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Odeio o Dia dos Namorados
Odeio o Dia dos Namorados
Odeio o Dia dos Namorados poderia se chamar Um conto de amor, ou algo do gênero. Afinal, o roteiro é uma espécie de adaptação de Um Conto de Natal de Charles Dickens para o Dia dos Namorados. E a ideia não chega a ser ruim, resultando em uma comédia romântica, cheia de clichês, alguns excessos, mas divertida.
Débora é uma espécie de Scrooge. não tão velha, mas bastante rabugenta. Vive para o trabalho, parece não ter sentimentos e consegue ser muito irritante em todos os seus atos. Até que um dia, ela sofre um acidente e, nas frações de segundo em que seu corpo é arremessado de um viaduto, seu espírito vai fazer um passeio por Dias dos Namorados passados, o dia presente e, claro, o futuro. A diferença é que, em vez de três fantasmas, ela terá a companhia apenas de um, um amigo falecido.
A brincadeira é antiga e funciona. Já funcionou em diversas adaptações do conto. E Odeio o Dia dos Namorados tem um clima muito próximo de Os Fantasmas Contra-Atacam, com Bill Murray. O filme privilegia o humor, as gags e tem um certo exagero que às vezes funciona muito bem. Mas, em outros momentos é cansativo e tolo.
A abertura do filme já é criativa, com os créditos sendo mostrados em um momento importante do casal Heitor e Débora. E temos diversas piadas e ironias como o fato de Gilberto ter morrido apresentando uma campanha de coração. Ou algumas piadas no futuro como Tiririca como presidente e a situação envolvendo Madonna e Justin Bieber. Ou ainda a piada em relação a música "Ai se eu te pego" que já tinha tido uma referência no presente, com a apresentação da Drag Queen. Tem ainda uma piada com a própria adaptação do roteiro, já que o restaurante onde acontece a reunião da campanha se chama Dickens.
Os diálogos também são muitos bons, principalmente os dos atores Heloísa Périssé e Marcelo Saback. E ambos são ágeis e possuem um ótimo timming para comédia, o que ajuda no ritmo das cenas. É divertido vê-los juntos. Funciona. Porém, o filme peca em exageros que poderiam ter sido melhor dosados. Em especial, em duas sequências. Toda a parte que envolve Danielle Winits não faz o menor sentido. Não por culpa da atriz, mas pela própria construção da personagem e da situação. Tudo soa exagerado, tolo, sem graça. A cena do interrogatório, por exemplo, não tem ritmo, nem sentido. Muito menos, graça.
A outra situação envolve o personagem de Fernando Caruso. Não há graça no seu texto, falando de sua suposta relação com Débora, mas também não tem graça a vingança do fantasma. É pastelão exagerado. Perde o tom. A única coisa engraçada em toda a sequência é uma fala de Marcelo Saback perguntando se ela não quer "treinar com a moedinha primeiro". Em uma referência ao filme Ghost. É interessante porque é sutil, passa quase despercebida em meio aquela confusão boba.
Agora, o conjunto funciona enquanto proposta. É uma comédia romântica divertida, que tem humor e tem romance bem balanceados. A história de Débora e Heitor possui uma curva crível. Pesa a mão no melodrama em alguns momentos, como a justificativa dos sentimentos reprimidos de Débora por causa da relação dos pais, mas funciona. Envolve o público. E tem cenas bonitas como uma dança futurista.
Em um balanço justo, Odeio o Dia dos Namorados atinge seus objetivos. Roberto Santucci consegue mais uma vez dosar seus anseios de cineasta com um produto feito para indústria e bilheteria. Ainda que De Pernas Pro Ar continue sendo seu melhor trabalho nesse gênero. Afinal, utilizando uma frase chavão do filme: "A vida é o que a gente faz dela". Apesar do título, Odeio o Dia dos Namorados é um filme perfeito para a época em que é lançado.
Odeio o Dia dos Namorados (idem, 2013 / Brasil)
Direção: Roberto Santucci
Roteiro: Paulo Cursino
Com: Heloísa Périssé, Daniel Boaventura, Marcelo Saback, Danielle Winits
Duração: 101 min.
Débora é uma espécie de Scrooge. não tão velha, mas bastante rabugenta. Vive para o trabalho, parece não ter sentimentos e consegue ser muito irritante em todos os seus atos. Até que um dia, ela sofre um acidente e, nas frações de segundo em que seu corpo é arremessado de um viaduto, seu espírito vai fazer um passeio por Dias dos Namorados passados, o dia presente e, claro, o futuro. A diferença é que, em vez de três fantasmas, ela terá a companhia apenas de um, um amigo falecido.
A brincadeira é antiga e funciona. Já funcionou em diversas adaptações do conto. E Odeio o Dia dos Namorados tem um clima muito próximo de Os Fantasmas Contra-Atacam, com Bill Murray. O filme privilegia o humor, as gags e tem um certo exagero que às vezes funciona muito bem. Mas, em outros momentos é cansativo e tolo.
A abertura do filme já é criativa, com os créditos sendo mostrados em um momento importante do casal Heitor e Débora. E temos diversas piadas e ironias como o fato de Gilberto ter morrido apresentando uma campanha de coração. Ou algumas piadas no futuro como Tiririca como presidente e a situação envolvendo Madonna e Justin Bieber. Ou ainda a piada em relação a música "Ai se eu te pego" que já tinha tido uma referência no presente, com a apresentação da Drag Queen. Tem ainda uma piada com a própria adaptação do roteiro, já que o restaurante onde acontece a reunião da campanha se chama Dickens.
Os diálogos também são muitos bons, principalmente os dos atores Heloísa Périssé e Marcelo Saback. E ambos são ágeis e possuem um ótimo timming para comédia, o que ajuda no ritmo das cenas. É divertido vê-los juntos. Funciona. Porém, o filme peca em exageros que poderiam ter sido melhor dosados. Em especial, em duas sequências. Toda a parte que envolve Danielle Winits não faz o menor sentido. Não por culpa da atriz, mas pela própria construção da personagem e da situação. Tudo soa exagerado, tolo, sem graça. A cena do interrogatório, por exemplo, não tem ritmo, nem sentido. Muito menos, graça.
A outra situação envolve o personagem de Fernando Caruso. Não há graça no seu texto, falando de sua suposta relação com Débora, mas também não tem graça a vingança do fantasma. É pastelão exagerado. Perde o tom. A única coisa engraçada em toda a sequência é uma fala de Marcelo Saback perguntando se ela não quer "treinar com a moedinha primeiro". Em uma referência ao filme Ghost. É interessante porque é sutil, passa quase despercebida em meio aquela confusão boba.
Agora, o conjunto funciona enquanto proposta. É uma comédia romântica divertida, que tem humor e tem romance bem balanceados. A história de Débora e Heitor possui uma curva crível. Pesa a mão no melodrama em alguns momentos, como a justificativa dos sentimentos reprimidos de Débora por causa da relação dos pais, mas funciona. Envolve o público. E tem cenas bonitas como uma dança futurista.
Em um balanço justo, Odeio o Dia dos Namorados atinge seus objetivos. Roberto Santucci consegue mais uma vez dosar seus anseios de cineasta com um produto feito para indústria e bilheteria. Ainda que De Pernas Pro Ar continue sendo seu melhor trabalho nesse gênero. Afinal, utilizando uma frase chavão do filme: "A vida é o que a gente faz dela". Apesar do título, Odeio o Dia dos Namorados é um filme perfeito para a época em que é lançado.
Odeio o Dia dos Namorados (idem, 2013 / Brasil)
Direção: Roberto Santucci
Roteiro: Paulo Cursino
Com: Heloísa Périssé, Daniel Boaventura, Marcelo Saback, Danielle Winits
Duração: 101 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Odeio o Dia dos Namorados
2013-06-05T08:00:00-03:00
Amanda Aouad
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