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Yorgos Lanthimos
O Lagosta
O Lagosta
Um sinal de que estamos crescendo é quando os familiares começam as perguntas: "e aí, tá namorando?" Questão que muitas vezes constrangem e fazem os jovens se sentirem pressionados a encontrar alguém. Mas, o que faz duas pessoas se juntarem enquanto casal e decidir compartilhar uma vida? E que pressão é essa que a sociedade faz para que nunca estejamos sozinhos?
O Lagosta é uma ficção científica que extrapola todas as lógicas para discutir esse problema. Em uma realidade distópica, não necessariamente em um futuro distante, é proibido ser solteiro. Aqueles que ficam viúvos ou estão sós, são enviados a um hotel com a missão de encontrar alguém que combine consigo. Caso fracassem no tempo determinado, essas pessoas se tornam um animal da própria escolha.
Lagosta é a escolha da personagem de Colin Farrell, mas seu objetivo é encontrar alguém para não ter esse fim, no mínimo, bizarro. A questão é: quem serve para ele? É curioso que os casais vão se formando de uma maneira esquisita, tendo que provar que possuem algo em comum, que combinam. Assim, algumas pessoas chegam a burlar as regras para forçar uma aproximação, como um rapaz que bate o nariz na parede para fingir que sangra espontaneamente como uma garota que ele se interessou.
A equação fica ainda mais instigante com o grupo de solteiros que vive na floresta liderados por Léa Seydoux. Lá, a regra é o extremo oposto, todos são obrigados a ficar solteiros. Qualquer paquera percebida é punida de maneira severa. Nos deixando essa sensação ruim de não haver escolhas, nem meio termo. A questão não é a liberdade de esperar surgir alguém que interesse, mas a necessidade de seguir regras.
Todo o clima do filme é construído com um tom meio artificial, exatamente porque essa sociedade parece toda pautada na questão do fake, das aparências. O próprio casal citado do nariz sangrando, se estavam se dando bem, por que o fato dele não sangrar espontameamente pode ser um problema? Não poderiam conviver bem e se amar pessoas que não "combinam" em algum aspecto?
A própria ideia de se tornar um animal ao fracassar na missão de encontrar sua cara metade traz reflexões curiosas. Afinal o que nos define como seres humanos? Viver em sociedade parece ser uma delas. A questão maior aqui não é nem ter ou não um parceiro. Mas, se você não consegue seguir as regras sociais, você está excluído dela. E o fato do grupo dos solteiros ter tão selvagem e agressivo, ainda que com suas regras próprias nos traz ainda mais questões a pensar.
A própria composição da direção de arte e fotografia nos mostra essas diferenças, o mundo asséptico e com cores pastéis, em tons controlados do hotel, onde até as roupas são iguais. Contrastar com o verde e vermelho fortes da floresta, inclusive nas roupas e acessórios utilizados.
O Lagosta é um filme que pode causar estranhamento, mas, no fundo, traz uma reflexão bem pertinente e nem um pouco estranha da nossa sociedade e possibilidades que temos nela. A pressão por constituir família, por se manter dentro das regras aceitáveis, por buscar apaziguar sentimentos em vez de confrontar divergências. Pode chocar, mas é só a gente se olhando no espelho.
O Lagosta (The Lobster, 2017 / Grécia / Irlanda)
Direção: Yorgos Lanthimos
Roteiro: Yorgos Lanthimos, Efthymis Filippou
Com: Colin Farrell, Rachel Weisz, Jessica Barden, Olivia Colman, Léa Seydoux
Duração: 119 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
O Lagosta
2017-03-05T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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