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Ben-Hur
Ben-Hur de 1959, dirigido por William Wyler, não é a primeira adaptação para os cinemas do livro de Lew Wallace. Mas, foi a que ficou mais famosa, se tornando um clássico do cinema e levando 11 estatuetas do Oscar, feito só igualado por Titanic e O Retorno do Rei. Fazer um remake de uma obra dessas é algo questionável por si só. E Timur Bekmambetov não conseguiu justificar sua empreitada ao entregar algo muito aquém do esperado.
A história base continua a mesma, Judah Ben-Hur é um judeu de família nobre que tem no romano Messala um irmão. Porém, acaba sendo acusado de traição a Roma, tornando-se escravo. Ele parte para a vingança contra aquele que acredita ter sido o traidor de sua família e, no caminho, acaba conhecendo Jesus de Nazaré que terá uma participação significativa em sua vida.
O roteiro de Keith R. Clarke e John Ridley apesar de uma estrutura linear na maior parte, começa exatamente no ponto inicial da famosa corrida de bigas (na verdade, quadrigas, já que são quatro cavalos). A narração inicial de Morgan Freeman dá um tom estranho ao épico que acaba perdurando por toda a estrutura, muita coisa é narrada e não mostrada, ainda que tenha cenas ilustrativas, arrastando a narrativa e explicando muita coisa que poderia ficar sub-entendida como uma cena na parte final do filme.
Outra coisa estranha é em relação a Jesus Cristo. Nosso Rodrigo Santoro está bem no papel, mas percebe-se a tentativa forçada de construir a relação do personagem na história com falas extraídas da Bíblia de maneira descontextualizada que não existia na outra trama. É difícil inclusive de entender como Jesus estava em Jerusalém na época de algumas cenas, e a maneira como Pilatos se refere a ele em outra. Pilatos, por sinal, é outro personagem mal contextualizado. Forçadamente construído como um vilão implacável ao contrário das ponderações que já lemos nos textos sagrados.
Mas, o que torna Ben-Hur um filme mal executado é mesmo a falta de foco em sua adaptação. Arrasta-se muito em cenas desnecessárias e trabalha-se pouco sua vida como escravo, dando um salto muito rápido até a corrida de quadrigas. Fica quase inverossímil sua trajetória e muita coisa fica simplesmente jogada em tela, sem tempo para ser trabalhada e assimilada melhor pelo público.
Ben-Hur é uma história que tem premissas muito claras: justiça, vingança e perdão. Mas, aqui, elas são trabalhas de maneira pouco harmônica, tornando a resolução mal construída. Não que o desfecho não pudesse ser esse, mas a maneira como é apresentado soa tola aos olhos da plateia. A própria figura de Jesus Cristo, apesar de mais presente, não nos envolve como deveria. É muito mais instigante a escolha de William Wyler em nem mostrar o seu rosto, deixando sua figura mística ainda mais forte em nossa mente.
Ainda assim, o filme de Timur Bekmambetov tem bons momentos como a já citada corrida de quadrigas. Ainda que não tenha a emoção da anterior, consegue trazer a emoção da disputa e nos apresentar efeitos especiais bastante realistas. O excesso de corte de planos, no entanto, nos deixa muitas vezes confusos. Competidores parecem sumir, e não temos a noção exata da tensão de cada volta por não termos referência para o tamanho da pista.
Como foi dito, é complicado refilmar um clássico. E quando essa refilmagem não acrescenta nada ao anterior, nem mesmo se torna mais acessível a novas plateias, fica ainda mais difícil defender sua existência. Uma pena.
Ben-Hur (Ben-Hur, 2016 / EUA)
Direção: Timur Bekmambetov
Roteiro: Keith R. Clarke e John Ridley
Com: Jack Huston, Toby Kebbell, Rodrigo Santoro, Nazanin Boniadi, Morgan Freeman, Pilou Asbæk
Duração: 124 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Ben-Hur
2016-08-18T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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