Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2016
Qual o melhor filme brasileiro de 2015? Sim, não errei a data e esse talvez seja o maior problema do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, acontecer apenas em outubro do ano seguinte, quando já estamos cheios de filmes do ano vigente em mente. Fica complicado o público se interessar, acompanhar, torcer, como acontece com o Oscar Norte-americano, por exemplo. Começa até a ficar confuso na cabeça qual filme é de que ano.
Uma pena, pois o cinema brasileiro tem crescido a olhos visto e o prêmio tinha tudo para ter maior participação popular e expectativa. Para a noite do dia 04 de outubro temos entre os candidatos "Que Horas ela Volta?", "A História da Eternidade", "Sangue Azul", por exemplo, três filmes que gosto bastante. Além de documentários como "Cássia Eller" e "Chico, artista brasileiro". Ou ainda a animação "Até que a Sbórnia nos separe".
Um destaque é a indicação de Eduardo Coutinho na categoria de melhor direção por seu derradeiro filme, "Últimas conversas". Uma homenagem mais do que merecida a nosso maior documentarista, que deixou esse mundo de uma maneira tão brutal. Está longe de ser sua melhor direção, até porque não deu tempo dele fazer o corte final, mas sua alma inquieta está ali.
Entre as atrizes, é quase certo que Regina Casé leve o Grande Otelo, mas não posso deixar de destacar a ótima atuação de Andrea Beltrão por "Chatô". Agora, curioso mesmo é a indicação de Irandhir Santos por Ausência, filme que infelizmente não vi. Mas, a curiosidade é que o ator poderia muito bem ser indicado também por "A História da Eternidade" e "Obra", onde é protagonista com a mesma intensidade de sempre.
Talvez uma das categorias mais difíceis seja direção de fotografia, temos trabalhos muito bons como Mauro Pinheiro Jr. por "Sangue Azul", Lula Carvalho por "A hora e a vez de Augusto Matraga" e José Roberto Eliezer que teve a missão de dar unidade a "Chatô". Mas destaco mesmo é a presença de Bárbara Alvarez por "Que Horas ela volta?" que ainda consegue romper a difícil barreira da predominância masculina na função.
Já em roteiro original, além dos indicados a melhor filme "Que horas ela volta?", "A história da eternidade" e "Casa Grande", chama a atenção o roteiro de Adirley Queiros que ousou criar uma ficção científica com questões políticas da realidade das cidades satélites de Brasília em "Branco sai, Preto fica". Curioso é que o filme é classificado como documentário, mas não está nem na lista de melhor filme nem na de documentário.
Por fim, temos a categoria de filme estrangeiro onde aparecem Birdman, Leviatã, O Sal da Terra, Whiplash e Olmo e a Gaivota. Curioso ver duas co-produções brasileiras nessa categoria. Mas, de fato, tanto o filme de Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado, quanto o de Petra Costa e Lea Glob tem o pé mais lá que cá. Ainda assim, minha preferência fica com Leviatã, seguida de Whiplash, ainda que goste de todos.
O público ainda tem chance de votar no melhor filme, melhor documentário e melhor filme estrangeiro até o dia da premiação. Então, caso se interesse, é só clicar aqui e votar.
Fica aqui apenas novamente a reflexão sobre o quão tardia é essa premiação e no quanto isso prejudica a mesma. De qualquer maneira, vamos acompanhar a premiação, mas sem a mesma empolgação de outras do início do ano.
O Grande Prêmio do Cinema Brasileiro acontece em 04 de outubro de 2016, às 20:45.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2016
2016-10-03T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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