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Jogos Vorazes: A Esperança - O Final
Jogos Vorazes: A Esperança - O Final
Jogos Vorazes chegou em 2012 com a difícil tarefa de substituir Harry Potter como nova franquia adolescente. Seu primeiro filme misturando inspirações de reality shows e circos romanos funcionou como promessa que se concretizou e até mesmo superou expectativas no segundo filme. Em Chamas realmente tocou fogo na discussão, ampliando a crítica à manipulação da imprensa e a questões de nossa sociedade apática levada como gado. Mas, a terceira parte dessa jornada acabou sendo um pouco frustante, principalmente nessa divisão entre dois filmes.
Jogos Vorazes: A Esperança tem até uma boa intenção. A primeira parte nos dá um tempo para conhecermos melhor as estratégias do Distrito 13 e sua presidente Coin, já nos dando vislumbres de que ela e Snow não são tão diferentes assim. Da mesma forma que temos um tempo para Katniss ir se preparando. Mas, fazendo mais uma vez a comparação com Harry Potter que até hoje é o filme que melhor justifica a divisão do livro em duas obras audiovisuais, a segunda parte não veio como virada tão forte quanto a batalha em Hogwarts.
Os atores estão bem em cena, sem grandes destaques, mas no geral, todos seguram a emoção. E a solução para a ausência de Philip Seymour Hoffman foi boa, com poucas inserções virtuais e muita citação a seu personagem. Mas, ainda assim, o filme não convence. O Final é lento, tão lento quanto a primeira parte de A Esperança. A narrativa se arrasta, circulando no mesmo tempo e não nos dando uma dimensão tão exata do porquê desse ritmo. A missão de Katniss não nos parece muito lógica, principalmente porque na primeira parte já havia ficado claro que Snow possui o controle da informação. Algumas estratégias de fuga e esconderijo, então, soam falsas em muitos momentos.
Toda a crítica à manipulação da mídia e a formação de ícones também perde força na jornada final. Mesmo reviravoltas óbvias no clímax acabam tornando-se tolas, nos deixando pensar que tudo aquilo parece ter sido em vão. A luta de Katniss para libertar os Distritos não foi compreendida por eles, que, no fundo, continuam facilmente manipuláveis e influenciáveis, vide o linchamento que presenciamos e a saída da heroína.
Ainda assim, esses mesmos pontos negativos nos trazem pontos positivos enquanto saga, pois nos ajudam a pensar. Se os espectadores de lá de Panem não são capazes de ter um pensamento crítico em relação ao que vêem, tudo isso nos faz observar nossos próprios hábitos. Principalmente nos dias atuais onde as redes sociais se tornaram verdadeiras arenas de vaidades e opiniões intransigentes que levam pessoas a ridicularizar outras simplesmente por diversão ou por ela não concordar com seu ponto de vista.
Somos capazes de desejar a morte de pessoas públicas, vibrar com atrocidades humanas e xingar em nome de raças, religiões ou outras crenças. E a mídia continua alimentando esse circo, que agora não está mais concentrado na televisão, mas disperso pela internet entre textos, vídeos e correntes falsas ou verdadeiras sobre diversos temas. Não deixa de ser assustador. E talvez seja isso que Katniss perceba no final, por isso sua escolha.
Jogos Vorazes: A Esperança - O Final poderia ser muito mais. O filme em si não tem ritmo, não tem uma boa economia dramática, nem nos reserva grandes surpresas. De qualquer maneira, fecha a saga com alguns méritos. E nos faz pensar em como a chama acesa no segundo filme poderia ser ainda melhor explorada dentro desse universo.
Jogos Vorazes: A Esperança - O Final (The Hunger Games: Mockingjay - Part 2, 2015 / EUA)
Direção: Francis Lawrence
Roteiro: Peter Craig, Danny Strong
Com: Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson, Liam Hemsworth, Philip Seymour Hoffman, Julianne Moore, Elizabeth Banks, Mahershala Ali, Donald Sutherland, Woody Harrelson
Duração: 137 min.
Jogos Vorazes: A Esperança tem até uma boa intenção. A primeira parte nos dá um tempo para conhecermos melhor as estratégias do Distrito 13 e sua presidente Coin, já nos dando vislumbres de que ela e Snow não são tão diferentes assim. Da mesma forma que temos um tempo para Katniss ir se preparando. Mas, fazendo mais uma vez a comparação com Harry Potter que até hoje é o filme que melhor justifica a divisão do livro em duas obras audiovisuais, a segunda parte não veio como virada tão forte quanto a batalha em Hogwarts.
Os atores estão bem em cena, sem grandes destaques, mas no geral, todos seguram a emoção. E a solução para a ausência de Philip Seymour Hoffman foi boa, com poucas inserções virtuais e muita citação a seu personagem. Mas, ainda assim, o filme não convence. O Final é lento, tão lento quanto a primeira parte de A Esperança. A narrativa se arrasta, circulando no mesmo tempo e não nos dando uma dimensão tão exata do porquê desse ritmo. A missão de Katniss não nos parece muito lógica, principalmente porque na primeira parte já havia ficado claro que Snow possui o controle da informação. Algumas estratégias de fuga e esconderijo, então, soam falsas em muitos momentos.
Toda a crítica à manipulação da mídia e a formação de ícones também perde força na jornada final. Mesmo reviravoltas óbvias no clímax acabam tornando-se tolas, nos deixando pensar que tudo aquilo parece ter sido em vão. A luta de Katniss para libertar os Distritos não foi compreendida por eles, que, no fundo, continuam facilmente manipuláveis e influenciáveis, vide o linchamento que presenciamos e a saída da heroína.
Ainda assim, esses mesmos pontos negativos nos trazem pontos positivos enquanto saga, pois nos ajudam a pensar. Se os espectadores de lá de Panem não são capazes de ter um pensamento crítico em relação ao que vêem, tudo isso nos faz observar nossos próprios hábitos. Principalmente nos dias atuais onde as redes sociais se tornaram verdadeiras arenas de vaidades e opiniões intransigentes que levam pessoas a ridicularizar outras simplesmente por diversão ou por ela não concordar com seu ponto de vista.
Somos capazes de desejar a morte de pessoas públicas, vibrar com atrocidades humanas e xingar em nome de raças, religiões ou outras crenças. E a mídia continua alimentando esse circo, que agora não está mais concentrado na televisão, mas disperso pela internet entre textos, vídeos e correntes falsas ou verdadeiras sobre diversos temas. Não deixa de ser assustador. E talvez seja isso que Katniss perceba no final, por isso sua escolha.
Jogos Vorazes: A Esperança - O Final poderia ser muito mais. O filme em si não tem ritmo, não tem uma boa economia dramática, nem nos reserva grandes surpresas. De qualquer maneira, fecha a saga com alguns méritos. E nos faz pensar em como a chama acesa no segundo filme poderia ser ainda melhor explorada dentro desse universo.
Jogos Vorazes: A Esperança - O Final (The Hunger Games: Mockingjay - Part 2, 2015 / EUA)
Direção: Francis Lawrence
Roteiro: Peter Craig, Danny Strong
Com: Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson, Liam Hemsworth, Philip Seymour Hoffman, Julianne Moore, Elizabeth Banks, Mahershala Ali, Donald Sutherland, Woody Harrelson
Duração: 137 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Jogos Vorazes: A Esperança - O Final
2015-11-24T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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