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Qual a identidade do cinema nacional?

Recentemente fiz uma entrevista com o cineasta baiano Edgard Navarro e o ator Bertrand Duarte, para a Revista Tudo Bem. Assim que a Revista estiver nas ruas falarei mais sobre o assunto, colocando o link para a matéria e alguns extras que não entraram por limitação de espaço. Mas, conversar com eles, levantou novamente a questão da situação do cinema nacional, que já foi discutida nos comentários aqui do blog (vide post da Mulher Invisível). Por isso, resolvi expor aqui um texto que fiz para pós graduação, apenas para levantar uma questão: Qual a identidade do cinema nacional?

A violência está presente no cinema brasileiro, desde o início até os dias de hoje. Se podemos dizer que somos feitos de algum tema para definir o cinema nacional, temos que citar: Miséria, violência e problemas sociais. Seja na Seca do Sertão Nordestino ou no sol quente das favelas do Rio de Janeiro. Temos um país imenso, repleto de diversidades culturais, talentos e compreensões, mas é na miséria que reina a nossa vanguarda cinematográfica.

Este tema ganhou força com o movimento Cinema Novo e a estética da Fome. Inspirado na Novelle Vague francesa e no realismo italiano, alguns grandes cineastas encabeçados por Glauber Rocha e Nelson Pereira do Santos criam um movimento de esquerda que busca desmistificar o Brasil, expondo a pobreza da população e a realidade dura do capitalismo que invade e destrói o país. Grandes filmes foram feitos nessa ótica de uma câmera na mão e uma idéia na cabeça, criando obras primas como Deus e o Diabo na Terra do Sol e Vidas Secas.

Anos mais tarde, a chamada retomada do cinema brasileiro trouxe a tona novamente este tema, batizado, no entanto por Ivana Bentes de Cosmética da Fome. Uma crítica maldosa, mas que condiz com a política do momento vivido. O cinema novo foi criado em um mundo cheio de ideologias. Era um tempo ingênuo e ao mesmo tempo cheio de ideais revolucionários. Vivia-se a Guerra Fria e a esquerda acreditava que podia mudar o mundo. O Brasil vivia uma ditadura militar cruel, que instigava todo esse clamor reacionário.

Agora vivemos em um mundo pós moderno, onde o socialismo ruiu e as ideologias estão frágeis diante de um capitalismo cada vez mais exclusivista. E tudo é reflexo de uma mesma construção imperialista americana. Com isso, não digo que não tenhamos ideais, nem que não lutemos por causas justas. Mas, é difícil capturar um cinema intelectual, quando se busca o resultado rápido das bilheterias e com isso, o cinema da Globo Filmes vai ganhando seu espaço em um país dividido entre a televisão e os blockbusters americanos.

Ao se falar em cinema brasileiro gera-se sempre muita polêmica. Alguns são defensores fervorosos, outros saudosistas extremos, mas a verdade é que a maioria da população que assiste a filmes (o que não é grande coisa se contarmos que apenas 8% vai ao cinema) quer entretenimento. E entretenimento segundo a “educação” imperialista que recebemos é filme americano. Não é a toa que em um fim de semana nossas salas são invadidas com 400 cópias de blockbusters como O Exterminador do Futuro, Transformers e Harry Potter enquanto filmes brasileiros como Apenas o Fim estreiam apenas poucas cópias em circuitos alternativos.

A questão que fica é: Como é possível fazer filmes de qualidade para grandes públicos? Não que filmes pipocas não sejam bons, há muitos excelentes, porém, bastou ser um pouco mais "serio" que já é tachado de intelectualóide, não é a toa que o cinema nacional foi invadido pelas comédias despretenciosas, elas, pelo menos, estão dando boas bilheterias. O cineasta Cláudio Assis (Baixo das bestas) afirmou não acreditar em um filme que não faça pensar. Acredito que podemos chegar a um meio termo, afinal tem espaço e momento para tudo. É um trabalho de formação de platéia, demanda tempo. Mas, acredito que é possível mudar a mentalidade do povo brasileiro.

Não acham?

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