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Por que não o fim do mundo?

Fim do Mundo - Profecia MaiaSegundo a Profecia Maia, o mundo acaba nessa sexta-feira, dia 21/12. Alguns acreditam nisso, outros acreditam desconfiando, outros acham uma grande bobagem. A verdade é que o mundo como conhecemos está sempre em mudança, em fases e, por isso, já acabou diversas vezes. A humanidade já teve oportunidades de recomeço, porque o planeta em si está aí, a mais de 5 bilhões. Mesmo no cinema, a maioria dos filmes catástrofes, o mundo fica intacto, é a humanidade que é destruída, seja por bombas, por vírus ou quaisquer tipo de epidemia letal para a raça. Nesses casos, sempre resta uma esperança, ainda que aparentemente exista apenas um ser humano na face da Terra, como em Eu sou a lenda. Sempre é tempo de recomeçar.

Raros são os filmes que destroem literalmente o planeta. Filmes onde não resta nenhuma esperança, porque simplesmente não existirá o que reconstruir, como Melancolia. Uma desesperança, ou uma nova esperança, onde quem sabe, existindo vida após a morte, também existam mundos espirituais em que possamos recomeçar. Depende da crença de cada um. Mas, a grande questão é será que a humanidade ainda vale a pena? Será que merecemos continuar nesse mundo? Para explicar melhor os exemplos que trago, darei spoilers sobre os filmes a partir de agora, então, se não tiver visto os filmes, cuidado.

O Dia em que a Terra Parou (1951 / 2008)
O Dia em que a Terra ParouEsta é exatamente a questão central do filme O Dia em que a Terra Parou. Lançado pela primeira vez em 1951, com remake em 2008, a obra é baseada no conto Farewell to the Master, do escritor Harry Bates. A missão do alienígena Klaatu (Michael Rennie / Keanu Reeves) é de paz, ou melhor, de alerta para a humanidade sobre a necessidade de paz já que o conselho interplanetário percebeu que o planeta está em declínio e será destruído em breve. Klaatu é recebido de forma hostil e acredita que não haja mesmo solução para nós, mas a convivência com uma família de classe média acaba por mudar suas convicções. Ainda em plena Guerra Fria, com a iminência de uma guerra nuclear, todos estavam com medo do fim do mundo e uma história como essa era propícia para analisar o futuro. Talvez por isso, o filme de Robert Wise (1951) tenha reflexões tão melhores embasadas que o remake dirigido por Scorr Derrickson. Na segunda versão, os efeitos especiais são caprichados, mas a essência parece se perder um pouco. De qualquer maneira, se Klaatu entendeu que a gente merecia outra chance, por que não acreditarmos?

O Dia em que a Terra ParouMas, onde mais tivemos exemplos de que a humanidade vale a pena? É impressionante como é difícil puxar da memória obras que valorizem o ser humano, a compaixão entre os povos, a amizade, a bondade de existe em cada um de nós? É muito mais fácil vermos o desespero da injustiça como em À Espera de um Milagre, ou a luta pela sobrevivência de uma forma mais instintiva como em Alien, Matrix ou Ensaio sobre a Cegueira. Separei uma pequena listinha de filmes que nos dão esperanças e, talvez, os argumentos de por que não devemos ter, de fato, um fim do mundo.

Wall-E (2008)
Wall-EHá quase uma destruição total nesse mundo. É verdade. O planeta Terra virou um lixão com um único robozinho cuidando de entulhos, enquanto que a humanidade navega ociosa pelo espaço. Os seres humanos praticamente vegetam, enquanto as máquinas cuidam de tudo. Estão completamente dependentes, até mesmo para falar com a pessoa ao seu lado. Por mais que pareça exagero, basta olhar em uma mesa de shopping as pessoas sentadas juntas, mas cada uma em seu iPhone. Mas, em meio ao caos, esse pequeno robozinho consegue nos devolver a esperança. Ele que assiste à fita de Hello Dolly e sonha com o amor eterno. Ao encontrar EVA e balançar a nave, ele acaba despertando também o melhor do ser humano que estava adormecido naqueles seres obesos.

O Exterminador do Futuro 2O Exterminador do Futuro 2 (1991)
E já que estamos falando de máquinas salvando a humanidade, por que não falar desse filme de James Cameron? Sim, pode parecer a coisa mais absurda do mundo, mas o segundo filme da saga dos exterminadores e o estrago da Skynet, acaba sendo uma luz no fim do túnel da humanidade. Aqui, um robô é capaz de ver além de nós mesmos e perceber que ainda há valor em nossa vida. O exterminador "interpretado" por Arnold Schwarzenegger, de tanto ouvir, acaba poupando a vida dos homens, atira apenas para parar, não mais para matar e, no final, é capaz de se sacrificar para que não haja chances de acontecer a revolta das máquinas. A própria Sarah Connor diz isso no final do filme: Se um robô conseguiu entender o valor da vida humana, então, ainda temos uma chance.

Uma História Real (1999)
Uma História RealBem longe das máquinas, ou melhor, sentado na mais improvável delas, Alvin nos dá mais uma prova de que a humanidade ainda tem jeito. O velhinho interpretado por Richard Farnsworth nesse singelo filme de David Lynch enfrenta todas as dificuldades apenas para ver seu irmão que está muito doente em outro estado. A trajetória insólita desse homem nos traz um tratado sobre relações humanas. Em sua viagem, ele encontra diversos tipos de pessoas, as ajuda e é ajudado por elas, em uma corrente de fraternidade incrível. São esses pequenos desbravadores gestos que nos mostram que ainda há bondade nesse mundo.

A Corrente do BemA Corrente do Bem (2000)
E já que estamos falando em corrente, não podemos deixar de citar o mais explícito de todos. O filme de Mimi Leder é uma busca por essa humanidade que se ajuda sem interesses mais escusos. O personagem de Haley Joel Osment leva a sério um projeto escolar que deveria ultrapassar o território da sala de aula gerando consequências maiores. Ele então, cria um jogo, onde a cada favor que você recebe, retribui a três outras pessoas, como uma pirâmide do bem. A onda parece que contagia a todos que aos poucos vão entrando no jogo e tendo um novo sentido para a vida.

Regras da Vida (1999)
Regras da VidaAgora um exemplo polêmico. O filme de Lasse Hallström, baseado no romance de John Irving, trata de limites entre certo e errado, nos dando verdadeiros nós em conceitos religiosos e éticos. No cerne da questão, dois homens, o jovem Homer Wells, vivido por Tobey Maguire e o médico Wilbur Larch, vivido por Michael Caine. Este médico é o diretor amoroso de um orfanato, que clandestinamente também funciona como clínica de aborto. Em sua lógica ilógica, o médico, que vê o sofrimento das crianças sem lar, há muito acredita que seja melhor não deixar algumas delas nascer, poupando o sofrimento. É um assunto que dá nó em nossas convicções porque a forma honesta e bondosa como o personagem se constrói e expõe seus argumentos nos deixa a sensação de que esse mundo realmente não vale a pena para alguns. Mas, sempre há a esperança, nele próprio e sua postura digna, no jovem Homer Wells e nas crianças ("princesas de Maine e reis da Nova Inglaterra"). Porque acima de tudo, Regras da Vida é um filme sobre o amor, a caridade e olhar ao próximo.

Feliz NatalFeliz Natal (2005)
Mais um exemplo baseado em uma história real que aconteceu no Natal de 1914, em plena primeira guerra mundial. Na noite da véspera de Natal de 1914, algo mágico aconteceu em meio às trincheiras. As três tropas de exércitos inimigos encontravam-se no campo de batalha, formando um triângulo de trincheiras. Em um vértice, o exército alemão, em outro, o escocês, e, no terceiro, o francês. Mas, a magia daquela noite e a força da música que começa a soar de cada espaço, acaba por uni-los em uma celebração única. Os três chegam a conclusão de que uma noite de confraternização não irá decidir a guerra. E resolvem comemorar o Natal bebendo, conversando e até assistindo a uma missa. Se o mundo pudesse se olhar como os soldados naquela noite mágica, teríamos mais paz e menos guerras.

Retratos da Vida (1981)
Retratos da VidaE já que estamos falando em guerra e exemplos de crença na humanidade, não podemos deixar de falar de Les uns et les autres. O filme de Claude Lelouch passeia por gerações de quatro famílias dilaceradas pela segunda guerra mundial. Mas, nem por isso, impedidas de acreditar e seguir em frente. Todos os traumas e consequências da guerra que poderiam terminar em desolação acabam se transformando em uma confraternização universal. Um evento da Cruz Vermelha, aos pés da Torre Eiffel, onde representantes de todas as famílias se unem através da arte para celebrar que, sim, a humanidade ainda vale a pena.

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