo caçados e removidos por policias intitulados Blade Runners. É quando Rick Deckard, um desses caçadores de andróides, recebe a missão de "remover" quatro espécies que estão clandestinas na Terra.
A estrutura do roteiro é bastante simples. A missão é passada e vamos acompanhando em paralelo Rick caçando os replicantes enquanto vemo-los em sua própria missão, encontrar com o criador para entender quanto tempo lhes resta. Mas, o que envolve na estrutura de Blade Runner é a atmosfera criada e o cuidado com cada sequência.
É curioso perceber que apesar de ser o herói da trama, e do carisma de Harrison Ford, no auge de sua beleza e charme, é com os replicantes que vamos encontrar o maior vínculo afetivo. Por mais estranhos e ameaçadores que Pris e Roy pareçam, eles se amam e apenas reagem a forma hostil com que foram construídos e tratados por todo esse tempo. Leon e, principalmente, Zhora nos são quase desconhecidos, mas o casal de replicantes acabam nos envolvendo em seu objetivo principal e a interpretação de Daryl Hannah e Rutger Hauer ajuda muito nisso.
Porque, na verdade, a grande questão de Blade Runner é discutir o que é humano ou não. O teste para identificar replicantes utiliza de técnicas emocionais. Ou seja, muito antes da discussão da inteligência emocional, a obra que é baseada no livro de Philip K. Dick demonstra que não é o "penso", mas o sinto que nos identifica como seres humanos. E ao discutir isso, gera também as questões éticas da criação de inteligências artificiais que tenham sentimentos. Se assistirmos a versão do diretor, então, comprovando no final aquilo que na versão do produtor era apenas uma suposição, tudo fica ainda mais complexo.
Até por isso, a direção de Ridley Scott traz sempre um tom melancólico às fotografia e trilha sonora. Vemos boa parte da projeção sob forte chuva, com cenários sombrios e muito contraste de sombra e luz. E os acordes de Vangelis estão sempre em tom menor e em um compasso lento nos dando aquela sensação de se arrastar naquela tristeza sem fim do vazio.
Depois de tanto tempo, ter visto essa obra pela primeira vez no cinema teve um efeito ainda mais intenso. Nunca tinha visto a versão do diretor, apenas a lançada pelos estúdios e isso foi ainda mais especial. Reforçando a força e a importância desse filme para a história recente do cinema. Pena que Ridley Scott não nos surpreende mais com pequenas pérolas como essa.
Blade Runner, o Caçador de Andróides (Blade Runner, 1982 / EUA)
Direção: Ridley Scott
Roteiro: Hampton Fancher , David Webb Peoples
Com: Harrison Ford, Rutger Hauer, Sean Young, Edward James Olmos, Daryl Hannah, Brion James
Duração: 117 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Blade Runner, o Caçador de Andróides
2015-09-21T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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