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O Vingador do Futuro

O Vingador do FuturoAo levar O Vingador do Futuro para as telas, Paul Verhoeven deu início a um clássico da ficção científica. O filme estrelado por Arnold Schwarzenegger era instigante por trazer um filme de ação futurista com questionamentos diversos e reviravoltas inteligentes no roteiro que nos faziam pensar. Por mais que acreditássemos naquilo que víamos, a proposta da Rekall e sua viagem com férias de si mesmo era instigante. Havia uma dúvida no ar sobre a realidade ou não daquilo tudo.

O remake de Len Wiseman tira muito dessas qualidades, primeiro a Rekall deixa de ser uma agência de viagens e se torna uma criadora de memórias, depois a dubiedade fica frágil demais para que nos deixe dúvidas, por fim, a ação se torna tão intensa que esquecemos de pensar em todas as implicações possíveis do roteiro. Tudo isso torna um remake de O Vingador do Futuro uma ação quase inexplicável, talvez apenas como mais um indício da crise criativa de Hollywood. Mas, como nem todos viram o filme original, tentemos esquecê-lo para analisar o que vemos em tela.

O Vingador do FuturoA história se passa em um futuro pós-apocalíptico onde os únicos locais habitados da Terra são a Colônia e a Federação Unida da Bretanha, ligadas por um meio de transporte estranho chamado de A Queda. O Governo, que sempre explora a Colônia, luta contra um grupo que se intitula a rebelião e pretende conseguir a liberdade de seu povo. Quase alheio a tudo isso, encontramos Douglas Quaid, um operário padrão, cansado de sua vida miserável que procura um sentido para sua vida. Suas noites são perturbadas por um sonho estranho e sua amorosa esposa Lori tenta ajudá-lo sem sucesso. É quando ele resolve ir à Rekall para sonhar um pouco.

O Vingador do FuturoA ideia da Rekall se torna algo solto, sem um embasamento maior, pois é simplesmente um implante de memória que eles prometem. Como comprar a ideia de ficção ou realidade se acompanhamos o falso processo, vemos o médico pesquisando a mente de Quaid e cancelando a ação? Mais do que isso, como acreditar que tudo é fruto da mente daquele personagem se não estamos todo o tempo com ele. Durante vários momentos no percurso da aventura, ficamos apenas com Lori e seu exército. Tudo aquilo é real, então, todas as tentativas de inserir a dúvida no roteiro se tornam frágeis e frustrantes. Isso sem falar no sonho recorrente de Quaid que é uma lembrança clara de algo que aconteceu e não um sonho premonitório como era no filme original. A dúvida, definitivamente não é implantada.

O Vingador do FuturoSem a dúvida, sem os questionamentos, nos resta a correria. Em um balé bem orquestrado, Colin Farrell, Kate Beckinsale e Jessica Biel enchem a nossa tela com cenas de tirar o fôlego. O ritmo é intenso, os efeitos especiais bem realizados, as explosões e manobras estonteantes. Ainda que Kate Beckinsale pareça em muitos momentos estar na pele da vampira Selene, pela atitude corporal e até poses nas quedas. Mas, isso não chega a ser um problema. A única coisa da direção que é inexplicavelmente irritante são as luzes que quase nos cegam a todo instante. Len Wiseman exagera de uma maneira tal que nos sentimos em um filme fake de J.J Abrams, aqueles que brincam com os excessos de luzes do diretor.

A escolha de tirar Marte e criar um mundo pós-apocalíptico mais "realista" acaba criando alguns estranhamentos. Se não há alienígenas, nem outros mutantes, o que justifica a prostituta de três seios naquela realidade tão crua? Sua participação é completamente deslocada, perdendo qualquer possibilidade de força. Muito mais interessante é a inserção de determinada personagem na chegada da alfândega que cria uma brincadeira interessante para quem viu o original, sem prejudicar a narrativa e lógica verossímil daquele novo universo proposto.

O Vingador do FuturoOutra coisa que possui pouca lógica no roteiro é a questão de A Queda. É exagerado o seu símbolo de dominação. Assim como é ilógico a sua simples destruição se transformar em uma nova chance para a Colônia. Se as pessoas que ali viviam iam trabalhar na Federação, se os subsídios são poucos naquela parte do planeta, como eles pretendem sobreviver? Fica tudo muito frágil, estranho, com pontas soltas, se tornando apenas uma desculpa para a ação. Por mais que tentemos não comparar com o original, é visível a discrepância com o domínio do ar em Marte, por exemplo, como uma solução mais definitiva.

Por tudo isso, O Vingador do Futuro é mais um filme de ação insosso. Com muitas cenas de ação eletrizantes, efeitos especiais impressionantes, um bom ritmo que não lhe deixa ficar cansado, mas que esconde uma estrutura frágil. Com um roteiro pouco desenvolvido, onde as únicas coisas boas vem de seu original, tornando esse apenas mais um genérico descartável.



O Vingador do Futuro (Total Recall, 2012 / EUA)
Direção: Len Wiseman
Roteiro da adaptação: Kurt Wimmer e Mark Bomback
Com: Colin Farrell, Bokeem Woodbine, Bryan Cranston, Bill Nighy, Kate Beckinsale e Jessica Biel.
Duração: 118 min

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