Grandes Cenas: Ben-Hur
E já que Rush está fazendo tanto sucesso, vou corrigir uma falta aqui do site e falar da corrida mais emocionante que o cinema já viu. A corrida de bigas do filme Ben-Hur. Apesar de já ter existido uma impressionante versão de 1925, foi o filme de 1959, com Charlton Heston, que entrou para a história. E é ela que iremos analisar.
A versão de 1925 com Ramon Novarro no papel título e Francis X. Bushman como Messala, não deixa de ser impressionante para a época. Porém, ela constrói uma visão mais estática, com menos cortes e poucos planos-detalhes. Tendo ainda o problema de não ter som direto na época. O som dos cascos dos cavalos, dos chicotes e da multidão gritando na versão de 1959, trazem mais emoção e vida à cena.
Para quem não sabe, Judah Ben-Hur era um judeu de família tradicional que se vê em uma enrascada quando tijolos de sua casa caem na cabeça do governador romano local. Na verdade, o golpe que faz de Ben-Hur um escravo romano vai além do lamentável acidente. E envolve seu antigo amigo de infância, Messala, que, ambicioso, vê na condenação de Judah uma maneira de crescer no Império.
A corrida de bigas é o ponto alto do filme, não apenas pela emoção que impõe, como pelas resoluções que surgirão a partir dela e seu resultado. Não por acaso, é uma cena sempre lembrada e já, de certa forma, imitada em filmes como Star Wars - Episódio 1. Ben-Hur até hoje é um dos recordistas de premiações, tendo faturado 11 Oscars, incluindo melhor filme e melhor diretor.
A cena da corrida de bigas já começa focando o protagonista e o antagonista. Interessante observação à encenação, com Messala todo paramentado, com capacete e roupa fina, e um chicote na mão. Enquanto que Ben-Hur está com sua roupa de escravo, sem nenhuma proteção e sem um chicote, seu único recurso para comandar os cavalos é a própria rédea. O que o torna ainda mais bem visto, já que nem sequer maltrata os animais. O gesto de Messala chicoteando o coloca em uma visão ainda mais cruel.
William Wyler utiliza muito bem o espaço cênico, intercalando planos gerais da arena, com planos próximos dos dois personagens e muitos planos-detalhes que dão a verdadeira emoção da corrida. Vemos o detalhe do rosto de um homem que perde o controle e tem sua biga destruída. Ou o detalhe da roda da biga de Messala que possui uma aparelhagem que trapaceia destruindo as rodas dos adversários.
A poeira levantada e as patas dos cavalos dão o ritmo da emoção. Principalmente porque não é utilizada música na cena e sim os sons da cavalgada, os gritos da multidão e o grito de esforço dos próprios competidores.
A cena em que um competidor de verde é derrubado por Messala e, apesar de tentar se desvencilhar, acaba atropelado por uma biga é impressionante. Traz ainda mais emoção à cena, que está recheada de acidentes e reviravoltas. E é interessante ver o cuidado da direção em mostrar, na próxima volta, o corpo sendo retirado de maca da pista. Curioso que logo depois temos a primeira tentativa de Ben-Hur de ultrapassar Messala.
Ficamos tensos com a possibilidade da roda de Messala atingir Ben-Hur ao mesmo tempo em que queremos vê-lo o ultrapassando. William Wyler começa a usar a partir daqui uma câmera quase subjetiva, colocada um pouco atrás da cabeça de Ben-Hur como se nos convidasse a correr junto com o protagonista em busca da vitória. E isso torna tudo mais emocionante, de fato.
Quando faltam poucas voltas, Ben-Hur e Messala estão praticamente emparelhados, mas as rodas não se tocam, criando apenas a expectativa da resolução. E, claro, as dificuldades continuam, como os restos da biga de um dos competidores vítima de Messala que faz Ben-Hur saltar e quase cair da biga.
A disputa continua e a roda de Messala sempre tenta pegar a de Ben-Hur, mas ele vai lutando para se desvencilhar a cada segundo. Irritado por não conseguir derrubar o adversário, Messala começa a chicotear o próprio Ben-Hur. Os dois lutam pelo chicote, enquanto o plano-detalhe vai mostrando a aproximação das rodas, naquilo que é o clímax da cena.
Ben-Hur consegue tomar o chicote e, ao retribuir a tentativa de surra que o ex-amigo estava fazendo, acaba conseguindo derrubar Messala de sua biga. E ele vai sendo arrastado pelos próprios cavalos e pisoteado pelo corredor que vem logo atrás, em outra cena de grande impacto visual. E o detalhe é que, mesmo com o chicote nas mãos, Ben-Hur o joga fora e termina a corrida da mesma forma que começou para delírio da plateia.
Veja cena completa.
A versão de 1925 com Ramon Novarro no papel título e Francis X. Bushman como Messala, não deixa de ser impressionante para a época. Porém, ela constrói uma visão mais estática, com menos cortes e poucos planos-detalhes. Tendo ainda o problema de não ter som direto na época. O som dos cascos dos cavalos, dos chicotes e da multidão gritando na versão de 1959, trazem mais emoção e vida à cena.
Para quem não sabe, Judah Ben-Hur era um judeu de família tradicional que se vê em uma enrascada quando tijolos de sua casa caem na cabeça do governador romano local. Na verdade, o golpe que faz de Ben-Hur um escravo romano vai além do lamentável acidente. E envolve seu antigo amigo de infância, Messala, que, ambicioso, vê na condenação de Judah uma maneira de crescer no Império.
A corrida de bigas é o ponto alto do filme, não apenas pela emoção que impõe, como pelas resoluções que surgirão a partir dela e seu resultado. Não por acaso, é uma cena sempre lembrada e já, de certa forma, imitada em filmes como Star Wars - Episódio 1. Ben-Hur até hoje é um dos recordistas de premiações, tendo faturado 11 Oscars, incluindo melhor filme e melhor diretor.
A cena da corrida de bigas já começa focando o protagonista e o antagonista. Interessante observação à encenação, com Messala todo paramentado, com capacete e roupa fina, e um chicote na mão. Enquanto que Ben-Hur está com sua roupa de escravo, sem nenhuma proteção e sem um chicote, seu único recurso para comandar os cavalos é a própria rédea. O que o torna ainda mais bem visto, já que nem sequer maltrata os animais. O gesto de Messala chicoteando o coloca em uma visão ainda mais cruel.
William Wyler utiliza muito bem o espaço cênico, intercalando planos gerais da arena, com planos próximos dos dois personagens e muitos planos-detalhes que dão a verdadeira emoção da corrida. Vemos o detalhe do rosto de um homem que perde o controle e tem sua biga destruída. Ou o detalhe da roda da biga de Messala que possui uma aparelhagem que trapaceia destruindo as rodas dos adversários.
A poeira levantada e as patas dos cavalos dão o ritmo da emoção. Principalmente porque não é utilizada música na cena e sim os sons da cavalgada, os gritos da multidão e o grito de esforço dos próprios competidores.
A cena em que um competidor de verde é derrubado por Messala e, apesar de tentar se desvencilhar, acaba atropelado por uma biga é impressionante. Traz ainda mais emoção à cena, que está recheada de acidentes e reviravoltas. E é interessante ver o cuidado da direção em mostrar, na próxima volta, o corpo sendo retirado de maca da pista. Curioso que logo depois temos a primeira tentativa de Ben-Hur de ultrapassar Messala.
Ficamos tensos com a possibilidade da roda de Messala atingir Ben-Hur ao mesmo tempo em que queremos vê-lo o ultrapassando. William Wyler começa a usar a partir daqui uma câmera quase subjetiva, colocada um pouco atrás da cabeça de Ben-Hur como se nos convidasse a correr junto com o protagonista em busca da vitória. E isso torna tudo mais emocionante, de fato.
Quando faltam poucas voltas, Ben-Hur e Messala estão praticamente emparelhados, mas as rodas não se tocam, criando apenas a expectativa da resolução. E, claro, as dificuldades continuam, como os restos da biga de um dos competidores vítima de Messala que faz Ben-Hur saltar e quase cair da biga.
A disputa continua e a roda de Messala sempre tenta pegar a de Ben-Hur, mas ele vai lutando para se desvencilhar a cada segundo. Irritado por não conseguir derrubar o adversário, Messala começa a chicotear o próprio Ben-Hur. Os dois lutam pelo chicote, enquanto o plano-detalhe vai mostrando a aproximação das rodas, naquilo que é o clímax da cena.
Ben-Hur consegue tomar o chicote e, ao retribuir a tentativa de surra que o ex-amigo estava fazendo, acaba conseguindo derrubar Messala de sua biga. E ele vai sendo arrastado pelos próprios cavalos e pisoteado pelo corredor que vem logo atrás, em outra cena de grande impacto visual. E o detalhe é que, mesmo com o chicote nas mãos, Ben-Hur o joga fora e termina a corrida da mesma forma que começou para delírio da plateia.
Veja cena completa.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Grandes Cenas: Ben-Hur
2013-09-22T08:00:00-03:00
Amanda Aouad
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