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Kasa Branca
Kasa Branca
O cinema sempre olhou para os locais periféricos e pessoas de classe menos favorecidas com um olhar paternalista. Não é incomum vermos na tela histórias de dor, violência, segregação, abandono. Kasa Branca tem um pouco de tudo isso, mas também nos lembra que ali moram pessoas com diversas histórias e camadas que vão além do estereótipo.
Primeiro longa-metragem de Luciano Vidigal (Nós no morro), a trama conta a história de Dé, um jovem que mora sozinho com sua avó em estado terminal de Alzheimer. Sem muitos recursos para os cuidados diários, o rapaz conta com o apoio incondicional dos amigos Martins e Adrianim, na busca pelos últimos momentos felizes para a doente senhora, enquanto arruma formas de fugir da cobrança do aluguel da casa e formas de comprar remédios e objetos como fralda geriátrica.
Ainda que exista muita dor e dificuldade na trajetória de Dé, há também momentos de diversão e lazer. O trio de amigos funciona muito bem, construindo um retrato sobre essa fase inicial da vida adulta em suas diversas camadas de maneira leve. Há um equilíbrio entre o engraçado, o certinho e o esforçado, que se complementa e traz verdade para a rotina deles pela comunidade.
A relação com dona Alzira, a avó vivida por Teca Pereira, traz um tom poético e melancólico. A velha senhora não interage, mas de alguma maneira evoca sentimentos e memórias que o neto se esforça para compreender e reforçar. Isso nos dá momentos belos como a ida ao parque de diversões ou as tentativas de trilha ao morro. Assim como momentos mais melancólicos como os constantes passeios para observar o trilho do trem.
Dé se constrói a partir das tentativas de caminhos. Não tem trabalho, não tem mãe, não fala com o pai. De alguma maneira, se acostumou a se virar na adversidade, mas nunca se coloca como vítima. Além de buscar dar os últimos bons momentos à avó, sonha com a mãe de um dos amigos, vivida por Roberta Rodrigues.
A fotografia contempla aquela realidade de maneira também poética e intimista, não abrindo sua lente para as imagens gerais clássicas de ambientação. Mesmo quando mostra imagens que contemplam a paisagem, há um olhar direcionado, vindo de dentro da comunidade, nos convidando a entrar naquela realidade pela visão de quem realmente mora ali.
Kasa Branca traz uma história singela, repleta de afetos, dores e memórias. Possui um ritmo que nos ajuda a acompanhar aquela saga e nos aproxima de suas personagens. Um filme gostoso de acompanhar, ainda que não se furte a reflexão e emoções diversas.
Filme visto no 57º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro - Mostra Festival dos Festivais.
Kasa Branca (Brasil, 2024)
Direção: Luciano Vidigal
Roteiro: Luciano Vidigal
Com: Ramon Francisco, Teca Pereira, Roberta Rodrigues, Babu Santana, Big Jaum, Diego Francisco, Gi Fernandes
Duração: 95 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Kasa Branca
2024-12-05T19:29:00-03:00
Amanda Aouad
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