
Como estamos nos relacionando hoje com o mundo e as demais pessoas? Esta parece a principal preocupação da nossa geração. Uma geração extremamente tecnológica que perdeu o contato humano direto. A possibilidade de estar junto, a amizade, a troca pessoa de experiências parecem começar a ser substituídas por redes sociais online diversas. Basta observar um pouco as ruas, os bares, os shoppings com todos grudados em suas telas.
Neste ponto o filme de Spike Jonze é o mais óbvio na questão. Uma verdadeira metáfora de nossa sociedade atual, Ela nos mostra que preferimos nos relacionar com máquina a seres humanos. Ainda que do outro lado da tela tenha um deles teclando. Parece que a proteção da barreira cibernética nos ajuda a criar coragem para sermos mais incisivos e até mesmo abrir nossos segredos mais íntimos. Nos sentimos confortáveis diante de uma tela, mas não diante de uma pessoa olhando nos seus olhos.

Dessa maneira, uma obra como 12 Anos de Escravidão, Clube de Compras Dallas ou Philomena que se passam em épocas distintas da nossa história, possuem essa preocupação com as relações humanas. Temos em 12 Anos de Escravidão a relação mais desprezível que nossa história já deu, que é a de senhor e escravo. E é possível observar como o filme de Steve McQueen explora nuanças dessas relações, seja Solomon Northup com os demais escravos como Patsey ou Eliza, seja com seus "senhores", desde o "bonzinho" Benedict Cumberbatch, cruel Michael Fassbender e sua desprezível esposa que nos faz pensar como um ser humano pode ser tão mesquinho.

Gravidade é um exemplo de filme curioso que nos mostra uma protagonista quase sozinha a maior parte da trama, mas fala o tempo todo dessa necessidade de relacionar-se com outros. Não por acaso, o personagem de George Clooney aparece em um momento chave para motivar Sandra Bullock. E não por acaso também muitos apontam a cena do contato com a Terra uma das melhores cenas do filme. A personagem é uma mulher sozinha, sofrida com a morte da filha e estar sozinha no espaço lutando por sua sobrevivência não deixa de ser uma forma de fazê-la perceber que precisa dos outros.

Por fim, temos dois filmes que tratam de golpes, desconfianças e parcerias tortas. Tanto Trapaça quanto O Lobo de Wall Street nos mostra as relações humanas em seu estágio mais problemático. E mesmo neste ponto, é preciso ter com quem contar ou pelo menos tentar. A fidelidade e traição é explorada em ambos, como pontos cruciais para a sobrevivência dos personagens. E nos mostra também como o ser humano é previsível em momentos de dificuldade.

Como foi dito, essa parece ser uma de nossas principais preocupações na atualidade. O fato de viver em sociedade e conviver com pessoas diversas é que nos faz seres humanos. Porém, até que ponto essas relações não nos são nocivas e como conseguimos confiar e contar com o próximo? Nunca foi fácil e sempre buscando compreender e reavaliar nossas relações. Mas, no mundo virtual de hoje, tudo parece ainda mais difícil.