Sem saída
A minha expectativa para Sem Saída era grande, afinal, o trailer prometia um thriller interessante que misturava ação, suspense e intriga internacional. Ainda tinha o plus para as fãs de ser um novo trabalho de Taylor Lautner. Mas, o resultado é um pouco frustrante. Da mesma forma que Taylor Lautner não é um Matt Damon, nem mesmo um Tom Cruise, Sem Saída está longe de um da série Bourne, Missão Impossível ou mesmo James Bond. Ainda assim, tem seus momentos.
Taylor interpreta Nathan, um adolescente comum como tantos outros que adora farra, é apaixonado pela vizinha, mas não tem coragem de se declarar, tem amigos e desafetos no colégio e uma família aparentemente estável. A única ponta estranha é o excesso de exercícios que seu pai faz com ele, a ponto de pegá-lo bêbado em uma festa e obrigá-lo a lutar sem parar, pois "precisa estar sempre pronto para se defender". Tudo começa a mudar quando seu professor de sociologia o coloca para fazer um trabalho com a vizinha Karen que ele tanto deseja. O que ele não sabia é que, ao pesquisar para o trabalho, vai encontrar algumas informações perigosas sobre seu passado. E isso, claro, vai mudar completamente a sua vida, jogando-o em uma perseguição internacional que envolve CIA, agentes secretos e estrangeiros.
O argumento é interessante, a forma como Nathan é jogado nesse mundo também, mas o roteiro de Shawn Christensen e Jeffrey Nachmanoff se perde, principalmente no aprofundamento do caso. As revelações vão chegando e muita coisa se torna boba. Fora que tem aquela velha fórmula para criar complicação de duas partes querendo o mesmo objetivo, mas parecendo estar em lados opostos. Existem ainda alguns recursos didáticos a cada momento que uma revelação do passado de Nathan é exposta na tela. Esse excesso de cuidado para que possamos compreender a história são dados desde o início do filme. A luta com o pai no jardim e a reação da mãe já são estranhas, aquilo não pode ser uma família comum. Em uma cena de família feliz ao redor da mesa do jantar, somos surpreendidos pela câmera que faz questão mostrar uma mesinha com fotos de família em travelling lento. Detalhe, não há fotos de Nathan pequeno junto a seus pais. Para completar, a consulta com sua psiquiatra traz pistas óbvias nas reações de Sigourney Weaver, no sonho que ela não quer aprofundar, nas palavras não ditas.
Mesmo assim, as boas cenas de ação e o ritmo da perseguição nos envolvem. Acompanhamos aquele garoto perdido no meio de uma guerra que não é a dele, e ficamos curiosos, não apenas com o resultado daquilo, mas, com o motivo. Taylor Lautner é um atleta e o John Singleton soube aproveitar os dotes do rapaz para investir em lutas corporais, mais do que em tiros e perseguições de carro, por exemplo. Não há como negar que Sem Saída tem adrenalina. O problema é a falta de consistência de sua história, que , como se não bastassem as pontas soltas do roteiro, ainda nos traz diálogos saídos de livros de auto-ajuda. Fora a atrapalhação da CIA que parece um bando de amadores diante dos sérvios, sempre um passo a frente deles. O que destrói a ameaça é a péssima construção do vilão principal Kozlow, robótica ao extremo.
Mas, aí, temos outro problema, interpretação. Se Taylor Lautner é ainda um garoto sem muita experiência e que faz mais poses do que interpreta, seu adversário no filme não fica muito atrás. Michael Nyqvist consegue irritar em sua interpretação gélida, armada e falsa. É tão estranho que ficamos na dúvida se foi uma opção do ator ou da má construção do personagem. Mais estranho ainda se levarmos em conta o time de estrelas que John Singleton dispunha e ficaram em segundo plano, quase figurantes, como Jason Isaacs, Alfred Molina e a própria Sigourney Weaver. Talvez eles pudessem dar mais apoio ao próprio Taylor se tivessem espaço. Mas, parece que Sem Saída foi feito mesmo para o ex-lobisomem brilhar entre socos e pontapés.
A direção é esquemática, sem grandes destaques, e a montagem é ágil e bem resolvida. Destaque para a cena do hospital e a do estádio. O mesmo não se pode dizer da trilha sonora, que se em alguns momentos entra no automático de filme de ação, em outros chama a atenção pela utilização over como na cena em que Nathan vai conversar com sua mãe sobre o passado e sobre uma trilha emotiva bastante incômoda. Ou quando ele está no estádio, próximo do clímax. Mas, aí entra toda a questão inconsistente do roteiro que nos leva até ali.
Sem Saída é daqueles filmes moldados no gênero, entre manuais de direção e roteiro. Apesar do bom argumento, falta, no entanto, alma e compreensão do que realmente importa ali. A história por mais esquematizada que esteja se mostra falha, incongruente, nos levando a rir de situações que deveriam ser sérias. Ainda assim, na cartilha de filmes de ação, não chega a ser um completo desperdício.
Sem Saída (Abduction: 2011 / EUA)
Direção: John Singleton
Roteiro: Shawn Christensen e Jeffrey Nachmanoff
Com: Taylor Lautner, Lily Collins , Alfred Molina, Sigourney Weaver, Jason Isaacs, Maria Bello.
Duração: 106 min.
Taylor interpreta Nathan, um adolescente comum como tantos outros que adora farra, é apaixonado pela vizinha, mas não tem coragem de se declarar, tem amigos e desafetos no colégio e uma família aparentemente estável. A única ponta estranha é o excesso de exercícios que seu pai faz com ele, a ponto de pegá-lo bêbado em uma festa e obrigá-lo a lutar sem parar, pois "precisa estar sempre pronto para se defender". Tudo começa a mudar quando seu professor de sociologia o coloca para fazer um trabalho com a vizinha Karen que ele tanto deseja. O que ele não sabia é que, ao pesquisar para o trabalho, vai encontrar algumas informações perigosas sobre seu passado. E isso, claro, vai mudar completamente a sua vida, jogando-o em uma perseguição internacional que envolve CIA, agentes secretos e estrangeiros.
O argumento é interessante, a forma como Nathan é jogado nesse mundo também, mas o roteiro de Shawn Christensen e Jeffrey Nachmanoff se perde, principalmente no aprofundamento do caso. As revelações vão chegando e muita coisa se torna boba. Fora que tem aquela velha fórmula para criar complicação de duas partes querendo o mesmo objetivo, mas parecendo estar em lados opostos. Existem ainda alguns recursos didáticos a cada momento que uma revelação do passado de Nathan é exposta na tela. Esse excesso de cuidado para que possamos compreender a história são dados desde o início do filme. A luta com o pai no jardim e a reação da mãe já são estranhas, aquilo não pode ser uma família comum. Em uma cena de família feliz ao redor da mesa do jantar, somos surpreendidos pela câmera que faz questão mostrar uma mesinha com fotos de família em travelling lento. Detalhe, não há fotos de Nathan pequeno junto a seus pais. Para completar, a consulta com sua psiquiatra traz pistas óbvias nas reações de Sigourney Weaver, no sonho que ela não quer aprofundar, nas palavras não ditas.
Mesmo assim, as boas cenas de ação e o ritmo da perseguição nos envolvem. Acompanhamos aquele garoto perdido no meio de uma guerra que não é a dele, e ficamos curiosos, não apenas com o resultado daquilo, mas, com o motivo. Taylor Lautner é um atleta e o John Singleton soube aproveitar os dotes do rapaz para investir em lutas corporais, mais do que em tiros e perseguições de carro, por exemplo. Não há como negar que Sem Saída tem adrenalina. O problema é a falta de consistência de sua história, que , como se não bastassem as pontas soltas do roteiro, ainda nos traz diálogos saídos de livros de auto-ajuda. Fora a atrapalhação da CIA que parece um bando de amadores diante dos sérvios, sempre um passo a frente deles. O que destrói a ameaça é a péssima construção do vilão principal Kozlow, robótica ao extremo.
Mas, aí, temos outro problema, interpretação. Se Taylor Lautner é ainda um garoto sem muita experiência e que faz mais poses do que interpreta, seu adversário no filme não fica muito atrás. Michael Nyqvist consegue irritar em sua interpretação gélida, armada e falsa. É tão estranho que ficamos na dúvida se foi uma opção do ator ou da má construção do personagem. Mais estranho ainda se levarmos em conta o time de estrelas que John Singleton dispunha e ficaram em segundo plano, quase figurantes, como Jason Isaacs, Alfred Molina e a própria Sigourney Weaver. Talvez eles pudessem dar mais apoio ao próprio Taylor se tivessem espaço. Mas, parece que Sem Saída foi feito mesmo para o ex-lobisomem brilhar entre socos e pontapés.
A direção é esquemática, sem grandes destaques, e a montagem é ágil e bem resolvida. Destaque para a cena do hospital e a do estádio. O mesmo não se pode dizer da trilha sonora, que se em alguns momentos entra no automático de filme de ação, em outros chama a atenção pela utilização over como na cena em que Nathan vai conversar com sua mãe sobre o passado e sobre uma trilha emotiva bastante incômoda. Ou quando ele está no estádio, próximo do clímax. Mas, aí entra toda a questão inconsistente do roteiro que nos leva até ali.
Sem Saída é daqueles filmes moldados no gênero, entre manuais de direção e roteiro. Apesar do bom argumento, falta, no entanto, alma e compreensão do que realmente importa ali. A história por mais esquematizada que esteja se mostra falha, incongruente, nos levando a rir de situações que deveriam ser sérias. Ainda assim, na cartilha de filmes de ação, não chega a ser um completo desperdício.
Sem Saída (Abduction: 2011 / EUA)
Direção: John Singleton
Roteiro: Shawn Christensen e Jeffrey Nachmanoff
Com: Taylor Lautner, Lily Collins , Alfred Molina, Sigourney Weaver, Jason Isaacs, Maria Bello.
Duração: 106 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Sem saída
2011-09-22T08:48:00-03:00
Amanda Aouad
acao|Alfred Molina|critica|Sigourney Weaver|Taylor Lautner|
Assinar:
Postar comentários (Atom)
cadastre-se
Inscreva seu email aqui e acompanhe
os filmes do cinema com a gente:
os filmes do cinema com a gente:
No Cinema podcast
anteriores deste site
mais populares do site
-
Tem uma propaganda em que a Dove demonstra como o padrão de beleza feminino é construído pelo mercado publicitário . Uma jovem com um rost...
-
O desejo de todo ser humano é ser amado e se sentir pertencente a algo. Em um mundo heteronormativo, ser homossexual é um desafio a esse des...
-
Muitos filmes eróticos já foram realizados. Fantasias sexuais, jogo entre dominação e dominado, assédios ou simplesmente a descoberta do pr...
-
Não confundam com o filme de terror de 1995 dirigido por Gregory Widen . Relembro hoje, Iron Jawed Angels , um filme da HBO sobre a luta p...
-
Poucas obras na literatura evocam sentimentos tão contraditórios quanto O Morro dos Ventos Uivantes , o clássico gótico de Emily Brontë . A...
-
Em determinada cena no início da obra, Maria Callas está em pé na cozinha, cantando enquanto sua governanta faz um omelete para o café da m...
-
O dia de hoje marca 133 anos do nascimento de John Ronald Reuel Tolkien e resolvi fazer uma pequena homenagem, me debruçando sobre sua vid...
-
Encarar o seu primeiro longa-metragem não é fácil, ainda mais quando esse projeto carrega tamanha carga emocional de uma obra sobre sua mãe....
-
Agora Seremos Felizes (1944), ou Meet Me in St. Louis , de Vincente Minnelli , é um dos marcos do cinema americano da década de 1940 e exe...