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Gonzaga - De Pai pra Filho
Gonzaga - De Pai pra Filho
Um pai, um filho, dois mitos. Uma relação conturbada que não é novidade, mas é sempre impactante de se ver em tela. Ainda mais quando interpretada por dois atores que se entregam de corpo e alma. Assim é Gonzaga - De Pai pra Filho, novo filme de Breno Silveira que peca apenas por querer ser tão real, que esquece que está fazendo um filme de ficção, não um documentário.
O centro do filme é o reencontro desses dois seres, após uma vida de separações. Gonzaguinha aproveita uma ida à casa do pai para entrevistá-lo. Gonzagão finalmente, vai parar para contar ao filho sobre ele. E assim vai nos contando também aquela história desde o seu início ainda jovem sanfoneiro na cidade de Exu em Pernambuco, passando pelas dificuldades, início da fama no Rio de Janeiro e sucesso por todo o país.
O roteiro de Patrícia Andrade é inteligente ao não nos dar de bandeja uma trama didática. O início já é repleto de emoção, com Gonzaguinha ouvindo as fitas. Há um certo suspense, um caminhar aos poucos até o primeiro embate e ao primeiro plot: "Não é tu que quer me conhecer?" diz Gonzagão ao filho em determinado momento ao mostrar um coração gravado em um juazeiro.
Assim vamos conhecendo Gonzagão e também Gonzaguinha, ainda que este fique em segundo plano. Sua história aparece apenas como consequência de ser filho do Rei do Baião. Tanto que sua vida pessoal não é explorada, e seus filhos nem são citados. Tudo gira em torno de Luiz Gonzaga. Este homem quase mítico que é mostrado em detalhes, até mesmo na cidade onde nasceu. Enquanto se dirige à casa do pai, Gonzaguinha passa por uma placa imensa dando boas vindas à cidade de Luiz Gonzaga. Vemos também a Rua Asa Branca, a estátua do artista, e várias outras referências à sua obra, incluindo um radinho de pilha tocando em um bar esquecido.
Essas pequenas construções, que nos levam a conhecer ambos, são detalhistas e bem realizadas. Porém, Breno Silveira parece querer se sustentar de uma forma tão grande no real que acaba quebrando a narrativa em vários momentos. Já no início, temos a legenda de que estamos ouvindo o áudio original das tais fitas. Outras legendas fazem questão de nos tirar da trama para lembrar da realidade. Isso quebra o pacto ficcional com público que quer embarcar naquele universo. E para isso, precisa apenas de verossimilhança, não do real que, ao ser inserido em tela tira da fantasia e lembra que estamos vendo um filme.
Mas, o que torna mais incômodo são as inserções de imagens como a foto real da família, logo após os personagens tirarem o retrato. Incomoda principalmente porque a atriz Nanda Costa, que interpreta Odaléia (mãe de Gonzaguinha), não se parece em nada com a original, e vê-la na foto causa um estranhamento. Da mesma forma, intercalar cenas de shows encenados com os reais, soam estranhos pela forma como são inseridos. Já no final, não incomoda, é como um salto, uma nova etapa. Acabamos de conhecer a história, agora vamos ver o encontro real e, com isso, fechar o ciclo. Algo que funcionou melhor que em Dois Filhos de Francisco.
Isto porém, não faz com que o filme se torne menor. Gonzaga - De Pai pra Filho tem dois grandes trunfos que emocionam e envolvem a plateia. Primeiro, o mote da relação entre pai e filho, forte, intensa, emocionante. Segundo, os atores que a interpretam. Todos os três atores que interpretam Gonzagão e Gonzaguinha nas três fases do filme são de uma competência ímpar. E o elenco de apoio também não faz feio, ajudando na carga dramática das cenas. Tem até pontas de luxo como João Miguel que faz um sertanejo que contrata Luiz Gonzaga para seu primeiro "show", na casa do coronel. Impressiona também a caracterização de Júlio Andrade (Gonzaguinha adulto), Nivaldo Expedito de Carvalho (Gonzagão na velhice) e o sanfoneiro Chambinho (Gonzagão adulto) que estão fisicamente muito parecidos com seus personagens.
Falando de dois gênios de nossa música, o filme ainda possui uma sonoridade conhecida e gostosa de acompanhar. Boa parte com o baião de Gonzagão, é fato. Mas, em muitos momentos ouvimos os acordes com letras potentes de Gonzaguinha a exemplo de Sangrando, que o vemos compondo. Além da música escolhida para o encerramento que é bem condizente com tudo aquilo e nos faz sair cantando, felizes da sala de cinema.
Gonzaga - De Pai pra Filho é, então, um filme verdadeiro. Uma homenagem necessária a dois grandes nomes de nosso país. Envolvente e emocionante, que acabou deslizando em um detalhe ou outro. Mas, não perdeu o seu encanto, passado para nós com a mesma magia que se passou de pai para filho.
Gonzaga - De Pai pra Filho (Gonzaga - De Pai pra Filho, 2012 / Brasil)
Direção: Breno Silveira
Roteiro: Patricia Andrade
Com: Nivaldo Expedito de Carvalho, Júlio Andrade, Nanda Costa, Chambinho, Land Vieira, Giancarlo di Tomazzio, Claudio Jaborandy, Cyria Coentro, Luciano Quirino, Silvia Buarque, Ana Roberta Gualda, João Miguel
Duração: 130 min.
O centro do filme é o reencontro desses dois seres, após uma vida de separações. Gonzaguinha aproveita uma ida à casa do pai para entrevistá-lo. Gonzagão finalmente, vai parar para contar ao filho sobre ele. E assim vai nos contando também aquela história desde o seu início ainda jovem sanfoneiro na cidade de Exu em Pernambuco, passando pelas dificuldades, início da fama no Rio de Janeiro e sucesso por todo o país.
O roteiro de Patrícia Andrade é inteligente ao não nos dar de bandeja uma trama didática. O início já é repleto de emoção, com Gonzaguinha ouvindo as fitas. Há um certo suspense, um caminhar aos poucos até o primeiro embate e ao primeiro plot: "Não é tu que quer me conhecer?" diz Gonzagão ao filho em determinado momento ao mostrar um coração gravado em um juazeiro.
Assim vamos conhecendo Gonzagão e também Gonzaguinha, ainda que este fique em segundo plano. Sua história aparece apenas como consequência de ser filho do Rei do Baião. Tanto que sua vida pessoal não é explorada, e seus filhos nem são citados. Tudo gira em torno de Luiz Gonzaga. Este homem quase mítico que é mostrado em detalhes, até mesmo na cidade onde nasceu. Enquanto se dirige à casa do pai, Gonzaguinha passa por uma placa imensa dando boas vindas à cidade de Luiz Gonzaga. Vemos também a Rua Asa Branca, a estátua do artista, e várias outras referências à sua obra, incluindo um radinho de pilha tocando em um bar esquecido.
Essas pequenas construções, que nos levam a conhecer ambos, são detalhistas e bem realizadas. Porém, Breno Silveira parece querer se sustentar de uma forma tão grande no real que acaba quebrando a narrativa em vários momentos. Já no início, temos a legenda de que estamos ouvindo o áudio original das tais fitas. Outras legendas fazem questão de nos tirar da trama para lembrar da realidade. Isso quebra o pacto ficcional com público que quer embarcar naquele universo. E para isso, precisa apenas de verossimilhança, não do real que, ao ser inserido em tela tira da fantasia e lembra que estamos vendo um filme.
Mas, o que torna mais incômodo são as inserções de imagens como a foto real da família, logo após os personagens tirarem o retrato. Incomoda principalmente porque a atriz Nanda Costa, que interpreta Odaléia (mãe de Gonzaguinha), não se parece em nada com a original, e vê-la na foto causa um estranhamento. Da mesma forma, intercalar cenas de shows encenados com os reais, soam estranhos pela forma como são inseridos. Já no final, não incomoda, é como um salto, uma nova etapa. Acabamos de conhecer a história, agora vamos ver o encontro real e, com isso, fechar o ciclo. Algo que funcionou melhor que em Dois Filhos de Francisco.
Isto porém, não faz com que o filme se torne menor. Gonzaga - De Pai pra Filho tem dois grandes trunfos que emocionam e envolvem a plateia. Primeiro, o mote da relação entre pai e filho, forte, intensa, emocionante. Segundo, os atores que a interpretam. Todos os três atores que interpretam Gonzagão e Gonzaguinha nas três fases do filme são de uma competência ímpar. E o elenco de apoio também não faz feio, ajudando na carga dramática das cenas. Tem até pontas de luxo como João Miguel que faz um sertanejo que contrata Luiz Gonzaga para seu primeiro "show", na casa do coronel. Impressiona também a caracterização de Júlio Andrade (Gonzaguinha adulto), Nivaldo Expedito de Carvalho (Gonzagão na velhice) e o sanfoneiro Chambinho (Gonzagão adulto) que estão fisicamente muito parecidos com seus personagens.
Falando de dois gênios de nossa música, o filme ainda possui uma sonoridade conhecida e gostosa de acompanhar. Boa parte com o baião de Gonzagão, é fato. Mas, em muitos momentos ouvimos os acordes com letras potentes de Gonzaguinha a exemplo de Sangrando, que o vemos compondo. Além da música escolhida para o encerramento que é bem condizente com tudo aquilo e nos faz sair cantando, felizes da sala de cinema.
Gonzaga - De Pai pra Filho é, então, um filme verdadeiro. Uma homenagem necessária a dois grandes nomes de nosso país. Envolvente e emocionante, que acabou deslizando em um detalhe ou outro. Mas, não perdeu o seu encanto, passado para nós com a mesma magia que se passou de pai para filho.
Gonzaga - De Pai pra Filho (Gonzaga - De Pai pra Filho, 2012 / Brasil)
Direção: Breno Silveira
Roteiro: Patricia Andrade
Com: Nivaldo Expedito de Carvalho, Júlio Andrade, Nanda Costa, Chambinho, Land Vieira, Giancarlo di Tomazzio, Claudio Jaborandy, Cyria Coentro, Luciano Quirino, Silvia Buarque, Ana Roberta Gualda, João Miguel
Duração: 130 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Gonzaga - De Pai pra Filho
2012-10-27T08:00:00-03:00
Amanda Aouad
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