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As Virgens Suicidas
As Virgens Suicidas
Em tempos de 13 Reasons Why, resgato aqui o primeiro longa-metragem dirigido por Sofia Coppola, As Virgens Suicidas. Uma obra extremamente sensível sobre a visão feminina da adolescência e os medos comuns e incomuns dessa fase.
Baseado no livro de Jeffrey Eugenides, a obra traz um contraste melancólico da descoberta da adolescência com a castração de pais conservadores e assustados diante do suicídio de uma das suas cinco filhas. O medo pelo acontecido acaba provocando o sufocamento das quatro que restam, tornando o caso algo curioso e lendário no bairro onde moravam.
A obra é construída com uma linguagem híbrida que simula um documentário. Temos entrevistas de personagens em um futuro distante falando sobre o caso, assim como a narração em voz over de um dos garotos que acompanhou de longe os acontecimentos. Ao mesmo tempo em que a dramaturgia se constrói no tempo das jovens desde o momento em que uma delas se suicida, passando pelas restrições, os acontecimentos em um baile e as consequências de tudo isso.
O título já dá spoilers, é verdade, mas a maneira como Sofia Coppola se apropria das imagens nos faz não nos importar tanto com o que vai acontece, mas o como cada um dos acontecimentos vai sendo desenvolvido. A atmosfera da cidade do interior estadunidense nos lembra algumas obras clássicas como Carrie, a Estranha, o que cria até mesmo um eco na cena do baile e coroação do rei e da rainha, ainda que com desfecho diferente. Porém, a cineasta consegue imprimir seu ritmo próprio, nos levando para além do melodrama.
O distanciamento proposto pela linguagem nos faz acompanhar os fatos sem nos aproximar necessariamente das garotas. Ou mesmo dos pais castradores, que não são vilanizados, apesar de tudo. Há um equilíbrio entre curiosidade e envolvimento cognitivo que nos deixa dentro da trama, mas como quem acompanha, de fato, um documentário. Um caminho curioso sobre o tema.
Na verdade, a obra não fala sobre suicídio, mas sobre liberdade, ou a perda dela. E, com isso, o próprio sentido da vida. As jovens estão em plena época de descobertas. Do sexo, das mudanças de seu corpo e sua personalidade, de pensar o futuro, planejar uma carreira. Ao mesmo tempo tem que conviver com a presença da morte da irmã e o excesso de zelo dos pais. Principalmente da mãe, fanática religiosa que prefere guardar as filhas do mundo. Aliás, vale um destaque para interpretação de Kathleen Turner nesse sentido.
O jogo construído a partir dos acontecimentos, vai sendo exposto e discutido em tela de uma maneira eficaz, principalmente pelas escolhas de direção. Há um tom melancólico pelo desenrolar da trama, mas há também um jogo cênico de situações curiosas, como se isso acontecesse todos os dias. O que não deixa de ser verdade.
As Virgens Suicidas é daqueles filmes que ficam em nossa lembrança por diversos motivos. Uma obra que nos faz pensar mais que sentir. O que não deixa de ser algo bem-vindo, principalmente nas obras de Sofia Coppola.
As Virgens Suicidas (The Virgin Suicides, 1999 / EUA)
Direção: Sofia Coppola
Roteiro: Sofia Coppola
Com: Kirsten Dunst, Josh Hartnett, James Woods, Kathleen Turner
Duração: 97 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
As Virgens Suicidas
2017-05-06T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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