
Débora é uma espécie de Scrooge. não tão velha, mas bastante rabugenta. Vive para o trabalho, parece não ter sentimentos e consegue ser muito irritante em todos os seus atos. Até que um dia, ela sofre um acidente e, nas frações de segundo em que seu corpo é arremessado de um viaduto, seu espírito vai fazer um passeio por Dias dos Namorados passados, o dia presente e, claro, o futuro. A diferença é que, em vez de três fantasmas, ela terá a companhia apenas de um, um amigo falecido.

A abertura do filme já é criativa, com os créditos sendo mostrados em um momento importante do casal Heitor e Débora. E temos diversas piadas e ironias como o fato de Gilberto ter morrido apresentando uma campanha de coração. Ou algumas piadas no futuro como Tiririca como presidente e a situação envolvendo Madonna e Justin Bieber. Ou ainda a piada em relação a música "Ai se eu te pego" que já tinha tido uma referência no presente, com a apresentação da Drag Queen. Tem ainda uma piada com a própria adaptação do roteiro, já que o restaurante onde acontece a reunião da campanha se chama Dickens.

A outra situação envolve o personagem de Fernando Caruso. Não há graça no seu texto, falando de sua suposta relação com Débora, mas também não tem graça a vingança do fantasma. É pastelão exagerado. Perde o tom. A única coisa engraçada em toda a sequência é uma fala de Marcelo Saback perguntando se ela não quer "treinar com a moedinha primeiro". Em uma referência ao filme Ghost. É interessante porque é sutil, passa quase despercebida em meio aquela confusão boba.

Em um balanço justo, Odeio o Dia dos Namorados atinge seus objetivos. Roberto Santucci consegue mais uma vez dosar seus anseios de cineasta com um produto feito para indústria e bilheteria. Ainda que De Pernas Pro Ar continue sendo seu melhor trabalho nesse gênero. Afinal, utilizando uma frase chavão do filme: "A vida é o que a gente faz dela". Apesar do título, Odeio o Dia dos Namorados é um filme perfeito para a época em que é lançado.
Odeio o Dia dos Namorados (idem, 2013 / Brasil)
Direção: Roberto Santucci
Roteiro: Paulo Cursino
Com: Heloísa Périssé, Daniel Boaventura, Marcelo Saback, Danielle Winits
Duração: 101 min.