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Cowboys & Aliens
Cowboys & Aliens
A capa da HQ de Scott Mitchell Rosenberg foi o suficiente para convencer Steven Spielberg a produzir Cowboys & Aliens. Nela, um cowboy em seu cavalo foge de uma enorme nave atirando para cima. Spielberg tem razão. É genial pensarmos em uma união tão improvável de dois gêneros clássicos do cinema: faroeste e ficção científica. E mais interessante ainda é perceber que a junção funciona na tela, dosando bem os estilos e cadência da trama.
Estamos em 1875 no deserto do Novo México. Um cowboy agora ferido, sem memória e com um estranho bracelete no pulso esquerdo. Ele acaba indo parar na pequena cidade de Absolution, regida por um coronel de gado. Até aí, um filme clássico de faroeste, com todos os pontos de apresentação, forasteiro que desafia a ordem estabelecida, xerife, procurados da lei, saloon, duelos. Mas, tudo muda quando estranhas naves invadem a cidade, sequestrando alguns de seus habitantes. Os demônios não parecem parar com nada, exceto por raios disparados do tal bracelete do cowboy desmemoriado.
Jon Favreau te instiga desde a apresentação da situação. Toda a sequência em que Jake Lonergan acorda até sua chegada à Absolution é instigante, com um suspense bem construído e um clima inóspito que funciona perfeitamente para a trama. O primeiro ato é um típico faroeste repaginado. Toda a direção de arte, o clima, a organização da cidade nos lembra o clássico gênero. A forma como Jake enfrenta o filho do Coronel Woodrow Dolarhyde, a reação dos habitantes, o índio empregado, o xerife, tudo funciona. A cena no sallon também é muito bem construída, a tensão da prisão, a briga, a distribuição dos personagens em cena. Se não soubessemos que no nome do filme tem Aliens, seria mesmo um filme de cowboy.
É então, que começa a virada na trama. E é interessante também a cadência da apresentação do inimigo. Primeiro nada vemos além de luzes e explosões, já que o personagem que presencia o ataque cai no rio. Depois vem as naves na cidade, em uma das cenas mais bem realizadas da computação gráfica. Vemos uma nova pista do que será o tal ser em uma cena dentro de uma casa da cidade, onde apenas a sombra do Alien aparece. Para por fim, vermos o inimigo inteiro, mas isso só acontece bem a frente da narrativa. Apesar do título do filme denunciar, não deixa de ser uma boa estratégia de suspense e preparação do espectador que fica com medo e inseguro tal qual os personagens que não tem a menor idéia do que seja aquilo que chamam de demônios.
O herói Jake Lonergan, bem construído por Daniel Craig, mesmo sem memória, tem atitude desde o princípio, o que o torna um líder nato. A construção do personagem nos é revelada aos poucos, em flash backs bastante orgânicos. Em nenhum momento, os roteiristas apelam para o didatismo comum nesses casos. As lembranças vão surgindo na tela à medida em que vão aflorando na mente do protagonista de forma natural. E há momentos engraçados e irônicos como quando ele encontra o seu antigo bando e não sabe como reagir. A única possível falha no roteiro é a construção da personagem de Olivia Wilde, a misteriosa Ella que, em muitos momentos, funciona como Deus ex-machina, ou seja, uma carta na manga com a qual Alex Kurtzman e Roberto Orci passam a perna no espectador. Já Harrison Ford, que interpreta o Coronel Woodrow Dolarhyde, consegue imprimir uma boa parceria com Craig, sendo a segunda força humana do filme.
Uma coisa interessante em Cowboys & Aliens, fora o inusitado duelo, é a forma como ele acaba trazendo para o mesmo lado inimigos naturais no velho oeste: índios, cowboys e bandidos, todos em torno de um inimigo maior em comum que pode destruir o planeta. É natural aguardar que eles se unam para lutar contra o ser do espaço. Mas, é natural também que eles sejam inimigos entre si e não queiram estar do mesmo lado. Várias situações vão sendo construídas e dizimando as pretensões lógicas. É louvável que os realizadores não os tenham unido como em um passe de mágica apenas para servir ao seu filme.
Os efeitos especiais e a direção de arte que une dois mundos tão distintos é outro aspecto que chama a atenção no filme. Cowboys & Aliens consegue ser um bom entretenimento, gerando curiosidade e construindo uma trama verossímil. Os cowboys honram sua fama de homens fortes e lutam com dignidade essa improvável guerra.
Cowboys & Aliens (Cowboys and Aliens: 2011 / EUA)
Direção: Jon Favreau
Roteiro: Alex Kurtzman e Roberto Orci, com participação de Damon Lindelof, baseados em adaptação de Mark Fergus e Hawk Ostby
Com: Daniel Craig, Harrison Ford, Olivia Wilde, Sam Rockwell, Paul Dano.
Duração: 118 min.
Estamos em 1875 no deserto do Novo México. Um cowboy agora ferido, sem memória e com um estranho bracelete no pulso esquerdo. Ele acaba indo parar na pequena cidade de Absolution, regida por um coronel de gado. Até aí, um filme clássico de faroeste, com todos os pontos de apresentação, forasteiro que desafia a ordem estabelecida, xerife, procurados da lei, saloon, duelos. Mas, tudo muda quando estranhas naves invadem a cidade, sequestrando alguns de seus habitantes. Os demônios não parecem parar com nada, exceto por raios disparados do tal bracelete do cowboy desmemoriado.
Jon Favreau te instiga desde a apresentação da situação. Toda a sequência em que Jake Lonergan acorda até sua chegada à Absolution é instigante, com um suspense bem construído e um clima inóspito que funciona perfeitamente para a trama. O primeiro ato é um típico faroeste repaginado. Toda a direção de arte, o clima, a organização da cidade nos lembra o clássico gênero. A forma como Jake enfrenta o filho do Coronel Woodrow Dolarhyde, a reação dos habitantes, o índio empregado, o xerife, tudo funciona. A cena no sallon também é muito bem construída, a tensão da prisão, a briga, a distribuição dos personagens em cena. Se não soubessemos que no nome do filme tem Aliens, seria mesmo um filme de cowboy.
É então, que começa a virada na trama. E é interessante também a cadência da apresentação do inimigo. Primeiro nada vemos além de luzes e explosões, já que o personagem que presencia o ataque cai no rio. Depois vem as naves na cidade, em uma das cenas mais bem realizadas da computação gráfica. Vemos uma nova pista do que será o tal ser em uma cena dentro de uma casa da cidade, onde apenas a sombra do Alien aparece. Para por fim, vermos o inimigo inteiro, mas isso só acontece bem a frente da narrativa. Apesar do título do filme denunciar, não deixa de ser uma boa estratégia de suspense e preparação do espectador que fica com medo e inseguro tal qual os personagens que não tem a menor idéia do que seja aquilo que chamam de demônios.
O herói Jake Lonergan, bem construído por Daniel Craig, mesmo sem memória, tem atitude desde o princípio, o que o torna um líder nato. A construção do personagem nos é revelada aos poucos, em flash backs bastante orgânicos. Em nenhum momento, os roteiristas apelam para o didatismo comum nesses casos. As lembranças vão surgindo na tela à medida em que vão aflorando na mente do protagonista de forma natural. E há momentos engraçados e irônicos como quando ele encontra o seu antigo bando e não sabe como reagir. A única possível falha no roteiro é a construção da personagem de Olivia Wilde, a misteriosa Ella que, em muitos momentos, funciona como Deus ex-machina, ou seja, uma carta na manga com a qual Alex Kurtzman e Roberto Orci passam a perna no espectador. Já Harrison Ford, que interpreta o Coronel Woodrow Dolarhyde, consegue imprimir uma boa parceria com Craig, sendo a segunda força humana do filme.
Uma coisa interessante em Cowboys & Aliens, fora o inusitado duelo, é a forma como ele acaba trazendo para o mesmo lado inimigos naturais no velho oeste: índios, cowboys e bandidos, todos em torno de um inimigo maior em comum que pode destruir o planeta. É natural aguardar que eles se unam para lutar contra o ser do espaço. Mas, é natural também que eles sejam inimigos entre si e não queiram estar do mesmo lado. Várias situações vão sendo construídas e dizimando as pretensões lógicas. É louvável que os realizadores não os tenham unido como em um passe de mágica apenas para servir ao seu filme.
Os efeitos especiais e a direção de arte que une dois mundos tão distintos é outro aspecto que chama a atenção no filme. Cowboys & Aliens consegue ser um bom entretenimento, gerando curiosidade e construindo uma trama verossímil. Os cowboys honram sua fama de homens fortes e lutam com dignidade essa improvável guerra.
Cowboys & Aliens (Cowboys and Aliens: 2011 / EUA)
Direção: Jon Favreau
Roteiro: Alex Kurtzman e Roberto Orci, com participação de Damon Lindelof, baseados em adaptação de Mark Fergus e Hawk Ostby
Com: Daniel Craig, Harrison Ford, Olivia Wilde, Sam Rockwell, Paul Dano.
Duração: 118 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Cowboys & Aliens
2011-09-08T08:07:00-03:00
Amanda Aouad
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