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XVI Panorama Internacional Coisa de Cinema

Panorama Internacional Coisa de Cinema

Não teve festa no Espaço Glauber Rocha. Não teve pôr do sol no terraço, salas lotadas, bate-papos entre amigos na porta do cinema, nem atração musical para finalizar a noite. Mas, sim, ontem foi a abertura do XVI Panorama Internacional Coisa de Cinema. Como bem definiu a cineasta Ceci Alves, "o carnaval do cinéfilo baiano". São tempos estranhos e difíceis, estamos cansados de ouvir. Mas, estamos buscando continuar da melhor forma possível. 


O Panorama, como a maioria dos festivais do país e do mundo desde março do ano passado, está sendo totalmente online. Os filmes vão sendo liberados diariamente de maneira gratuita no site oficial, ficando por 24 horas a disposição do público que só precisa se cadastrar. As mostras continuam as mesmas. Competitiva Nacional, Competitiva Baiana, Competitiva Internacional, Mostra especial que esse ano traz os filmes de Fernando Coni Campos e uma homenagem a Conceição Senna, cineasta baiana falecida em 2020. 


O filme de abertura escolhido foi Antena da Raça de Paloma Rocha e Luís Abramo e não podia ser mais oportuno. O documentário que mescla imagens do programa apresentado por Glauber Rocha com seus filmes e imagens recentes do país traz bem esse sentimento que estamos passando. Uma mistura de dor, angústia, revolta, mas também de uma busca por soluções, por caminhos possíveis. Essa pandemia demonstrou que a arte salva. Nunca se consumiu tanto filmes, séries, músicas, poesias. Tudo online, mas tudo sendo difundido de alguma maneira para todos e todas. 


Claro que sentimos falta da sala de cinema, dá troca pessoal. Mas são tempos de exceções e temos que nos recolher e avaliar, inclusive atitudes. Uma coisa positiva desse movimento online tem sido a difusão de filmes que normalmente chegariam a apena um público restrito. Isso dá um certo alento. A distribuição no país sempre foi um gargalo complexo. Temos que aproveitar essas oportunidades para formações de plateias e divulgação de vozes que antes eram silenciadas. O Panorama sempre refletiu uma diversidade em sua curadoria, isso não é diferente esse ano. 


Entre os filmes selecionados tanto na baiana quanto na nacional ou internacional, tem obras inéditas, mas também outras já vistas em outros festivais. O bom é que quem não teve a oportunidade de ver, pode conferir agora, ou rever, filmes como Voltei!A Metamorfose dos Pássaros, Eu, Empresa, Filho de Boi, Dorivando Saravá, o preto que virou mar. Isso só pra citar alguns dos destaques. 


Além dos filmes, o Panorama também manteve online suas ações formativas e trouxe um formato novo de debate para o festival, já que eles sempre ocorriam após a sessão com o público dentro da sala de cinema. Os debates estão todos disponíveis no canal do Youtube do evento. Tive o prazer de mediar a conversa de uma das sessões da competitiva baiana e convido todes para conferir, não apenas esse, mas também os demais vídeos, de preferência após ver a sessão que assim para ampliar a percepção das obras. 


No mais, é o que falei no final do debate. Prestigiem o Panorama Coisa de Cinema, prestigiem o cinema nacional. Prestigiem essas diversas vozes que nos trazem entretenimento, reflexão e emoções diversas. 

 

De: 24 de fevereiro de 03 de março de 2021 
Site: https://xvi-panorama.coisadecinema.com.br/

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