
Frankenweenie é mais do que uma animação em stop motion, é uma animação em stop motion feita por Tim Burton. Então, todo o seu universo de exótico, sua inspiração em filmes de terror B e no expressionismo alemão estão impregnados no design dos bonecos, no clima da trama, na escolha por uma animação em preto e branco. Além, claro, da trilha e da história repleta de referências diversas. A começar pelo argumento do cachorro morto que volta a vida em uma experiência com raios. O mito de Frankenstein é claro, assim como todas as referências que passam desde A Noiva de Frankenstein (1935) no cabelo da cachorrinha, até o monstro Godzila, ou uma múmia improvisada.
Mas, o que impressiona mesmo no filme é a técnica do stop motion. São 24 quadros por segundo. Isso significa que o animador deve parar e posicionar o boneco 24 vezes para ter um segundo de ação filmada. Em média, um animador consegue produzir apenas 5 segundos de animação por semana. Vários bonecos do mesmo personagem permitem que animadores trabalhem em mais de uma cena ao mesmo tempo. Eram 18 animadores trabalhando independentemente de cada vez. E tudo é tão bem feito e bem cuidado que parece animado por computador em 3D.
Segundo a divulgação do filme, mais de 200 bonecos e cenários foram criados. Cada personagem tinha mais de um protótipo para permitir que cada animador trabalhasse de forma independente. Os protagonistas Victor e Sparky, por exemplo, tiveram 17 e 12 bonecos cada um. Ainda segundo a divulgação, o primeiro boneco a ser desenhado para o filme foi o cachorrinho Sparky. Tim Burton queria o maior realismo possível nele, fazendo-o mover-se como um cão de verdade. Então, era preciso testar qual o tamanho mínimo era preciso para que isso fosse possível. Chegaram a um formato de 10 centímetros. Após essa definição, ele serviu de parâmetro para criar uma escala para a criação dos demais personagens e cenários, de uma maneira proporcional.
Para que os animadores pudessem trabalhar de uma maneira confortável, os cenários para o filme foram construídos sobre tampos de mesas. Nesse passeio em 360º pelo estúdio é possível ter uma dimensão do processo. Vale a pena conhecer essa pequena viagem em três etapas muito interessantes. Para aproveitar o 360º, clique sobre o video e arraste para o lado que quiser ou acompanhe pela barra inferior do video, clicando sobre sua área de interesse. Se preferir, coloque em tela cheia, é melhor. Os círculos verdes são links para outras curiosidades.
Incrível, não é? Impressiona a grandiosidade do projeto. E o resultado em tela também enche os olhos. Mesmo que o roteiro possua algumas falhas e escolhas fáceis, como repetir o plot do bicho que ressuscita apenas para criar novas confusões na cidade. É um filme onde podemos encontrar a marca do gênio Tim Burton, em sua melhor forma. Então, fiquemos com um último vídeo sobre a experiência que é trabalhar com ele.