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Taxi Driver
Taxi Driver
"Você está falando comigo?", diz Travis Bickle apontando uma Magnum 44 para o espelho. Esta frase se tornou célebre e pareceu resumir o personagem, que na realidade era um ingênuo atormentado pelas malezas do mundo. E tudo o que ele queria era limpá-lo.
Quinto longa-metragem de ficção da vasta carreira de Martin Scorsese, Taxi Driver é um clássico. Um marco cinematográfico que muitos cinéfilos se revoltam até hoje por ter perdido o Oscar para Rocky, um lutador.
O filme nos mostra a rotina e os pensamentos de Travis, um motorista de táxi, com problemas de insônia e apaixonada pela bela Betsy, que trabalha na campanha política de um senador, candidato à presidência da República. Em paralelo a isso, seu destino acaba se cruzando com a da jovem prostituta Iris, que o irá intrigar, querendo ajudá-la.
Na verdade, Travis é um turbilhão de emoções que se convertem em uma profunda melancolia existencial. Tudo em sua construção nos passa essa melancolia. Está em sua narração em voz over, expressando seus sentimentos. Está na trilha composta por Bernard Herrmann. Está na sua rotina, boa parte passada à noite, pelas ruas da cidade, com muitas luzes, brilho da água e fumaça evaporando do asfalto. Tudo nos faz entrar nesse clima de urgência pela mudança.
Travis é um ingênuo, porque traz um coração puro, que busca um mundo onde não há maldade nas pessoas. A forma como ele leva Betsy para um filme pornô, por exemplo, demonstra a sua falta de noção da realidade. "Muitos casais vêm aqui", ele diz. "Não entendo de cinema, mas esse não é dos piores", completa. É interessante que um homem que vive pelas ruas, sem limites de espaço, andando por bairros de periferia, aceitando homens com prostitutas como clientes, vendo de tudo um pouco, não consiga perceber o que tenha feito.
Mas, sua frustração e decepção com a rejeição de Betsy acaba sendo o propulsor que o leva a encarar a vida de uma maneira mais ativa. É a partir daí que compra as quatro armas, planeja a emboscada ao senador e resolve ajudar Iris a sair daquela vida e voltar para os seus pais.
Há um certo escalar de loucura do personagem, que Robert De Niro constrói muito bem. Inclusive na aparência, forma física e postura corporal. O cabelo é o símbolo maior dessa composição, claro, vide o visual moicano que chega no ponto mais alto da escalada, mas todo o resto também é possível de ser observado, desde figurino à forma de andar e se portar. O sorriso tímido do início também quase se perde nessa parte.
E falando em atuação, não posso deixar de citar o trabalho de Jodie Foster, com apenas 12 anos, que nos dá uma segurança impressionante na pequena prostituta. Ela que vinha de uma já vasta carreira na televisão, mas que aqui demonstrou que não era apenas uma celebridade infantil, mas uma atriz que vinha para ficar.
Por esses e outros motivos, Taxi Driver é considerado uma das obras-primas de Martin Scorsese. Um filme que desvenda uma alma humana em transformação e eterna angústia com o mundo. Nos faz refletir, envolver e também imaginar o que faríamos diante de situações em que a vida colocou Travis. Daqueles clássicos eternos.
Taxi Driver (Taxi Driver, 1976 / EUA)
Direção: Martin Scorsese
Roteiro: Paul Schrader
Com: Robert De Niro, Jodie Foster, Cybill Shepherd, Harvey Keitel
Duração: 113 min.
Quinto longa-metragem de ficção da vasta carreira de Martin Scorsese, Taxi Driver é um clássico. Um marco cinematográfico que muitos cinéfilos se revoltam até hoje por ter perdido o Oscar para Rocky, um lutador.
O filme nos mostra a rotina e os pensamentos de Travis, um motorista de táxi, com problemas de insônia e apaixonada pela bela Betsy, que trabalha na campanha política de um senador, candidato à presidência da República. Em paralelo a isso, seu destino acaba se cruzando com a da jovem prostituta Iris, que o irá intrigar, querendo ajudá-la.
Na verdade, Travis é um turbilhão de emoções que se convertem em uma profunda melancolia existencial. Tudo em sua construção nos passa essa melancolia. Está em sua narração em voz over, expressando seus sentimentos. Está na trilha composta por Bernard Herrmann. Está na sua rotina, boa parte passada à noite, pelas ruas da cidade, com muitas luzes, brilho da água e fumaça evaporando do asfalto. Tudo nos faz entrar nesse clima de urgência pela mudança.
Travis é um ingênuo, porque traz um coração puro, que busca um mundo onde não há maldade nas pessoas. A forma como ele leva Betsy para um filme pornô, por exemplo, demonstra a sua falta de noção da realidade. "Muitos casais vêm aqui", ele diz. "Não entendo de cinema, mas esse não é dos piores", completa. É interessante que um homem que vive pelas ruas, sem limites de espaço, andando por bairros de periferia, aceitando homens com prostitutas como clientes, vendo de tudo um pouco, não consiga perceber o que tenha feito.
Mas, sua frustração e decepção com a rejeição de Betsy acaba sendo o propulsor que o leva a encarar a vida de uma maneira mais ativa. É a partir daí que compra as quatro armas, planeja a emboscada ao senador e resolve ajudar Iris a sair daquela vida e voltar para os seus pais.
Há um certo escalar de loucura do personagem, que Robert De Niro constrói muito bem. Inclusive na aparência, forma física e postura corporal. O cabelo é o símbolo maior dessa composição, claro, vide o visual moicano que chega no ponto mais alto da escalada, mas todo o resto também é possível de ser observado, desde figurino à forma de andar e se portar. O sorriso tímido do início também quase se perde nessa parte.
E falando em atuação, não posso deixar de citar o trabalho de Jodie Foster, com apenas 12 anos, que nos dá uma segurança impressionante na pequena prostituta. Ela que vinha de uma já vasta carreira na televisão, mas que aqui demonstrou que não era apenas uma celebridade infantil, mas uma atriz que vinha para ficar.
Por esses e outros motivos, Taxi Driver é considerado uma das obras-primas de Martin Scorsese. Um filme que desvenda uma alma humana em transformação e eterna angústia com o mundo. Nos faz refletir, envolver e também imaginar o que faríamos diante de situações em que a vida colocou Travis. Daqueles clássicos eternos.
Taxi Driver (Taxi Driver, 1976 / EUA)
Direção: Martin Scorsese
Roteiro: Paul Schrader
Com: Robert De Niro, Jodie Foster, Cybill Shepherd, Harvey Keitel
Duração: 113 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Taxi Driver
2014-04-14T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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