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Mapas para as Estrelas
Mapas para as Estrelas
Um diretor complexo com personagens perturbados em sociedades doentes. Parece que David Cronenberg nasceu para nos dar esse Mapas para as Estrelas, um retrato muito próprio de uma Hollywood viciada e decadente, que acaba sendo também uma caricatura.
Acompanhamos personagens diversos, mas que possuem um ponto em comum: o desequilíbrio emocional. Mesmo o Dr. Stafford Weiss, interpretado por John Cusack tem seus segredos incômodos. A linha condutora, no entanto, é a jovem Agatha que chega a Los Angeles aparentemente querendo conhecer estrelas, mas que tem um segredo em seu passado. Ela se envolve como motorista de limusine Jerome Fontana que sonha em ser ator e roteirista. E vai trabalhar na casa da atriz Havana Segrand, uma atriz decadente que sonha em fazer o papel que foi de sua mãe.
Em outra trama paralela, acompanhamos o drama do jovem ator Benjie Weiss, que acaba de sair de um internamento por drogas e tem problemas em aceitar o sucesso de um colega de série. Sua mãe, Christina Weiss, tenta protegê-lo, enquanto os produtores estão de olho aberto. E tudo vai se complicar ainda mais quando sua história se cruza com a da jovem Agatha.
Ou seja, nenhum dos personagens está bem, seja com a fama ou com sua vida pessoal. O desequilíbrio marca a trama de uma maneira tão contundente que nos parece que exagera o tom, tornando os bastidores da fama uma caricatura de medos, processos psicológicos e desejos reprimidos que não se sustentam diante dos holofotes. Tem muito disso, não duvidamos, mas talvez David Cronenberg tenha exagerado um pouco a dose, ao contrário de Sofia Coppola que parece trabalhar bem esses limites incômodos.
Ainda assim, Mapas para as Estrelas nos envolve em sua condução instigante, que traz um bom trabalho de câmera de atores. Não por acaso Julianne Moore ganhou a Palma de Ouro em Cannes por sua performance como Havana Segrand. Há uma grande entrega da atriz em cada cena, seja na loucura da euforia ou do desespero. Seja vendo sua mãe morta pela casa ou se tratando com o Dr. Weiss. Quem também tem visões é o jovem Benjie, e o ator Evan Bird consegue defender bem sua perturbação, como na cena da piscina ou na cena do cachorro, que traz a ironia de uma das "leis" de Hollywood, onde o cão nunca morre.
Robert Pattinson, que já tinha trabalhado com Cronenberg em Cosmópolis, também traz um Jerome Fontana contido e bem desenvolvido, ainda que não seja tão exigido como os demais. E faz uma boa dobradinha com Mia Wasikowska que tem a dura tarefa de encarar uma Agatha cheia de complexos e sonhos distorcidos. A questão familiar construída com a história da personagem é uma das grandes chaves do filme, onde a imagem a ser preservada é mais importante que os sentimentos pessoais.
Mapas para as Estrelas possui um ritmo próprio e uma visão própria de mundo que é bem defendida, ainda que possa parecer exagerada. É um filme incômodo que vê apenas um lado torto de uma sociedade que pode ter mais a nos oferecer. De qualquer maneira, não pode-se acusar David Cronenberg de não ser honesto a seus próprios princípios.
Mapas para as Estrelas (Maps to the Stars, 2014 / Canadá / EUA)
Direção: David Cronenberg
Roteiro: Bruce Wagner
Com: Julianne Moore, Mia Wasikowska, Robert Pattinson, John Cusack, Olivia Williams, Evan Bird
Duração: 111 min.
Acompanhamos personagens diversos, mas que possuem um ponto em comum: o desequilíbrio emocional. Mesmo o Dr. Stafford Weiss, interpretado por John Cusack tem seus segredos incômodos. A linha condutora, no entanto, é a jovem Agatha que chega a Los Angeles aparentemente querendo conhecer estrelas, mas que tem um segredo em seu passado. Ela se envolve como motorista de limusine Jerome Fontana que sonha em ser ator e roteirista. E vai trabalhar na casa da atriz Havana Segrand, uma atriz decadente que sonha em fazer o papel que foi de sua mãe.
Em outra trama paralela, acompanhamos o drama do jovem ator Benjie Weiss, que acaba de sair de um internamento por drogas e tem problemas em aceitar o sucesso de um colega de série. Sua mãe, Christina Weiss, tenta protegê-lo, enquanto os produtores estão de olho aberto. E tudo vai se complicar ainda mais quando sua história se cruza com a da jovem Agatha.
Ou seja, nenhum dos personagens está bem, seja com a fama ou com sua vida pessoal. O desequilíbrio marca a trama de uma maneira tão contundente que nos parece que exagera o tom, tornando os bastidores da fama uma caricatura de medos, processos psicológicos e desejos reprimidos que não se sustentam diante dos holofotes. Tem muito disso, não duvidamos, mas talvez David Cronenberg tenha exagerado um pouco a dose, ao contrário de Sofia Coppola que parece trabalhar bem esses limites incômodos.
Ainda assim, Mapas para as Estrelas nos envolve em sua condução instigante, que traz um bom trabalho de câmera de atores. Não por acaso Julianne Moore ganhou a Palma de Ouro em Cannes por sua performance como Havana Segrand. Há uma grande entrega da atriz em cada cena, seja na loucura da euforia ou do desespero. Seja vendo sua mãe morta pela casa ou se tratando com o Dr. Weiss. Quem também tem visões é o jovem Benjie, e o ator Evan Bird consegue defender bem sua perturbação, como na cena da piscina ou na cena do cachorro, que traz a ironia de uma das "leis" de Hollywood, onde o cão nunca morre.
Robert Pattinson, que já tinha trabalhado com Cronenberg em Cosmópolis, também traz um Jerome Fontana contido e bem desenvolvido, ainda que não seja tão exigido como os demais. E faz uma boa dobradinha com Mia Wasikowska que tem a dura tarefa de encarar uma Agatha cheia de complexos e sonhos distorcidos. A questão familiar construída com a história da personagem é uma das grandes chaves do filme, onde a imagem a ser preservada é mais importante que os sentimentos pessoais.
Mapas para as Estrelas possui um ritmo próprio e uma visão própria de mundo que é bem defendida, ainda que possa parecer exagerada. É um filme incômodo que vê apenas um lado torto de uma sociedade que pode ter mais a nos oferecer. De qualquer maneira, não pode-se acusar David Cronenberg de não ser honesto a seus próprios princípios.
Mapas para as Estrelas (Maps to the Stars, 2014 / Canadá / EUA)
Direção: David Cronenberg
Roteiro: Bruce Wagner
Com: Julianne Moore, Mia Wasikowska, Robert Pattinson, John Cusack, Olivia Williams, Evan Bird
Duração: 111 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Mapas para as Estrelas
2015-03-09T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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