
A parábola do filho pródigo demonstra que não importa o que um filho faça, o seu retorno é sempre uma alegria para os pais. Um sinal de que há esperanças de um recomeço, de um caminho a ser seguido.
O Retorno de Ben traz a história de um jovem adicto que retorna ao lar na época de Natal. Mas, mais do que isso, fala de uma mãe, que se vê entre a alegria de ter novamente o seu filho e a sensação eterna de que algo vai dar errado. E é nessa construção de expectativas e emoções que o roteiro de Peter Hedges nos pega.

Há cenas extremamente simples e, ao mesmo tempo, potentes. Como na reunião do grupo de ajuda ou no provador de uma loja no shopping. A direção de Peter Hedges consegue trabalhar de maneira minimalista nos dando uma sensação de real que nos aproxima daquelas personagens. Há falhas e virtudes em todos. É possível crer naquelas situações mesmo quando a trama começa a intensificar algumas questões com reviravoltas.

É também uma trama de descoberta, sem pressa, sem explicações prévias. A condução da curva dramática vai nos entregando as camadas daquela história aos poucos. Por isso, as reviravoltas não parecem exageradas, tudo vai fluindo de maneira natural, como uma construção contínua da vida, mesmo.
O Retorno de Ben é um drama que vai além da questão do próprio rapaz, seu vício e possíveis consequências. Vai além também do amor de uma mãe disposta a tudo para salvá-lo. É um reencontro e uma nova chance, por mais difícil que isso pareça.
O Retorno de Ben (Ben Is Back, 2019 / EUA)
Direção: Peter Hedges
Roteiro: Peter Hedges
Com: Julia Roberts, Lucas Hedges, Courtney B. Vance
Duração: 104 min.