
O filme se passa no ano de 1810, e narra a trama de um comerciante que perde tudo em um naufrágio e se refugia no campo com seus seis filhos, três homens e três mulheres. A caçula da família, Bela, parece ser a mais simples e bem adaptada à vida simples. Tanto que quando vem a noticia de uma possível recuperação de bens, ela só quer uma rosa. E é tentando pegar essa rosa, que seu pai se torna prisioneiro de um estranho castelo. Bela, para não ser culpada pela morte do pai, toma o seu lugar e acaba conhecendo mais sobre o local e seu proprietário, uma assustadora fera.

É um jogo fácil, até mesmo clichê, mas que funciona perfeitamente aqui, principalmente porque a voz de Léa Seydoux vai nos conduzindo com elegância por cima de uma fotografia impressionante. Há cenas belíssimas tanto no castelo, quanto na cidade, ou mesmo no campo. Os efeitos são bem construídos e as cores ressaltadas de uma maneira pouco vista no cinema francês.
Outro elemento que ajuda a tornar a história mais próxima das crianças é uma matilha de beagles, que aparecem nos flashbacks, e estranhas criaturinhas que se escondem pelo castelo no presente. A óbvia explicação da ligação entre os dois é um dos pontos fracos do roteiro. Mas, no geral, há bastante coerência e até algumas surpresas.

Talvez seja uma questão mais cara a humanidade atual que a própria discussão do padrão de beleza. O que é interessante, mas tira um pouco da coerência do amor que surge entre a Fera e Bela. Primeiro, porque ele não chega a ser o gentleman que, apesar da aparência, conquista a mocinha. Segundo, porque a relação construída se torna muito rápida. E o recurso do sonho para justificar essa rapidez acaba não sendo tão convincente. Terceiro porque fica difícil de entender até que ponto a Fera também se apaixonou por Bela e o porquê disso. Era apenas um desespero pela salvação?
De qualquer maneira, A Bela e a Fera demonstra ser um filme interessante. Com boas atuações, um roteiro envolvente, uma fotografia cuidadosa e muitas questões a serem pensadas e discutidas. Uma bela surpresa.
A Bela e a Fera (La belle et la bête, 2014 / França)
Direção: Christophe Gans
Roteiro: Christophe Gans e Sandra Vo-Anh
Com: Vincent Cassel, Léa Seydoux, André Dussollier
Duração: 112 min.