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Samantha Schmütz
Tô Ryca!
Tô Ryca!
Tô Ryca! poderia ser mais uma comédia brasileira sem muita substância em busca de público fácil. Pior, sem criatividade, já que recicla ideias já vistas. Mas, a obra consegue divertir e trazer ponderações interessantes, se fiando, principalmente, no talento de Samantha Schmütz.
O roteiro, como dito, não é original. Vem de um livro de George Barr McCutcheon que no Brasil teve o nome de Chuva de Milhões. A obra deu origem a diversos filmes como o de 1985 dirigido por Walter Hill e estrelado por Richard Pryor de onde o roteirista Fil Braz parece se inspirar mais. A missão do jogador de beisebol do filme estadunidense e da frentista Selminha do filme nacional é a mesma: gastar 30 milhões em trinta dias para herdar trezentos milhões. Mas, com algumas regras que não podem ser compartilhadas com outras pessoas.
Independente da inspiração, o filme acaba funcionando bem e tendo a cara do Brasil e de Samantha Schmütz. Ainda que a produção exagere um pouco na caricatura do pobre e suburbano. Mas, não deixa de ser uma fórmula cansativa que funciona, como já vimos em Vai que Cola, Até que a Sorte nos Separe ou Um Suburbano Sortudo.
Tô Ryca! consegue subverter um pouco dessa caricatura ao trazer a reflexão e choque cultural em cenas como o da boate onde a participação de Fiorella Mattheis faz de tudo para menosprezar as duas suburbanas novas ricas. Aliás, a cena da batalha do passinho é hilária, independente do seu gosto musical ou compreensão do que está em jogo ali.
Outra questão interessante que o filme aborda é política. Seja nas reclamações iniciais de Selminha, demonstrando as dificuldades do pobre em viver em uma metrópole como Rio de Janeiro. Seja na parte da campanha eleitoral. Ainda que, de forma leve, o roteiro traz reflexões sobre a postura de políticos e os problemas do nosso país. E, como rir parece ser o melhor remédio, temos a cena em paralelo entre os dois comícios que dá um show de montagem na comparação entre os dois momentos.
Aliás, todo o filme é bastante dinâmico. A parte inicial onde Selminha e sua amiga Luane conversam em diversos cenários diferentes enquanto se dirigem ao trabalho, por exemplo, é muito boa. A maneira como a montagem vai dando unidade à sequência sem perder a noção do deslocamento é bem feita e traz uma ótima apresentação de universo e personagens.
Agora, o que conta mesmo e que vai levar milhares de brasileiros ao cinema que sairão da sessão satisfeitos é o talento de Samantha Schmütz. Na pele de Selminha e também do seu tio rico que deixa essa ingrata missão, a atriz, cantora entre outras funções, consegue demonstrar muito de sua versatilidade. E principalmente, sua capacidade de fazer rir. Nas situações mais bobas ou nas mais elaboradas, é impossível não dar risada com ela em cena.
E no final, é isso que vale, por mais que fiquemos aqui apontando falhas e cansaço da fórmula. Tô Ryca! consegue cumprir sua função de entreter, sem deixar de tentar associar alguma mensagem positiva como os verdadeiros valores da vida, por mais piegas que isso possa parecer. Reflexões que já estavam no livro de 1902. Afinal, dinheiro traz felicidade?
Tô Ryca! (Tô Ryca!, 2016 / Brasil)
Direção: Pedro Antonio
Roteiro: Fil Braz
Com: Samantha Schmütz, Katiuscia Canoro, Marcelo Adnet, Marília Pêra, Fabiana Karla, Marcus Majella, Marcelo Melo Jr., Anderson Di Rizzi
Duração: 110 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Tô Ryca!
2016-09-19T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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