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Um Limite entre Nós
Um Limite entre Nós
Baseado na peça de mesmo nome de August Wilson, Um Limite Entre Nós tem o problema de se apegar demais ao texto e quase não ousar explorar as possibilidades cinematográficas. Ainda assim, traz questões instigantes e ótimas atuações que valem a investida.
O filme é extremamente verborrágico. As personagens falam o tempo todo, não dando descanso para a reflexão ou mesmo a contemplação das situações. Tudo fica centrado também em um só cenário, ainda que tenhamos parte da casa e alguns pedaços de rua, basicamente ele acontece no quintal da família. E a câmera de Denzel Washington não parece ousar nos dar perspectivas maiores desse cenário, sendo quase uma peça filmada.
Ainda assim, há força no texto e há envolvimento na trama desse homem repleto de problemas pessoais, que bebe para tentar aliviá-los e desconta em sua esposa e filho mais novo. Traumatizado pela discriminação que sempre sofreu, triste pelo primeiro relacionamento e filho "inútil" que gerou, preocupado com o irmão doente mental, que a todo momento é preso. Mas ainda assim, orgulhoso demais para dividir responsabilidades ou decisões em casa.
Assim, sua esposa sofre calada a maior parte do tempo. Na visão dele, ela não tem o direito também de extravasar e buscar pequenos momentos de felicidade. Uma cena em específico onde temos uma revelação seguida de uma catarse demonstra bem isso e levanta questões de gênero necessárias. Principalmente porque é algo que vem incomodando desde o início, o papel secundário da mulher.
Da mesma maneira, a relação com o filho mais novo, extremamente castradora no estilo eu-sou-pai-sei-o-que-é-melhor-para-você, traz fortes discussões com diálogos ferinos e cenas impactantes. Um texto assim, só poderia mesmo privilegiar os atores e eles estão realmente muito bem.
Viola Davis consegue construir essa mulher submissa e forte ao mesmo tempo em pequenos gestos, em nuanças de olhar, no tom de voz. Assim como Denzel Washington consegue construir esse homem que finge ser seguro de si só para esconder toda sua insegurança diante da vida. Os demais atores também cumprem bem o seu papel.
Por isso, o filme acaba se aproximando mais da linguagem do teatro que do cinema. Texto e atores se sobressaem a qualquer outro recurso técnico, não nos dando muita margem para analisá-los. Ainda assim, é um bom filme, até mesmo pela experiência forte que nos traz e a maneira como mexe com nossas emoções.
Um Limite Entre Nós (Fences, 2017 / EUA)
Direção: Denzel Washington
Roteiro: August Wilson
Com: Denzel Washington, Viola Davis, Stephen Henderson, Russell Hornsby, Jovan Adepo
Duração: 139 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Um Limite entre Nós
2017-03-03T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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