
Junho, mês dos Namorados, vou trazer a cada domingo um casal do cinema para relembrar as diversas formas de amar na ficção. Esse primeiro não é exatamente do cinema, claro. Vem do teatro, mas sua história já se tornou um dos argumentos universais, o amor proibido, que vem também de Tristão e Isolda. Diversas são as versões que já chegaram às telas. A mais famosa, talvez, seja a de Zeffirelli de 1968 e a modernosa de Baz Luhrmann, de 1996, com Leonardo DiCaprio no papel título. Ainda esse ano chega também uma nova versão, agora dirigida por Carlo Carlei.

Mas, porque essa triste história nos pega com tanta força e nos faz lembrar dela como exemplo de amor verdadeiro? A psicologia diz que é exatamente porque eles morreram, que sem a convivência do tempo, o amor no auge, fica apenas a sensação da paixão inicial. Será? De fato, fica complicado imaginar Romeu e Julieta envelhecendo juntos. Teriam desgastes na relação? Os Capuletos e os Montéquios iriam fazer as pazes? Como seria a convivência?
Romeu era um jovem impetuoso, dado a rompantes. Ele não pensava muito em seus atos, simplesmente agia. Por isso, vivia de paixões intensas. Ou alguém esqueceu que pouco antes de conhecer Julieta, ele sofria de amor por Rosalina? Não quero com isso diminuir o amor do rapaz pela jovem Capuleto. Não me levem a mal. Mas, é só para fazer uma análise prévia do herói romântico, cheio de hormônios e que gostava de dramatizar o sofrimento.

Eram dois jovens completamente diferentes. Mas, como já dizia Renato Russo "quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração?" A paixão os fulminou e nada mais importava. Em algum momento, a saudade da família poderia bater, alguns outros sonhos poderiam ser frustrados. A vida poderia desgastar a relação. Mas, não se pode dizer que não fosse um amor verdadeiro. Ou mesmo que, apesar de tudo isso, eles superariam os problemas juntos e amadureceriam.

"Ah! por que és tu Romeu? Renega o pai, despoja-te do nome; ou então, se não quiseres, jura ao menos que amor me tens, porque uma Capuleto deixarei de ser logo". Essa primeira frase de Julieta na famosa cena do balcão é um símbolo dessa abdicação da vida em prol do ser amado. Deixa de ser você, mas se não quiser, só confirma que me ama que eu deixo de ser eu. Essa sensação de encurralamento também fascina, não dizem que tudo que é proibido é melhor?

Apesar de tudo isso, o final nos deixa uma sensação de "o amor venceu". Porque de maneira torta, Romeu e Julieta ficaram juntos e conseguiram terminar a briga entre os Montéquios e os Capuletos. Apesar da tragédia, é um final apaziguador. Há uma catarse durante o processo, por isso, saímos em paz. E com a sensação de que queremos um amor daqueles. Isso é o mais interessante nessa história de amor, ódio e sofrimentos. Shakespeare conseguiu dosar todos os elementos para criar uma história inesquecível.
Romeu e Julieta no cinema:
Romeu e Julieta (1936) - George Cukor
Romeu e Julieta (1954) - Renato Castellani
Romeo i Dzhulyetta (1955) - Lev Arnshtam, Leonid Lavrovsky
Romeu e Julieta (1968) - Franco Zeffirelli
Romeu + Julieta (1996) - Baz Luhrmann
Gnomeu e Julieta (2011) - Kelly Asbury
Romeo and Juliet (2013) - Carlo Carlei