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Lenny Abrahamson
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Sean Bridgers
Tom McCamus
William H. Macy
O Quarto de Jack
O Quarto de Jack
Baseado no livro de Emma Donoghue e roteirizado pela própria, O Quarto de Jack é um filme intenso. Traz um tema duro, construído com sensibilidade pelo ponto de vista de uma criança de cinco anos que nos emociona e embala em diversos momentos.
É algo raro atualmente diante do bombardeio de informações ainda mais para um candidato ao Oscar, mas vi o filme sem saber muito dele, nem o trailer assisti e, assim, a experiência acabou sendo ainda mais intensa. Recomendo àqueles que queiram sentir o mesmo em expectativa e surpresa não ler a crítica agora e retornar apenas após assistir ao filme. De qualquer maneira, não há aqui spoilers que já não estejam na divulgação do mesmo.
Jack é um garotinho criativo e até certo ponto, feliz. Vive com sua mãe em seu quarto, que, para ele, é o mundo. Tudo que há além dele são as imagens da televisão e o Velho Nick que vem todo domingo trazer coisas que tira do objeto que para ele é mágico. Mas, quando ele faz cinco anos, não é mais uma “criancinha” segundo suas próprias palavras e sua mãe vai lhe contar a verdade.
O velho Nick é um seqüestrador que os mantém ali em cativeiro e o que passa na televisão é parte do mundo real que existe do outro lado da parede. Como nasceu ali, Jack só conhece aquele quarto como mundo e muito das questões explicadas por sua mãe soam estranhas demais. Só que mesmo confuso, ele ainda terá uma missão, para depois reaprender a viver nesse maravilhoso mundo desconhecido.
A primeira parte do filme é extremamente minimalista. Temos pouco do quarto, apenas partes dele, não nos dando a dimensão exata do local, a própria Joy, mãe do garoto é vista em partes, e Nick demora a aparecer além das sombras. O diretor Lenny Abrahamson nos coloca de fato na posição de Jack e fazemos o esforço de imaginar a mente daquele garoto que nasceu em cativeiro e só tem aquilo como realidade palpável.
Ao mesmo tempo, não podemos desconectar da compreensão de mundo que temos e nos angustia saber daquela situação, do seqüestro, do cativeiro, da forma como Joy serve sexualmente a Nick, do medo que ela sente do homem também querer mexer com o filho, do desespero e da falta de perspectiva diante dos planos possíveis de fuga.
Já na segunda parte, o drama ganha outras dimensões. Primeiro pela óbvia ampliação de mundo de Jack. Tudo é assustadoramente grande para ele. A força do Sol é intensa demais, as paisagens são assustadoras, os prédios imensos, as pessoas vistas com desconfiança. Estamos descobrindo o mundo com seus olhos e tudo ganha mesmo outra dimensão cinematográfica.
As lentes de Lenny Abrahamson nos apresentam esse novo mundo, como se de fato nos fosse novo. Sempre por partes. Há sempre uma sensação de expectativa diante do novo mundo, e uma apreensão que representa não apenas o novo de Jack, como o velho novo de Joy, que pela compreensão que tem, acaba tendo também maior dificuldade de superar o trauma e se readaptar, até mesmo por perceber algumas reações como a do próprio pai.
É tudo construído com muita delicadeza e o que mais impressiona não é nem a atuação de Brie Larson, apesar de ótima, mas do garoto Jacob Tremblay que consegue construir uma maturidade emocional impressionante em cada gesto e olhar. São cenas fortes em que ele se entrega de uma maneira impressionante, nos emocionando tanto em tela quanto em som, quando sua voz over narra sua experiência intensa com a ingenuidade de uma criança.
O Quarto de Jack é daqueles filmes que nos impacta e fica conosco por um bom tempo. Através de um tema já explorado por diversas vezes, mas que ao trazer o viés do olhar infantil se torna ainda mais intenso, doloroso, mas também belo. Porque nos dá um novo ponto de vista, a inocência de não compreender a maldade e apenas se entregar a novos conhecimentos.
O Quarto de Jack (Room, 2016 / EUA)
Direção: Lenny Abrahamson
Roteiro: Emma Donoghue
Com: Brie Larson, Jacob Tremblay, Sean Bridgers, Joan Allen, William H. Macy, Tom McCamus
Duração: 118 min.
É algo raro atualmente diante do bombardeio de informações ainda mais para um candidato ao Oscar, mas vi o filme sem saber muito dele, nem o trailer assisti e, assim, a experiência acabou sendo ainda mais intensa. Recomendo àqueles que queiram sentir o mesmo em expectativa e surpresa não ler a crítica agora e retornar apenas após assistir ao filme. De qualquer maneira, não há aqui spoilers que já não estejam na divulgação do mesmo.
Jack é um garotinho criativo e até certo ponto, feliz. Vive com sua mãe em seu quarto, que, para ele, é o mundo. Tudo que há além dele são as imagens da televisão e o Velho Nick que vem todo domingo trazer coisas que tira do objeto que para ele é mágico. Mas, quando ele faz cinco anos, não é mais uma “criancinha” segundo suas próprias palavras e sua mãe vai lhe contar a verdade.
O velho Nick é um seqüestrador que os mantém ali em cativeiro e o que passa na televisão é parte do mundo real que existe do outro lado da parede. Como nasceu ali, Jack só conhece aquele quarto como mundo e muito das questões explicadas por sua mãe soam estranhas demais. Só que mesmo confuso, ele ainda terá uma missão, para depois reaprender a viver nesse maravilhoso mundo desconhecido.
A primeira parte do filme é extremamente minimalista. Temos pouco do quarto, apenas partes dele, não nos dando a dimensão exata do local, a própria Joy, mãe do garoto é vista em partes, e Nick demora a aparecer além das sombras. O diretor Lenny Abrahamson nos coloca de fato na posição de Jack e fazemos o esforço de imaginar a mente daquele garoto que nasceu em cativeiro e só tem aquilo como realidade palpável.
Ao mesmo tempo, não podemos desconectar da compreensão de mundo que temos e nos angustia saber daquela situação, do seqüestro, do cativeiro, da forma como Joy serve sexualmente a Nick, do medo que ela sente do homem também querer mexer com o filho, do desespero e da falta de perspectiva diante dos planos possíveis de fuga.
Já na segunda parte, o drama ganha outras dimensões. Primeiro pela óbvia ampliação de mundo de Jack. Tudo é assustadoramente grande para ele. A força do Sol é intensa demais, as paisagens são assustadoras, os prédios imensos, as pessoas vistas com desconfiança. Estamos descobrindo o mundo com seus olhos e tudo ganha mesmo outra dimensão cinematográfica.
As lentes de Lenny Abrahamson nos apresentam esse novo mundo, como se de fato nos fosse novo. Sempre por partes. Há sempre uma sensação de expectativa diante do novo mundo, e uma apreensão que representa não apenas o novo de Jack, como o velho novo de Joy, que pela compreensão que tem, acaba tendo também maior dificuldade de superar o trauma e se readaptar, até mesmo por perceber algumas reações como a do próprio pai.
É tudo construído com muita delicadeza e o que mais impressiona não é nem a atuação de Brie Larson, apesar de ótima, mas do garoto Jacob Tremblay que consegue construir uma maturidade emocional impressionante em cada gesto e olhar. São cenas fortes em que ele se entrega de uma maneira impressionante, nos emocionando tanto em tela quanto em som, quando sua voz over narra sua experiência intensa com a ingenuidade de uma criança.
O Quarto de Jack é daqueles filmes que nos impacta e fica conosco por um bom tempo. Através de um tema já explorado por diversas vezes, mas que ao trazer o viés do olhar infantil se torna ainda mais intenso, doloroso, mas também belo. Porque nos dá um novo ponto de vista, a inocência de não compreender a maldade e apenas se entregar a novos conhecimentos.
O Quarto de Jack (Room, 2016 / EUA)
Direção: Lenny Abrahamson
Roteiro: Emma Donoghue
Com: Brie Larson, Jacob Tremblay, Sean Bridgers, Joan Allen, William H. Macy, Tom McCamus
Duração: 118 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
O Quarto de Jack
2016-02-17T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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