A Felicidade Não Se Compra
E já que este ano trouxemos uma animação japonesa para o dia 24 de dezembro, completo o dia 25 com outro filme de Natal incomum. A obra de Frank Capra, assim como Tokyo Godfathers se passa no Natal, sem falar especificadamente da data. Mas, nos traz a mensagem de como devemos sempre buscar sermos melhores.
É noite de Natal, e o céu começa a receber diversas orações para uma pessoa em específico. George Bailey, vivido por James Stewart, que encontra-se em um desespero imenso a ponto de pensar no suicídio. Mas, o que faz com que todos rezem por ele, é uma frase que um deles diz a Deus: ele sempre pensou mais nos outros que em si mesmo.
Por isso, o novato Clarence tem a missão de fazê-lo desistir da tentativa de tirar a própria vida, sendo esta uma ótima oportunidade para que ele finalmente ganhe seu par de asas. Porém, antes de seguir com a missão, o anjo precisa conhecer melhor George e, com ele, vamos presenciando os momentos mais importantes de sua vida.
A forma como os roteiristas conduzem a trama é bem feita. Começamos pelo problema, voltamos no tempo, saltando para pontos importantes até finalmente retornarmos ao ponto crucial compreendendo melhor a situação. E o fato de tudo isso estar sendo feito por Clarence, dentro da diegese da trama, torna tudo mais interessante e envolvente. É possível, inclusive dar pausas na trama, para maiores explicações e isso não ficar didático ou tolo.
George Bailey é mesmo o protótipo do bom garoto. Sempre se preocupando com os outros, abrindo mão de seus sonhos para ajudar o próximo. Um ótimo irmão, um filho dedicado, um colega, um amigo, um pai, um marido. O único com coragem para lutar contra o poderoso Henry F. Potter e ajudar a cidade a não cair em suas mãos. Até por isso, dá raiva da mãe de Mary, quando esta acha um absurdo sua filha preferir este homem complexo que o jovem e rico Sam Wainwright, por exemplo.
Uma das cenas mais bonitas é quando Mary e George jantam pela primeira vez na nova casa, ainda em reforma, com goteiras, frango assando na lareira e a música tocando ao fundo. É uma síntese daquele amor simples e verdadeiro que faz tudo valer a pena.
Porque no final das contas, A Felicidade não se Compra fala da pureza da alma não corrompida pelo egoísmo e necessidade de posses. George é um homem que simplesmente vai vivendo. Perdeu muitos sonhos, é verdade. A cena em que rememora os planos que disse ter à Mary, por exemplo, é tocante. Mas, o que Clarence lhe mostra é que há coisas mais importantes que isso. E mesmo um aparente fracassado pode ser o maior dos vitoriosos.
Acho que uma reflexão bem interessante é aquela que o filme nos propõe. Ver como seria o mundo se nós não existíssemos. O que fizemos que mudou a vida das pessoas, por menor que pareça o gesto? Mesmo aquele que se sente o mais insignificante dos seres fez a diferença para alguém em algum momento. É o desencadear das coisas que é o mais importante.
Somos todos importantes para alguém. E o que vale mesmo na vida é vivenciar esses momentos. Amar e buscar a felicidade nos pequenos gestos. Agradecendo por cada conquista. Nada melhor do que isso em um dia de Natal, porque foi essa a maior mensagem que Jesus nos ensinou: amarmos uns aos outros, como ele nos amou.
A Felicidade não Se Compra (It's a Wonderful Life, 1946/ EUA)
Direção: Frank Capra
Roteiro: Frances Goodrich, Albert Hackett
Com: James Stewart, Donna Reed, Lionel Barrymore
Duração: 130 min.
É noite de Natal, e o céu começa a receber diversas orações para uma pessoa em específico. George Bailey, vivido por James Stewart, que encontra-se em um desespero imenso a ponto de pensar no suicídio. Mas, o que faz com que todos rezem por ele, é uma frase que um deles diz a Deus: ele sempre pensou mais nos outros que em si mesmo.
Por isso, o novato Clarence tem a missão de fazê-lo desistir da tentativa de tirar a própria vida, sendo esta uma ótima oportunidade para que ele finalmente ganhe seu par de asas. Porém, antes de seguir com a missão, o anjo precisa conhecer melhor George e, com ele, vamos presenciando os momentos mais importantes de sua vida.
A forma como os roteiristas conduzem a trama é bem feita. Começamos pelo problema, voltamos no tempo, saltando para pontos importantes até finalmente retornarmos ao ponto crucial compreendendo melhor a situação. E o fato de tudo isso estar sendo feito por Clarence, dentro da diegese da trama, torna tudo mais interessante e envolvente. É possível, inclusive dar pausas na trama, para maiores explicações e isso não ficar didático ou tolo.
George Bailey é mesmo o protótipo do bom garoto. Sempre se preocupando com os outros, abrindo mão de seus sonhos para ajudar o próximo. Um ótimo irmão, um filho dedicado, um colega, um amigo, um pai, um marido. O único com coragem para lutar contra o poderoso Henry F. Potter e ajudar a cidade a não cair em suas mãos. Até por isso, dá raiva da mãe de Mary, quando esta acha um absurdo sua filha preferir este homem complexo que o jovem e rico Sam Wainwright, por exemplo.
Uma das cenas mais bonitas é quando Mary e George jantam pela primeira vez na nova casa, ainda em reforma, com goteiras, frango assando na lareira e a música tocando ao fundo. É uma síntese daquele amor simples e verdadeiro que faz tudo valer a pena.
Porque no final das contas, A Felicidade não se Compra fala da pureza da alma não corrompida pelo egoísmo e necessidade de posses. George é um homem que simplesmente vai vivendo. Perdeu muitos sonhos, é verdade. A cena em que rememora os planos que disse ter à Mary, por exemplo, é tocante. Mas, o que Clarence lhe mostra é que há coisas mais importantes que isso. E mesmo um aparente fracassado pode ser o maior dos vitoriosos.
Acho que uma reflexão bem interessante é aquela que o filme nos propõe. Ver como seria o mundo se nós não existíssemos. O que fizemos que mudou a vida das pessoas, por menor que pareça o gesto? Mesmo aquele que se sente o mais insignificante dos seres fez a diferença para alguém em algum momento. É o desencadear das coisas que é o mais importante.
Somos todos importantes para alguém. E o que vale mesmo na vida é vivenciar esses momentos. Amar e buscar a felicidade nos pequenos gestos. Agradecendo por cada conquista. Nada melhor do que isso em um dia de Natal, porque foi essa a maior mensagem que Jesus nos ensinou: amarmos uns aos outros, como ele nos amou.
A Felicidade não Se Compra (It's a Wonderful Life, 1946/ EUA)
Direção: Frank Capra
Roteiro: Frances Goodrich, Albert Hackett
Com: James Stewart, Donna Reed, Lionel Barrymore
Duração: 130 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
A Felicidade Não Se Compra
2013-12-25T09:00:00-03:00
Amanda Aouad
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