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Boi Neon
Boi Neon
Vencedor do Festival do Rio, Boi Neon tem conquistado plateias por onde passa. No Panorama Coisa de Cinema ele também não passou em branco levando o prêmio de Melhor Filme da Crítica (Abraccine), Prêmio Especial do Júri Oficial, Menção Honrosa do Júri Jovem e o Prêmio Ficunam, garantido sua participação no Festival do México. Ou seja, o filme impressiona.
Impressiona por suas imagens incríveis e a maneira como se aproxima dos bois, dos cavalos e das vaquejadas. Impressiona por seus personagens atípicos, sempre quebrando os mais diversos estereótipos e indo além do comum. E por fim, impressiona pelas boas atuações em especial de Juliano Cazarré que desde A Festa da Menina Morta já demonstrou talento.
Gabriel Mascaro é um diretor que se apresentou ao mundo como documentarista, mas sempre flertou com a ficção. Ventos de Agosto, seu longa-metragem anterior era uma espécie de híbrido que brincava inclusive com a função de documentar, quando o próprio diretor foi para frente da câmera interpretar um pesquisador de vento.
Apesar de ser uma ficção e possuir um ritmo narrativo ainda mais marcado que Ventos de Agosto, Boi Neon também flerta com o documentário, seja no registro das provas das vaquejadas, seja na observação de uma rotina. Não há uma estrutura aristotélica no roteiro, ainda que algumas peripécias aconteçam no caminho.
O boi Neon do título aparece apenas uma vez, mas na verdade, ele está ali para ser uma metáfora de Iremar, personagem de Juliano Cazarré. Um vaqueiro que fica responsável por limpar o rabo dos bois antes deles entrarem na arena, colocando areia para facilitar que o peão pegue e o derrube. Mas, que também é um artista, um estilista talentoso fascinado por roupas e purpurinas que sonha entrar para o Polo de Confecções do Agreste. Mas, que também é um homem simples, sensível e heterossexual.
Enquanto isso, Galega, a única mulher do grupo, junto com sua filha pequena, é quem dirige o caminhão e cuida dele, consertando quando necessário, além de cuidar da caixa de ferramentas. Ela também é heterossexual, mas apesar de grande amiga, não é par romântico de Iremar. Assim como ela, todos os demais integrantes daquele grupo fogem de estereótipos para serem pessoas comuns e especiais ao mesmo tempo. Talvez o vaqueiro Zé seja o único a fugir disso, sendo o alívio cômico da trama.
Mas, o que realmente nos conquista em Boi Neon é perceber essa realidade agreste, simples e verdadeira, de um vasto país que a maioria não conhece, retratada de uma maneira tão autêntica e inusitada. Tanto quanto a apresentação de dança com uma cabeça de cavalo e um corpo de mulher que integra e mistura todos os elementos daquele universo, mais do que o boi fosforescente correndo pela arena à noite.
Filme visto no XI Panorama Internacional Coisa de Cinema.
Boi Neon (2015 / Brasil)
Direção: Gabriel Mascaro
Roteiro: Gabriel Mascaro
Com: Juliano Cazarré, Maeve Jinkings, Josinaldo Alves
Duração: 101 min.
Impressiona por suas imagens incríveis e a maneira como se aproxima dos bois, dos cavalos e das vaquejadas. Impressiona por seus personagens atípicos, sempre quebrando os mais diversos estereótipos e indo além do comum. E por fim, impressiona pelas boas atuações em especial de Juliano Cazarré que desde A Festa da Menina Morta já demonstrou talento.
Gabriel Mascaro é um diretor que se apresentou ao mundo como documentarista, mas sempre flertou com a ficção. Ventos de Agosto, seu longa-metragem anterior era uma espécie de híbrido que brincava inclusive com a função de documentar, quando o próprio diretor foi para frente da câmera interpretar um pesquisador de vento.
Apesar de ser uma ficção e possuir um ritmo narrativo ainda mais marcado que Ventos de Agosto, Boi Neon também flerta com o documentário, seja no registro das provas das vaquejadas, seja na observação de uma rotina. Não há uma estrutura aristotélica no roteiro, ainda que algumas peripécias aconteçam no caminho.
O boi Neon do título aparece apenas uma vez, mas na verdade, ele está ali para ser uma metáfora de Iremar, personagem de Juliano Cazarré. Um vaqueiro que fica responsável por limpar o rabo dos bois antes deles entrarem na arena, colocando areia para facilitar que o peão pegue e o derrube. Mas, que também é um artista, um estilista talentoso fascinado por roupas e purpurinas que sonha entrar para o Polo de Confecções do Agreste. Mas, que também é um homem simples, sensível e heterossexual.
Enquanto isso, Galega, a única mulher do grupo, junto com sua filha pequena, é quem dirige o caminhão e cuida dele, consertando quando necessário, além de cuidar da caixa de ferramentas. Ela também é heterossexual, mas apesar de grande amiga, não é par romântico de Iremar. Assim como ela, todos os demais integrantes daquele grupo fogem de estereótipos para serem pessoas comuns e especiais ao mesmo tempo. Talvez o vaqueiro Zé seja o único a fugir disso, sendo o alívio cômico da trama.
Mas, o que realmente nos conquista em Boi Neon é perceber essa realidade agreste, simples e verdadeira, de um vasto país que a maioria não conhece, retratada de uma maneira tão autêntica e inusitada. Tanto quanto a apresentação de dança com uma cabeça de cavalo e um corpo de mulher que integra e mistura todos os elementos daquele universo, mais do que o boi fosforescente correndo pela arena à noite.
Filme visto no XI Panorama Internacional Coisa de Cinema.
Boi Neon (2015 / Brasil)
Direção: Gabriel Mascaro
Roteiro: Gabriel Mascaro
Com: Juliano Cazarré, Maeve Jinkings, Josinaldo Alves
Duração: 101 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Boi Neon
2015-11-07T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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