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O Último Cine Drive-In

Filme O Último Cine Drive-InUm filho tentando entrar em um hospital onde sua mãe está internada é barrado pelo segurança. Sozinho, em uma cidade aparentemente desconhecida, ele vai buscar ajuda com a última pessoa que gostaria: seu pai. E no encontro dos dois, temos um filme que mescla drama familiar com uma paixão inesgotável pelo cinema.

O Último Cine Drive-In traduz a nostalgia de tempos que não voltam. De um cinema que aqui está representado no Drive-in, mas que pode ser ampliado para o sentimento dos cinemas de rua em todo o país com a proliferação dos cinemas de shopping. A alma cinéfila de Almeida, o dono do estabelecimento, se contrasta com o entretenimento simples que vemos hoje em dia. O cuidado com a película, com a manutenção do cinema, com a reafirmação de que ali é um cinema, apesar de todo o descaso do atual público. E tudo isso acaba traduzindo a própria vida de Almeida, deixado pela esposa e sem contato com o filho.

Filme O Último Cine Drive-InO ator Marlon Brando é a figura mais homenageada em tela. Na sala de Almeida está um cartaz de Um Bonde Chamado Desejo, no escritório o poster de O Poderoso Chefão. E claro, seu filho, o protagonista da trama, se chama Marlonbrando, ou Brandinho para os íntimos. Mas, o filme está repleto de citações e elementos, inclusive na trilha sonora com acordes que lembram trilhas famosas. Uma verdadeira homenagem ao cinema romântico de uma época que passou.

Marlonbrando, por sua vez, não chega a ser o filho pródigo, só quer passar um tempo, enquanto sua mãe se recupera, mas aos poucos, vai se envolvendo naquela rotina. As próprias lembranças da mãe vão lhe dando a ideia do resgate simbólico. Cinema e família estão o tempo todo sendo testados e comparados em cena. E assim, temos também essa sensação de passagem do tempo. Para o cinema que se transformou e para aquela família que já não é mais uma família tradicional.

Filme O Último Cine Drive-InO contraste do novo e do antigo está nos mínimos detalhes. O amigo de Almeida é dono de uma rede de cinemas de shopping. Está bem de vida, com o carro do ano, enquanto que ele está sempre com problemas financeiros e uma kombi velha que só pega "no tranco". A cena em que Almeida experimenta as diversas tecnologias dos projetores novos, incluindo o 3D retrata bem o seu espírito de manter o antigo. Assim como o esbanjar do amigo que diz que vai criar uma sala com oitenta lugares em sua casa só pra ele ver filmes.

O filme está presente ainda nas diversas inserções em super oito de cenas da família. É interessante como o roteiro vai nos dando informações sobre eles aos poucos, sem ser didático ou forçado. O rancor entre pai e filho, a relação com a mãe, a garota Paula que parecia ser a nova esposa, mas, na verdade, se tornou a nova filha. Em uma cena de jantar, por exemplo, uma tentativa de conversa entre pai e filho nos conta tudo com pouquíssimas palavras.

Filme O Último Cine Drive-InA fotografia também é muito bem construída. Temos uma boa quantidade de enquadramentos que utilizam elementos em cena para nos dar um efeito a mais, como na primeira cena em que Paula vê Marlonbrando enquadrado por galhos de uma árvore. E com a ajuda da luz da tela do drive-in, a cor predominante é o vermelho, mesmo nas cenas noturnas. Seja pela cor que traduz Brasília, cidade onde acontece a trama em sua terra vermelha do Centro Oeste, ou seja pela simbologia do pôr-do-sol que, em sua beleza e melancolia, marca o fim do dia. Afinal, ali está o fim de uma era.

As atuações também são destaques na obra, desde o protagonista Breno Nina, passando por Fernanda Rocha e os veteranos Othon Bastos e Rita Assemany, sempre em um tom de melancolia e sofrimento que não ultrapassa a barreira do exagero, nos dando um melodrama contido que não chega a ser arrebatador como outros no tema, mas consegue cumprir bem o seu papel.



O Último Cine Drive-In (O Último Cine Drive-In, 2015 / Brasil)
Direção: Iberê Carvalho
Roteiro: Iberê Carvalho, Zé Pedro Gollo
Com: Breno Nina, Othon Bastos, Rita Assemany, Fernanda Rocha, André Deca, Rosanna Viegas, Vinícius Ferreira, Chico Sant'Anna
Duração: 100 min.

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